Uma confissão: não sou tão fã assim deste herói e tampouco leio suas aventuras nas histórias em quadrinhos, apenas quando o Amigão da Vizinhança está presente.....(.....quantas Ave Marias e Pai Nosso tenho que rezar?.....). Porém, conheço sua essência e já assisti ao trabalho feito para os cinemas em 2003 (estrelando o galã Ben Affleck na pele do "demônio" da Cozinha do Inferno, bairro de Nova Iorque) e este não foi um sucesso de críticas, apesar de eu não o achar tããããão ruim assim. O Demolidor não é um herói convencional, daqueles que gostam de bater apenas quando necessário. Ele usa a dor a seu favor. Ele faz justiça com as mãos. Um personagem interessante, com dons mais interessantes ainda. Um salvador mais próximo do povo e da realidade (se posso me expressar assim) do que o Capitão América, por exemplo. E o melhor? Ele é cego (assim "como" a Justiça) e advogado..... Eis a parceria entre Netflix e Marvel. O resultado simplesmente é FUNKFENOMENAL DE FODÁSTICO! Já em seu primeiro episódio acerta em não focar na origem dos "poderes" e sim apenas mostrando rapidamente o como os ganhou. O foco está na corrupção de uma cidade e naquele disposto a se sacrificar para salvá-la. Um enredo policial e dos bons, com direito a suspense, drama, humor, violência (muuuuuita violência), "action" e referências ao mundo cinematográfico da Marvel. A trama é viciante, daquelas que é capaz de, se você começa às seis da manhã, só vai terminar de assistir às dezenove horas da noite (com algum intervalo para um rango rapidex). Investigação, assassinatos, lutas (muito bem feitas e coreografadas sendo um dos pontos fortes da ação), subornos, traições, reviravoltas, tudo presente para quem gosta do gênero. Amantes de HQs ou NÃO devem apreciar (e muito!!!!!) tal seriado, pois em minha opinião, toda a fantasia de se ter um super-herói é narrada como uma coisa secundária, deixando o conto policial mais em evidência. Lógico, temos um ser com super dons, mas que é encaixado perfeitamente, sem tirar tanto o realismo. A entrada da série é muito boa, assim como a Fotografia, lembrando alguns momentos, um "quadrinho" de gibi. Todo o elenco é destaque! Sem mais, sem menos. Temos alguns conhecidos, mas a grande maioria está "fazendo" carreira neste sucesso. Vou expressar minha admiração pelo trabalho e pela beleza da atriz Deborah Ann Woll (que já mordeu alguns pescoços na série TRUE BLOOD de 2008 - 2014), que a cada episódio, melhora mais e mais (nos dois requisitos). Ela e os atores Charlie Cox (trabalhou no bom A TEORIA DE TUDO de 2014) e Elden Henson (atuou no ótimo EFEITO BORBOLETA de 2004) formam um triângulo de amizade (quase amoroso) bem construído. Ela que interpreta Karen Page (uma moça que foi ajudada pelos dois outros e resolve trabalhar com eles), Cox sendo Matt Murdock (nosso mocinho e principal protagonista) e Henson no papel de Foggy Nelson (melhor amigo e sócio de Matt). Este último é o escape do tom sério, sombrio e violento dos capítulos, sendo o humor na dose certa. Outra coisa bem sólida e bem narrada também é a amizade entre Matt e Foggy (dugarai o episódio em que tal relacionamento é colocado em xeque). Outro que manda bem é o ator Vincent D'Onofrio (fez o papel do interesseiro caçador em JURASSIC WORLD: O MUNDO DOS DINOSSAUROS de 2015), que nos traz um Rei do Crime perturbado (achei que fugiu um pouco de sua origem, mas está muito bem adaptado), violento (eu que não ia querer entrar em uma briga com este gajo) e.....romântico (olhaaaaa, temos um toque de "love is in the air"). É, a cor vermelha tão presente, não é apenas a raiva e sim também a paixão, como disse a Vanessa (interpretada por Ayelet Zurer e com o corpo em forma. Esta atriz fez a mãe do Superman em O HOMEM DE AÇO de 2013, realmente uma "super mams")., ela que é a paixão de Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio), o Rei do Crime! Aliás, tal título do vilão não é citado, seria problemas com direitos autorais?..... Outros que merecem ser mencionados são Scott Glenn (perfeito no papel de Stick, "mestre" de Matt e que fez algo parecido, mas em uma versão beeeeem mais leve, em SUCKER PUNCH - MUNDO SURREAL de 2011), Bob Gunton (este faz o contador de Fisk e também temos muitos comentários sarcásticos e engraçados com ele), Toby Leonard Moore (o fiel escudeiro de Fisk, James Wesley) e Vondie Curtis-Hall (fazendo o determinado repórter Ben Urich, personagem que teve sua etnia alterada mas não sua personalidade, bom trabalho!). Temos a competente e bela atriz Rosario Dawson (aiaiuiui), mas aqui ela não nos dá uma atuação privilegiada, mesmo que sua personagem seja deveras importante. E as referências? Piscou, perdeu..... Sejam nas tiras de jornais na parede da sala de Ben Urich (reportagens sobre o ataque alienígena em OS VINGADORES de 2012 e da destruição do Hulk no bairro do Harlem em O INCRÍVEL HULK de 2008), nos diálogos (menções feitas ao Batman, ao modo de que o Rei do Crime se veste nos quadrinhos, empresas ROXXON e esta só quem lê sabe o que é) ou nos cenários (HOMEM-ARANHA de 2002, quando o aracnídeo resgata Mary Jane, balança algumas quadras com ela com a teia e a deixa em um "terraço" de algum prédio). Críticas às seguradoras, política e jornalismo também estão presentes. A trilha Sonora está ok, sendo impecável quando tocada juntamente com o cotidiano de Fisk, ao acordar e se arrumar, "froid" de bom! O roteiro, por mais que vá muito bem na criação, no desenvolver, nos relacionamentos, nos dramas e nas ambições de seus personagem, assim como acerta na maioria dos eventos (como a utilização do ramo de construção civil para o crime, treinamentos, o passado dos protagonistas, origens de uniformes, preferências e gostos dos personagens), não é perfeito (mas quase). O script tem erros de cena (exemplos seriam na parte que uma criança está no covil e Matt tenta salvá-la, um capanga atira para cima.....por quê? Outro é quando os russos vão ao hospital em busca de resposta e retiram todos os aparelhos, não deveria fazer barulho para alertar a enfermaria? UM que eu não poderia deixar de reparar é quando Matt toma uma cerveja, está claro que é água que tem na garrafa Long Neck.....logo para cima de muá?) e erros no texto (certos interesses apresentados tanto pelo nosso mocinho quanto pelo vilão são ignorados; algumas "escapadas" de Matt de situações "perigosas" não são explicadas; é subentendido o que acontece com a mulher de Urich; teria Matt um estoque de bengalas em sua casa?; uma hora os sumiços de Matt são preocupantes à Foggy e Karen e outras não, sendo o "perigo" o mesmo; e por fim, achei que erraram em matar certo personagem, por mais que deu um "tchan" de GAME OF THRONES). Outro defeito foi não explorarem tanto a profissão de advogados atuando em julgamentos. E o desfecho
é praticamente uma "liderança do juiz federal brasileiro Sérgio Moro" (só faltou o policial japonês)
, por assim dizer. Se é em sua grande parte fiel aos quadrinhos não saberei dizer, mas arrisco em dizer que é uma ótima adaptação, tanto para fãs quanto para os demais, sendo um entretenimento de qualidade e espero que as temporadas seguintes mantenha isso. E meu caro espectador, aqui vi a melhor definição para o Diabo (ééééé, temos o tema religião), nada mais do que propaganda (quer saber o porquê? Assista.....)...