Preacher chega com a árdua missão de dá vida a uma obra grandiosa e cultuada que são as histórias em quadrinhos escritas pela mente insana do Garth Ennis.
Como fã da obra original gostei do que eu vi mesmo com as mudanças, pois é extremamente complicado para que um produto seja colocado em uma mídia diferente onde a maioria daquilo que está nos quadrinhos poderia não funcionar na TV. A essência está presente, o humor negro, a violência, só falta mesmo os palavrões porque a emissora não permite em abundância. A série de fato funciona muito melhor com quem já conhece os personagens no qual a série foi baseada (exceto se você for um fã chato para caralh* e quer tudo exatamente igual, quadro a quadro), para quem não conhece, parece que muita coisa ali está solta, jogada sem uma explicação prévia, pois é, nas HQs é meio que isso também, por isso que funciona bem para quem já tem conhecimento prévio daquilo e de certa forma funciona para quem não tem também, basta ver a perspectiva a partir daquilo que foi assistido e imaginar situações e/ou tentar adivinhar os acontecimentos futuros. Talvez algumas pessoas que gostam de tudo "mastigado" não irão gostar e também pode ser que não funcione para público que é voltado para as séries teen e é claro, fanáticos religiosos por causa da blasfêmia - mas fanático mesmo, religiosos de mente aberta não. Nas HQs nós já temos de cara os personagens como temos aqui na série, porém só iremos de fato conhecê-los melhor através de flashbacks futuramente. O Jesse e sua relação com a Tulipa, as cicatrizes nas costas do Jesse, Tulipa criminosa, Cassidy sendo Cassidy (melhor caracterização apesar de que aqui ele mostra os olhos) e outras coisas nós só saberemos mais para a frente. Até o Eugene, famigerado Cara de Cu, um misto de pessoa extrovertida e dramática, apesar de não ser um personagem importante para a história central das HQs, é um dos nomes que mais identificam Preacher. Seu pai por sua vez, aqui está menos desprezível.
A série tem várias coisas diferentes das HQs, já começando pela linha temporal, aqui nós vamos ficar um pouco em Annville para conhecer os personagens, o diferencial é que nas HQs é uma história numa road trip, provavelmente no fim dessa temporada ou no início de uma provável segunda temporada veremos o começo deles viajando pelos EUA.
O episódio Piloto é interessante e se sustenta além de nos apresentar os protagonistas, numa história com personagens que não existem nas HQs, que é o Donnie e sua mulher masoquista - uma trama simples, mas ao mesmo tempo bem construída que nos leva ao Jesse mostrando parte do seu "verdadeiro eu".
A direção de arte está bonita, as cores em tons pastéis é a ambientação perfeita representando o Texas com aquele clima árido, seco, e além disso, traz um clima meio western, nada mais justo pois, algumas das grandes inspirações do Seth Rogen é os filmes de Sergio Leone e Tarantino. A trilha sonora é ótima, dando destaque para os grandes ícones do country, Willie Nelson e Johnny Cash.