Boa representação de pessoas trans é algo ainda extremamente escasso no cinema e na televisão. Claro que existem exceções, e é póssível se deparar com alguns ótimos exemplos de produções com protagonismo trans, mas, no geral, ainda é incomum encontrar personagens transgêneros com algum protagonismo, especialmente em grandes filmes e séries. E quando são incluídos nas tramas, muitas vezes são representados de maneira caricata e cheia de estereótipos.
Essa má representação se deve muito a falta de diretores e roteiristas transgêneros no comando de produções audiovisuais. Por isso, é tão grande a importância de representatividade tanto na frente quanto atrás das câmeras. Alice Marcone entrou exatamente para mudar esse cenário, se tornando uma importante artista trans na televisão brasileira. Ela traz sua própria experiência enquanto mulher trans para contar histórias comoventes, complexas e profundas com protagonistas transgêneros.
Manhãs de Setembro e outras séries sobre afeto e família no Amazon Prime VideoGRANDES PROJETOS COMO ROTEIRISTA
A atriz, roteirista e cantora, mesmo com apenas 27 anos, tem um vasto currículo tanto no audivisual quanto na indústria musical. Sua primeira experiência por trás das câmeras aconteceu na produção Todxs Nós da HBO, criada pelo diretor de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, em que ela trabalhou como consultora de roteiro. Ironicamente, Alice conheceu o diretor Daniel Ribeiro depois de perder o papel em um filme e acabou sendo convidada por ele para participar da produção da série.
Alice se tornou ainda mais conhecida ao co-escrever o roteiro da aclamada série Manhãs de Setembro, disponível no Amazon Prime Video. Na trama, Cassandra (Liniker), uma motogirl de São Paulo que tem o sonho de se tornar cantora, descobre que tem um filho de um relacionamento que teve antes da transição. Agora, ela precisará conciliar sua vida e os problemas que enfrenta como mulher trans enquanto se acostuma com a ídeia de ser mãe. Em entrevistas, Liniker explicou como a série é importante por representar pessoas trans e novos formatos familiares.
TAMBÉM BRILHANDO EM FRENTE ÀS CÂMERAS
Além de roteirizar vários projetos, ela também impressiona com seu talento como atriz. Na série De Volta aos 15, da Netflix, ela atuou por trás das câmeras, mas brilhou especialmente ao interpretar a personagem Camila, uma das melhores amigas da protagonista Anita, intepretada por Maisa e Camila Queiroz.
Na história, Anita é uma jovem de trinta anos infeliz com o rumo que sua vida levou. Mas ela recebe a oportunidade de mudar tudo quando volta a ter quinze anos. Na transição temporal, vemos Camila antes e depois da transição e todos os problemas que enfrentou para se assumir como mulher trans.
De Volta aos 15: Além de Maísa e Camila Queiroz, conheça o elenco da série da NetflixMUNDO DA MÚSICA
Além de estar envolvida em diversos projetos audiovisuais, Alice também se aventura na indústria da música e já lançou vários singles nos serviços de streaming. Suas canções têm forte influência no Sertanejo, isso por que cresceu no interior com contato direto com o gênero, especialmente por causa de seu pai que é ouvinte assíduo. Assim, ela se tornou parte do queernejo, subgênero do sertanejo protagonizado por pessoas LGBTQ+ que utiliza as letras para comentar sobre questões de gênero e sexualidade. Sua música mais popular é Pistoleira com participação do cantor Gabeu.