De Volta aos Mares.
Após os eventos de apresentação da primeira temporada, incluindo aí o desenvolvimento dos personagens principais e do desejado Urca de Lima, Black Sails retorna para uma história mais inteligente e provida de conteúdo político, o que representa um avanço importante nesta série do canal Starz.
O Capitão James Flint (Toby Stephens) retorna como protagonista nesta segunda temporada, porém, tendo sua situação ainda mais comprometida por conta de elementos do passado que vieram a tona para a tripulação, isso faz com que ele atue como um colaborador para sua equipe, já que o comando acaba passando para seu antigo contador, o inescrupuloso Dufresne (Roland Reed). Embora situado nos eventos que culminaram no término da primeira temporada, Black Sails dá uma passo adiante em sua história, deixando o ainda famigerado Urca de Lima como segundo plano, já que surge um outro elemento para o reconhecimento de Nassau como um importante pólo econômico: Abigail Ashe (Meganne Young).
Tanto Eleanor (Hannah New) quanto Flint percebem que Abigail pode ser um trunfo para Nassau, pois o pai da garota, um influente político inglês, serviria de sustentação para que tanto a ilha paradisíaca em que se passa a história quanto os piratas sejam absolvidos dos crimes passados, dando a eles uma chance econômica impensável. Mas nem tudo flui como esperado, já que a pirataria jamais tendeu a ser aceita como algo a ser deixado para traz...
Embora o foco político mais acentuado nesta temporada, os roteiristas foram brilhantes ao buscarem desenvolver alguns personagens vitais à narrativa, principalmente John Silver (Luke Arnold) que passa a ser peça ainda mais importante para Flint, já que dispõe de lábia e uma capacidade de convencimento como poucos. Charles Vane (Zach McGowan) também ganha maior relevância, pois volta liderando um grupo de piratas capaz de tudo para alcançar seus objetivos, independente das consequências. Max (Jessica Parker Kennedy) também sofre um revés, pois mostra-se uma habilidosa e astuta estrategista em seu meio, criando oportunidades financeiras onde os olhos de outros não passaram, ainda que isso também gere inimizades, afinal de contas a série é sobre piratas e a filosofia deles.
Apesar de grandes e relevantes pontuações sobre os personagens de destaque, quem impera narrativamente aqui é James Flint. Há uma enorme preocupação em mostrar o passado do Capitão Flint, desde sua consagração como importante membro do serviço militar inglês até ele se tornar pirata, isso é mesclado de forma genial na trama, pois o uso de flashbacks, mesmo que não muito constantes, surgem providos da necessidade de ilustrar determinados ocorridos, o que pontua cada situação de forma não menos que brilhante. Até mesmo mesmo a existência de Nassau e sua prosperidade são tratados com a devida relevância pelo roteiro, sempre fomentados pela pirataria que ainda terá muito a oferecer.
Além do meticuloso cuidado com o excelente roteiro, os produtores também são habilidosos quanto aos detalhes técnicos. Figurino, maquiagem, locações, embarcações e tudo que complementa o universo de Black Sails ganha ainda mais atenção. A segunda temporada mostra mais embarcações impressionantes em grandes sequências de ação em alto mar, sempre preocupados em exibir planos aéreos que realcem os belíssimos barcos no mar aberto, mesmo que eles sejam parcialmente ou totalmente destruídos em prol do entretenimento. A cena final, em que Flint e Vane fazem parte de um julgamento é não menos que fenomenal, não somente pela agitação, mas devido a sua razão de existir e sua conclusão.
Voltando com grande preocupação em desenvolver mais seus personagens, em especial o protagonista James Flint, BLACK SAILS mostra porque tem sido considerada uma das mais importantes séries americanas da atualidade. Grande respeito por seus personagens, mesmo os secundários, um elenco afinado, culminando em um ápice narrativo que releva a pirataria como razão da série existir, esta segunda temporada é não menos que fenomenal.