Filha de pais divorciados quando tinha quatro anos, essa descendente de ingleses por parte de mãe nasceu e cresceu no estado de Ohio, nos Estados Unidos. Durante o período dos estudos, editou jornal, foi aluna engajada, presidente de classe, líder de torcida e rainha de formatura do Bedford High School. A primeira vez que a fama bateu a sua porta foi aos 17 anos já eleita Miss Teen All-American, representando o estado de Ohio em 1985 e, um ano depois, tornaria-se Miss Ohio. Terminando em segundo lugar na disputa do Miss America, foi também a primeira negra americana na competição Miss Universo.
Conhecida por ser participante ativa do Jenesee Center (Los Angeles), local dedicado a mulheres e crianças vítimas de abusos, em 2000, chegou a ser condenada por ter deixado o local de um acidente com vítimas, pagando multa e ficando em condicional por três anos. Casada e divorciada duas vezes, já teve outros relacionamentos duradouros e decidiu ter uma filha sozinha (nascida em 2008) quando se sensibilizou com o papel de mãe vivido no drama Coisas que Perdemos pelo Caminho (2007). Neste mesmo ano do filme, ganhou sua estrela na Calçada da Fama, no número 6801, da tradicional Hollywood Boulevard, em Los Angeles.
Da carreira que começou com a beleza, seus atributos físicos já renderam diversas citaçõesem publicações. Na revista People, por exemplo, figurou na lista das "50 Pessoas Mais Bonitas do Mundo", pelo menos, oito vezes, quando empatou com Julia Roberts em 2004. Mas sua presença também foi certa em lista das mais sexies no canal de televisão VH1 e em outras revistas, como Premiere, Maxim, Empire, FHM, Stuff, sem esquecer o título de A Mulher Mais Sexy Viva concedido pela revista Esquire, em 2008.
Nada disso, porém, parece ter tirado o foco de Berry já demonstrado logo no início. Formada em jornalismo, sem nunca exercer a profissão, a primeira experiência como atriz veio com o seriado Living Dolls (1989), onde atuou em 12 episódios, seguidas de participações menores em outras séries. Já no primeiro longa, fez jus a fama de atriz que "vivenciava" seus personagens, ficando cerca de duas semanas sem tomar banho para personificar uma viciada em crack em Febre da Selva (1991), de Spike Lee.
Talvez por essa razão ou apenas por falta de sorte, quebrou um braço durante as filmagens de Na Companhia do Medo (2003) e feriu gravemente a cabeça nos bastidores de Mulher-Gato (2004), para o qual chegou a adotar um gato para conhecer melhor os felinos. Em 2002, machucou-se na cena de ação com Pierce Brosnan e Rick Yune, de 007 - Um Novo Dia Para Morrer (2002), na Espanha.
Da experiência ao lado do agente secreto mais famoso do cinema, ela e Kim Basinger (Los Angeles - Cidade Proibida) são as únicas ex-Bond girls ganhadoras de um Oscar. Em 2004, Berry chegou a ser a atriz negra mais bem paga de Hollywood, mas seu primeiro US$ 1 milhão veio somente após a recusa (e depois o acordo) para trabalhar em Momento Crítico (1996).
Entre convites, negativas e buscas por um papel, queria fazer teste para o personagem de Demi Moore em Proposta Indecente (1993), mas não conseguiu porque, segundo ela, os produtores não queriam incluir um elemento racial na trama. Recusou-se a interpretar Annie em Velocidade Máxima (1994), papel que ficou com Sandra Bullock, e também não quis protagonizar Contato de Risco (2003), fracasso comercial que geou o início do relacionamento entre Ben Affleck e Jennifer Lopez.
Em 2008, seu nome surgiu para interpretar Fox no sucesso O Procurado (2008), mas Angelina Jolie foi a escolhida. Fez teste para o papel de Tina Turner em Tina (1993), porém Angela Bassett ficou com ele e acabou indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Curiosamente, Basset e Vanessa Williams recusaram o papel de Leticia Musgrove em A Última Ceia (2001), personagem que acabou rendendo o Oscar de Melhor Atriz para Berry.
Falando em coincidências, ela trabalhou quatro vezes com o ator Hugh Jackman: X-Men: O Filme (2000), A Senha: Swordfish (2001), X-Men 2 (2003) e X-Men 3 - O Confronto Final (2006). Interpretou personagem chamado Sharon Stone em Os Flintstones - O Filme (1994) e dez mais tarde contracenaria com a verdadeira Sharon Stone em Mulher-Gato (2004). Aliás, Berry foi a primeira atriz a encarnar dois personagens de quadrinhos e de editoras concorrentes, a Mulher Gato (DC Comics) e Tempestade, a mutante da editora Marvel.
Quase indicada ao Troféu Framboesa pela atuação em Na Companhia do Medo (2003), não escapou no ano seguinte por Mulher-Gato (2004). Detentora de muitos prêmios e indicações, foi a primeira ganhadora de Oscar a receber pessoalmente a "honraria" de Pior Atriz. Durante a "cerimônia" de entrega (que não existe), provocou risos ao dizer que iria rezar para isso nunca mais acontecer. Na época, somente ela, Faye Dunaway, Sandra Bullock (foi receber em 2010) e Liza Minelli, tinham no currículo uma estatueta do Oscar e, ao mesmo tempo, um Framboesa de Ouro de Pior Atriz.
Entre suas atrizes favoritas figuram Jodie Foster, Whoopi Goldberg e Dorothy Dandridge, primeira atriz afro-americana indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Curioso é notar que Berry a interpretou no telefilme Dorothy Dandridge - O Brilho de uma Estrela (1999) e foi - na vida real - a primeira afro-descendente ganhadora do Oscar na mesma categoria.
Nascida em um país onde o preconceito racial chegou a ter contornos violentos, até 2012 era uma das cinco afro-americanas ganhadoras do Oscar. A primeira foi Hattie McDaniell por...E o Vento Levou (1939), seguida de Whoopi Goldberg com Ghost - Do Outro Lado da Vida (1990), Jennifer Hudson (Dreamgirls - Em Busca de um Sonho - 2006) e Mo'Nique pelo papel em Preciosa - Uma História de Esperança (2009). Além dela, outras sete foram indicadas a categoria de Melhor Atriz: Dorothy Dandridge, em 1955 por Carmen Jones, Diana Ross, por O Ocaso de uma Estrela e Cicely Tyson, por Lágrimas de Esperança, ambas em 1973, Diahann Carroll, em 1974 por Claudine, Whoopi Goldberg, em 1986 por A Cor Púrpura, Angela Bassett, por Tina em 1993 e Gabourey Sidibe, em 2009, por Preciosa - Uma História de Esperança.