Phil Coulson foi o que uniu o universo Marvel nos cinemas. Lá em 2008, ainda no primeiro Homem de Ferro, ele foi o responsável por ligar as peças, por trazer a S.H.I.E.L.D. e os Vingadores unidos.
Até que tudo acabou. A S.H.I.E.L.D. foi desmembrada, os Vingadores separaram-se e quem melhor para recomeçar tudo se não ele: Phil Coulson.
O último episódio de Agents of S.H.I.E.L.D. explorou basicamente essa premissa. Estava nas falas de Fury, estava nas ações de Coulson, no carisma do personagem que aprendemos a amar e nos relacionar, a sua misteriosa cura, tudo tornava “Son of Coul” a ligação entre tudo.
Felizmente, isso não impediu a série de explorar novos caminhos e personagens. A equipe formada por Skye, Fitz, Simmons, May, Ward e Trip teve seu desenvolvimento. Boa parte da temporada foi dedicada a formar os laços que tornaram os últimos episódios tão bons. A traição de Ward, a relação entre Fitz e Simmons, tudo ficou melhor com esse desenvolvimento. O último episódio, inclusive, trouxe a dupla Fitz-Simmons para um patamar ainda mais elevado, novamente com boas atuações e momentos de entrega, além de um dos melhores diálogos da série e da Marvel nas telas. Os únicos pontos negativos entre os personagens se encontram em Trip, que entrou apenas no final da temporada e que, provavelmente, terá um desenvolvimento maior no futuro, e Skye.
A personagem não apresentou nada diferente para nós. Ela foi dada como central para a série e para a trama, mistérios foram criados a sua volta, até que ela fosse sufocada por tramas sem desenvolvimento, gerando apenas perguntas. Não houve um apego maior, como os outros personagens tiveram (até a calada May se apresentou mais relacionável e profunda). E o pior é que, nesse episódio final, nós só tivemos mais questões. Nenhuma resposta ou teoria, apenas questões. E isso levando em conta que a personagem não teve muito tempo de tela. Uma trama que promete se arrastar por um bom tempo, sendo novamente central à trama da segunda temporada.
Quando a série começou, não se sabia o que esperar e nem a própria série parecia saber o que oferecer. O universo Marvel é gigantesco e qual a melhor maneira de explorá-lo, como ligar a telona e a telinha?
Essa questão fundamental começou mal explorada, mas no andamento da temporada tivemos um acerto de rumos, culminando em uma trama envolvida fortemente com o universo cinematográfico, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento da S.H.I.E.L.D., culminando nos acontecimentos de Capitão América 2: O Soldado Invernal e toda a conspiração da Hydra. O vilão da temporada, contudo, não teve um desenvolvimento apropriado. Motivações supérfluas deram as caras, substituindo a possibilidade de um vilão muito mais inteligente e concentrado num plano maior. A tentativa de inserir essa característica em Garrett justamente no episódio final da temporada foi risível, tornando-o um lunático. O que valeu de tudo isso foi a atuação de Bill Paxton, caricato em ótimos momentos. O único ponto relativamente positivo disso foi a transformação que isso fez em Coulson, usada como um dos ganchos para a próxima temporada. Para se ter uma ideia, Ward se tornou mais relevante para o espectador do que o vilão. A traição do agente nos fez pensar porque ele estava fazendo tudo aquilo e nós realmente passamos a não gostar do personagem, conforme suas más decisões iam se acumulando. E é um personagem que deve aparecer durante a segunda temporada, afinal, ele parece ter adquirido conhecimentos interessantes sobre Skye.
Outro problema claro da série foi a falta de ritmo e foco. Episódios cheios de acontecimentos se alternavam entre episódios feitos apenas para preencher espaço com tramas vazias e casos de um episódio. Esse espaço poderia ser muito melhor aproveitado respondendo algumas das muitas questões que a série levantou ao longo de seus 22 episódios. Somente após a metade da temporada foi que tivemos um equilíbrio entre ação, comédia e drama, alinhado com o desenvolvimento feito para os personagens.
Não há como prever o que a nova temporada nos trará. O episódio final nos entregou que Coulson está na liderança da S.H.I.E.L.D. agora. A equipe está em uma nova base, com um novo Kroenig, num momento de mindblow do episódio e parece que ficará lá até se acertar.
Novas tramas não faltam. Ainda não fazemos muita ideia do que houve com Coulson, nós não fazemos ideia do que a Skye realmente é (e a cena final do episódio só aumenta o mistério), o Gravitonium continua nas mãos de Quinn e Fitz não se recuperou do que houve com ele e Simmons (aliás, um dos melhores momentos do episódio). Não duvido de que tenhamos mais de Maria Hill, até porque agora Cobie Smulders está livre (com o fim de How I Met Your Mother), e, por que não, Nick Fury, outro personagem que rendeu alguns bons momentos no episódio. O grande vilão da próxima temporada provavelmente surgirá entre Flowers, que surge ao que parece ser o pai de Skye, e Quinn, com o já mencionado gravitonium.
Enfim, Agents of S.H.I.E.L.D. teve seus ótimos momentos, mas também teve pontos negativos. O episódio final trouxe soluções ótimas para algumas questões, além de inúmeros ganchos para tramas futuras. Resta saber como tudo seguirá na nova temporada, onde eles podem explorar mais o universo Marvel, outros vilões, personagens conhecidos dos quadrinhos e a ligação da série com a telona. A vantagem que a nova temporada já apresenta é que ela não precisará nos ligar aos personagens, já que a primeira fez isso muito bem, e só precisa seguir o ritmo dos episódios finais da primeira temporada.
Tudo é um ciclo. Começou com Coulson, acabou com Coulson. Uma evolução de uma simples ligação entre filmes para um Vingador, para um diretor da S.H.I.E.L.D.. E tudo isso porque alguns fãs não gostaram de ver o agente morto ;)