O grande líder Kublai Khan (Benedict Wong), enfim, tem seu poder restabelecido nas áreas de seu reino após dar fim ao covarde Jia Sidao (Chin Han) na primeira temporada. Determinado a expandir seu limites para novos espaços geográficos, Kublai se depara com um desafio que precisará de tempo e muita articulação, pois seus familiares passaram a contestar seu trono, exigindo a realização do chamado kurultai, processo eleitoral que define o sucessor da família Khan a ocupar o trono.
O que resume esta segunda temporada de MARCO POLO está muito mais voltado para o conhecimento dos aliados e a compreensão de como cada um deles pode realmente ser aproveitado. Isso se dá pelo esforço narrativo em desenvolver um complexo jogo de interesses pelo reinado mongol, que por sua vez define muito mais do que o controle geográfico de terras. A série criada por John Fusco deixa de lado a ação (embora ainda exista) para construir espaço por meio do diálogo, independente do real interesse pretendido. Isto acaba criando uma grande variedade de subtramas com os envolvidos na eleição do suposto novo Khan e como o sucesso de Kublai pode ser alcançado, sempre permeado por política, muita política.
Em contrapartida às maquinações envolvidas ao longo da temporada, percebe-se um interessante acerto ao colocar Kublai como questionador de seu poder perante às dificuldade oriundas de tal feito, já que o peso impelido a tal liderança é um fardo pesado demais para um ser humano comum. Isso por si só já o torna personagem mais interessante de toda a temporada ao lado do ótimo 100 Olhos (Tom Wu), uma vez que este tem seu passado desenvolvido no curta exclusivo dedicado a ele e, de certa forma, funciona como ponte para suas escolhas ao longo desta temporada.
São muitos os personagens valiosos para o enredo dos 10 episódios da season 02, no entanto, aquele que dá título à série foi deixado de lado quase em sua totalidade, visto que em alguns episódios nem percebemos a existência de Marco Polo (Lorenzo Richelmy) (!?). Mas tudo bem, para os interessados ainda há muito o que aproveitar.
Embora a maior parte das locações sejam ambientes externos, um dos elementos enriquecedores da série produzida pela Netflix recebeu menos espaço, que são os adereços e artefatos usados para preencher os ambientes internos. Agora podemos perceber mais investimento em armas brancas do que nas origens culturais mongóis, natural diante da proposta contextual.
Por fim, pode-se dizer com o perdão do trocadilho, que a S02 de MARCO POLO está longe de ser um marco, pois ainda que existam muitos pontos fortes em seu desenvolvimento, o excesso de pretensões deixou algum vazio, que poderia ser transferido para a cancelada terceira temporada. Os conflitos internos, decisões complicadas e muitas vezes cruéis, traições e riscos levaram a um resultado quase ótimo, deixando marca efetiva apenas para quem saiu impressionado com a temporada anterior, que definitivamente não foi meu caso.