Marco Polo é uma aposta do Netflix. Uma aposta que visa um estilo diferente de todas as outras séries que o serviço de streaming já fez, focando em uma fantasia medieval.
Com isso, já temos um possível problema que pode acabar facilmente com uma série, que é seu custo de produção. Apesar de apostar em Marco Polo, não foi feito um investimento tão grande como o de séries como Game of Thrones. Contudo, o resultado é incrível.
Podemos ver todo o cuidado que a produção teve já com a abertura da série, uma das mais belas dos últimos anos, rivalizando facilmente com aberturas como a de Game of Thrones e True Detective. Há uma arte expressa ali que já nos mostra o que podemos esperar da série nesse quesito, que não deixa a desejar em toda a sua direção de arte.
Figurinos são detalhados e muito bem escolhidos, representando muito bem a cultura oriental e mongol. As diferenças de vestimenta entre as diferentes cidades do império Genghis são claras, e a própria família real se veste de diversas formas, demonstrando bem a região de onde cada membro do conselho veio.
Além disso, o próprio cenário enche os olhos. Filmado em diversos países do Oriente Médio, há uma qualidade excepcional na filmagem das paisagens, dando espaço para apreciarmos toda a beleza que a região oferece.
E, como ponto mais alto da série, temos a direção de fotografia e a coreografia. A série, em seu primeiro ano, já apresenta batalhas de encher os olhos, sendo muito melhores que várias batalhas que vimos nesta última temporada de Game of Thrones. Alguns momentos são de tirar o fôlego, como as cenas de kung fu (especialmente as do segundo e último episódios) e as batalhas, fossem elas entre exércitos ou entre apenas dois irmãos disputando o poder.
Como recheio disso, temos a história de Marco Polo. Acompanhamos o jovem explorador sendo deixado para Kublai Khan, neto do grande Genghis Khan, para ser seu servo. A partir daí, temos todo um desenrolar da guerra entre Kublai e a região de Xiangyang, do império Chinês. Temos aqui todas as características das séries de fantasia adultas atuais. Temos a disputa pelo poder e por um trono, as guerras e traições que seguem essas disputas, com direito a sangue, sexo e muitas personagens cheios de tons de cinza em sua personalidade. Um dos pontos da história é que, se você pensar, não existe um real vilão ali, ao menos nessa temporada. O mais próximo que chegamos disso é o próprio Kublai Khan. Ele que ataca as cidades, que busca domínio de tudo. E, como estamos do lado dele (através de Marco), não o vemos tanto como esse monstro que parece ser se visto de fora. São muitas as personagens interessantes e profundas que acompanhamos durante os 10 episódios lançados. Com o passar da temporada, você se verá criando apego por diversos deles, pelas mais variadas características, mas com alguns haverá aquela aversão clara, ou, ao menos, uma desconfiança.
Marco Polo é uma série singular. Ela explora uma cultura inédita nas séries, com um elenco predominantemente oriental (o que torna tudo mais real e diferente), e um respeito fortíssimo pela cultura que representa. É uma bela obra do Netflix, que o surpreenderá e o deixará sedento por mais.