Bruno Luperi está no comando da nova versão de Pantanal. Ao seguir os passos do avô, Benedito Ruy Barbosa, autor da trama original, o roteirista disse estar muito honrado em poder revisitar a história exibida há mais de três décadas na extinta Manchete.
Em coletiva de imprensa acompanhada pelo AdoroCinema, o escritor indicado ao Emmy Internacional de Melhor Novela por Velho Chico, em 2017, compartilhou alguns bastidores da próxima megaprodução da Rede Globo.
Inicialmente, Bruno disse ter se assustado ao receber a proposta de cuidar da nova versão de Pantanal. Segundo o roteirista, ele foi contatado através de um telefonema com o convite em meados de 2019. A Rede Globo começou a tramitar a aquisição dos direitos da obra original há muito tempo, mas precisou ser interrompida após a exibição da novela no SBT. A negociação foi retomada e selada apenas em 2020. Anunciado oficialmente em setembro daquele ano, o projeto entrou no cronograma da emissora pelo desejo do autor original. Na época, Benedito disse ao Fantástico que o remake era a realização de um grande sonho.
A obra mais importante de Benedito Ruy Barbosa
O laço familiar não está apenas nos holofotes da narrativa, mas também foi uma condição para que essa nova versão existisse. "Meu avô só aceitaria se eu fizesse, assim como a Globo. Isso por uma ideia que eles têm sobre a [minha] capacidade de falar sobre esse Brasil profundo, uma coisa que está muito presente no meu imaginário”, explicou o autor do remake. “Foram as histórias que eu ouvi crescendo e ele é a minha maior referência em dramaturgia, em contação de histórias também. Cresci no pé da cama dele ouvindo as histórias, as lendas, os mitos, e isso, de alguma maneira, deve ter permeado meu imaginário."
“Ele sempre me deu a benção, o voto de confiança. É um grande desafio porque a gente parte de um clássico. Foi um divisor de águas na carreira dele. Depois de Pantanal, ele voltou para a Globo como autor de horário nobre para escrever Renascer, Rei do Gado, Terra Nostra, Esperança, e se consagrou", relembrou o escritor que considera Pantanal a obra mais importante da carreira do avô.
Pantanal: Autor enfrentou desafio para trazer a trama aos dias atuais e honrar legado da novela original; entendaBenedito, desde a primeira conversa com a Rede Globo para a nova versão do folhetim, anos atrás, tem acompanhado todo o processo de produção da novela. “Ele me deu total confiança. A gente tem uma distância regulamentar no processo para que eu consiga fazer o que imagino que precisa ser feito na obra. Ele me disse: 'Vai com o que Deus te deu. Confia nisso que vai dar certo. Acredita no seu talento, no que bate no teu coração'”, revelou o roteirista.
"É um momento especial, não só de carreira. Tive o privilégio de parar dois anos para me dedicar à obra dele. É uma maneira de retribuir tudo o que ele fez por mim, pela minha família e tudo o que ele carregou para trazer a gente até aqui. Acho que é uma responsabilidade muito grande, mas é um prazer muito maior. Eu faço uma terapia com o texto dele, porque encontro razões e grandes esteios da minha formação, dos valores da minha família, e poder trazer tudo isso para os dias de hoje é muito bom."
Pantanal: Juliana Paes revela diferenças entre a transformação em onça de sua personagem e a Maria Marruá originalBruno disse que em recente conversa com o avô citou a música do Marcos Viana que dá nome à novela. Relembrou o trecho "A Terra tão verde e azul / Os filhos dos filhos dos filhos / Dos nossos filhos verão" ao pontuar que os bisnetos de Benedito Ruy Barbosa poderão acompanhar o trabalho do bisavô a partir da releitura do folhetim, algo que emocionou o dramaturgo. Ele completa: "Fecha um grande ciclo da carreira dele, da vida dele. É uma grande homenagem. Só tenho a agradecer!. Espero estar à altura."
A nova versão de Pantanal estreia na Rede Globo em 28 de março, na faixa das nove.