O roteiro desta série até o momento é medíocre tanto em histórias previsíveis como em diálogos irreais e redundantes. Isto e uma edição horrível resultam em episódios rápidos e sem pausas, o que pode até parecer benéfico, mas neste caso apenas interpreto como uma tentativa evidente de tentar prender o telespectador sem paciência. O que é uma pena já que um melhor roteiro, com diálogos um pouco mais interessantes e que fluíssem com algumas pausas para absorvermos detalhes poderia resultar talvez em melhores interpretações.
Estas interpretações que também estão deixando à desejar com um subaproveitado Matt Ryan que traz um Constantine similar ao inicialmente criado, porém muito menos blasé e mais palhaço de rodeio - com tiradas forçadas o tempo todo, ou exprimindo reações de sensibilidade com motivações realmente decepcionantes, apenas para ter simpatia do novo espectador - e naqueles closes horríveis da Angelica Celaya (Zed) que apenas observa vazia (cara sem emoção) muitas das ações de Constantine. Ou então, pior ainda, naquele olhar de adoração canina dela quanto ao protagonista que faz meu estômago doer.
Ainda sobre estes dois personagens, a tensão sexual desde o primeiro encontro no Segundo Episódio foi tão mal trabalhada em sua evidência que realmente eu cheguei a rir das esnobadas do Constantine. A desconfiança demarcada do protagonista quanto a ela realmente resultaria neste relacionamento pré-adolescente? Se era para gerar comicidade, sucesso!
Quanto às comparações com Supernatural: Obviamente Hellblazer veio antes e vários detalhes do seriado contendo os Caçadores Winchester foram absorvidos da HQ - o figurino do anjo Castiel era idêntico, até que nesta temporada este perdeu a gravata solta característica de John (apenas espero que o uso das personagens femininas não seja similar em ambos);
Fora isto, claro, o formato de ambos ser procedural - com um caso por episódio e sobre isto tenho que dizer: Acho um erro tremendo Constantine ter este formato, ou que dentro deste formato não haja ligações mais contundentes entre os episódios, algo como Hannibal fez.
Ainda que Constantine tenha dado sinais de que irá haver uma linha corrente na temporada, ou até na totalidade da série quanto a luta pela alma do protagonista, esta "liga" ainda está bem dispersa e provavelmente apenas mais à frente poderemos realmente senti-la.
Encontro por erro já que concordar ou não pela visão "suave" desta história não é mais o ponto, já foi feito e não há o peso dos quadrinhos seja pela adaptação estar na TV aberta dos Estados Unidos, seja pelo canal que está produzindo a mesma, seja pelo horário em que é passado. Foi feito.
No entanto este não é o problema, e sim o fato de que não foi só suavizada a história e sim, aparentemente foi feito para um público burro, ou que os responsáveis encontram como burro - visto no episódio piloto ”If you're not confused, you're not paying attention" - o problema é que não estou confusa, nunca tive oportunidade. Eles explicam demais as coisas, diversas vezes, de forma óbvia e em alguns momentos desnecessária. Ex: A carta de baralho ser encantada no terceiro episódio, não só tiveram que mostrar, mas John explicou em um diálogo imbecil como funcionava. Sério que apenas a cena em que a carta é usada não dava pra entender??? Ex2: A explicação final que John dá antes de convocar o espectro mineiro/marido vingativo no segundo episódio. Realmente explicar algo tão óbvio naquela situação é plausível e necessário.
Então não se trata de apenas uma introdução, mas algo um pouco desesperado, meio pedinte em sua mastigação exacerbada que não usou até o momento a potencialidade da obra original. Estou sendo dura? Sim, com certeza. Por que vejo como poderia ter sido melhor - estou citando aqui.
Outra coisa é o moralismo barato (em Hellblazer!!!!) para causar choque/emoção que me incomoda como o inferno. Se eu ver outra garotinha indefesa sendo utilizada por demônios desisto de vez desta série. Além das justificativas exigidas quanto a potenciais vilões
- que sempre são mulheres no final das contas - Como a mulher que matou o marido no segundo episódio, ou a mulher que não só vendeu a alma para curar o marido de câncer, mas ainda levou um disco infectado pelo demônio (e que ela testemunhou ter matado alguém) pra dentro da própria casa, onde a filha vive. Por falar em burrice...
Então não se trata de comparar com Supernatural (que, honestamente tem mais chão andado e cagou e acertou de modos incríveis durante estes anos), mas com Scooby-Doo já que passou da adaptação para virar papinha de criança e isto, esta falta de melhor desenvolvimento, foi algo optado deliberadamente, por que acharam que era um formato melhor para vender a série. Isto pode até ser verdade, esta coisa de ação e futilidade fácil de digerir, mas não denota qualidade o que me decepciona.
E antes que venham me falar que trata-se de algo voltado a adolescentes ou pra quem não conhece o personagem: Moffat pra vocês, apenas isto.
PS - Não há comparação entre os quadrinhos, esta série e o filme. Aquele filme não é com o Constantine de verdade e sim se passa em universo paralelo com um estadunidense malucão que já teve um sonho futurista na Matrix e outro que era o John de Hellblazer.