Ser primeira-dama do país mais influente do mundo é um presente ou um castigo? The First Lady, nova série do Paramount+, parte desta premissa para contar a história das esposas de três dos presidentes mais importantes da história dos Estados Unidos. Antes de qualquer coisa, o elenco estrelado é, sem dúvidas, o maior trunfo: Viola Davis, Michelle Pfeiffer e Gillian Anderson aparecem completamente transformadas e nos conectam brilhantemente a figuras que, em geral, estão à sombra de seus maridos.
O AdoroCinema já assistiu aos três primeiros episódios da série, que estreia em 18 de abril, e compartilhamos aqui nossas primeiras impressões - sem spoilers, não se preocupe.
The First Lady tem história original e personagens cativantes
A trama se inspira em eventos reais dos Estados Unidos para criar um drama histórico que acompanha a vida de três primeiras-damas que viveram em épocas diferentes: Eleanor Roosevelt, esposa de Franklin Delano Roosevelt na década de 1930, Betty Ford, esposa de Gerald Ford nos anos 70, e Michelle Obama, esposa de Barack Obama, presidente dos EUA entre 2009 e 2017.
Embora os feitos destas mulheres estejam muito relacionados à influência dos presidentes, The First Lady quer colocar luz sobre quem elas eram além dos casamentos, de onde vieram, quais eram suas inseguranças e seus poderes. Assim, a trama viaja não só entre os períodos históricos em que foram primeiras-damas do país, mas também em sua infância, juventude e nos níveis mais particulares da relação com os maridos. É esta lupa que torna a produção charmosa logo em seus primeiros momentos - as três são igualmente envolventes, de formas completamente diferentes.
Na década de 1930, em uma realidade completamente diferente da atual, Eleanor Roosevelt era sobrinha do presidente Theodore Roosevelt e, portanto, vinha de uma família já influente, que tornou sua educação rígida e avançada. Mas atrás de um mar de etiquetas havia uma mulher em uma grande busca por afeto, batalhando contra a sensação de que era “sem graça demais”.
Mais tarde, Betty Ford vem como um furacão: o início de sua história com Gerald Ford tem ares de comédia romântica na série, mas, com o tempo, a angústia toma conta e sua espontaneidade se debate contra a postura discreta esperada de seu “cargo”. “Tem personalidade forte demais”, diz uma das assessoras presidenciais na série.
Por fim, nos tempos atuais, temos Michelle Obama, talvez a primeira-dama que mais se tornou uma figura separada do marido: advogada formada nas maiores universidades do país, Michelle é, ainda hoje, uma das mulheres mais influentes do mundo.
Como é ser primeira-dama?
Ao abordar a jornada dos três “maridos” rumo à presidência dos EUA pelo olhar das mulheres, The First Lady traz o impacto emocional da campanha e do “trabalho”. Nos primeiros episódios, ao menos, a trama não entra muito nos vieses políticos dos presidentes, mas explora a exaustão e as consequências em suas vidas pessoais. Enquanto isso, Eleanor, Betty e Michelle passam por mudanças de vida gigantescas em que, de repente, têm um manual rígido e enorme do que fazer o que não fazer para atrapalharem seus maridos.
Ao se tornarem primeiras-damas, a sensação é de que nada é esperado delas a não ser cuidar da decoração da Casa Branca ou, no máximo, se envolver em algumas campanhas sociais. Nenhuma das três, claro, quer viver sob essa linha dura e precisam descobrir qual é o caminho para conciliar tudo - a expectativa é de que, mais adiante, The First Lady explore os grandes marcos que elas foram em suas épocas.
Embora a série divida bem os episódios entre as três protagonistas, a sensação é de que a história de Michelle Obama, que tem seu próprio documentário na Netflix, é destaque - talvez por ser a personagem mais conhecida ou pelo peso do nome de Viola Davis. A atriz transformou completamente o jeito de falar para interpretar a ex-primeira-dama - mas, por vezes, exagera nas caras e bocas e torna a personagem um pouco caricata.
Vale a pena assistir The First Lady?
Os primeiros três episódios fazem um bom trabalho em nos fazer mergulhar em um universo pouco conhecido (especialmente para o público fora dos Estados Unidos), apostando no carisma das atrizes para nos atrair e elas vêm com atuações incríveis.
Por outro lado, a sensação é de que o roteiro pesa um pouco na romantização dos relacionamentos e do histórico de cada personagem e a intensidade vai tão longe que, em alguns momento, faz parecer irreais histórias que, sem dúvidas, já são impressionantes exatamente da forma como aconteceram.