Origens Anoveladas...
Sempre que ouço falar ou me lembro da série Vikings, duas coisas me vem a cabeça: a belíssima abertura com a música If I Had a Heart, dos suecos Fever Ray; e da ambientação de época muito bem retratada. Apesar dessas parcas lembranças, a série ainda tenta oferecer mais material com sua narrativa.
A segunda temporada de Vikings tem início exatamante após a aliança firmada entre os personagens Rollo (Clive Standen) e Jarl Borg (Thorbjørn Harr), cujo objetivo maior paira em dominar terras (Borg) e derrubar o irmão (Rollo). Apesar de render uma batalha até divertida do ponto de vista de sua concepção, o que chama a atenção é justamente a conclusão em que todos os líderes simplesmente dão as mãos e resolvem sair em busca de território saxão para dividir as conquistas, como se nada tivesse acontecido.
Bom, as falhas grosseiras do roteiro são semeadas comumente, o próprio protagonista Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel) acaba relegado a um qualquer com a chegada da amante no vilarejo Kattegat, pois as ocorrências que se passam nesse evento e a partir dele são simplesmente típicas de novela mexicana, deixando o líder viking em situações bobas que servem apenas para preencher o tempo, uma lástima para algo com tanto material histórico.
Apesar do eixo narrativo se esforçar para manter o lado pessoal de Ragnar em voga, o pano de fundo ainda são as conquistas. Alianças e acordos são feitos com objetivo de tomar o território de Wessex, tendo grandes variantes que oscilam entre batalhas sangrentas e negociação política, elementos esses que até entretém razoavelmente. A presença maior de personagens fora do reino dinamarquês fortalece o desenvolvimento da trama ao longo dos 10 episódios, principalmente o Rei Ecbert (Linus Roache) que pontua bem as negociações e maquinações para não perder espaço.
Eventualmente deixando bons personagens de lado como Floki (Gustaf Skarsgård), Lagertha (Katheryn Winnick) e Athelstan (George Blagden), a segunda metade da série reergue com boas mudanças na narrativa, fazendo com que complôs e tramoias permeiem a conduta de alguns personagens até o fatídico e ótimo final.
Deixando a narrativa de lado e ponderando sobre os aspectos técnicos, Vikings mostra uma tratativa gráfica que impressiona, principalmente no figurino e fotografia. O diretor de fotografia P.J. Dillon demostra uma majestosa capacidade em aproveitar o ambiente, seja através da beleza geográfica de suas locações ou do ótimo aproveitamento da iluminação natural com planos que absorvem bem a beleza do ambiente. Isso salta aos olhos como poucas produções do gênero. Faltou mesmo um bom coreógrafo para as batalhas, pois é comum assistirmos sequências em que figurantes ficam batendo no ar com suas armas sem propósito, nem mesmo a edição se esforçou para mascarar isso.
VIKINGS: SEASON 02 tem início com uma narrativa boba e destoando historicamente dos famosos ícones escandinavos, o que deixa a sensação de que deixaram muito amadorismo no roteiro para primar em excelência no visual, melhorando a partir de 6º episódio. Tem suas batalhas para divertir, grandes personagens e maquinações que mantém um certo ritmo, mas falta força na história para a série reinar como os personagens reais em que se baseiam.