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    Round 6, La Casa de Papel, Lupin e a ascensão das “séries estrangeiras” em um mercado americano
    Rafael Felizardo
    Rafael Felizardo
    -Redator | Crítico
    Sonhador desde pequeno e apaixonado por cinema de A a Z, encontrou em David Lynch um modo de sonhar acordado.

    Serviços de streaming como Netflix, Amazon Prime Video e outros tiveram um importante papel na popularização dessas produções, alimentando um mercado cada vez maior.

    Há alguns dias, a Netflix anunciou que o sucesso sul-coreano, Round 6, se tornou a produção mais assistida de sua história. Recentemente divulgado, o ranking das séries mais vistas da plataforma apresenta mais duas atrações produzidas fora dos Estados Unidos: Lupin e La Casa de Papel, oriundas da França e Espanha, respectivamente. Levando em consideração que ainda existe uma Hollywood que aposta em remakes desnecessários de filmes de outros países, a ascensão das chamadas “produções estrangeiras” representa um importante movimento para o audiovisual mundial.

    Vale ressaltar que a questão abordada aqui não se trata de um antiamericanismo, mas sim da importância que a vitória das séries citadas tem para a indústria de cinema global. Para países sem muita tradição no  mainstream cinematográfico, Round 6 ter se tornado a série mais vista da história de uma gigante como a Netflix configura mais investimento para o setor, e mais investimento no setor representa mais formação de cineastas e desenvolvimento de polos cinematográficos, além, é claro, do aumento do entretenimento para nós, espectadores, e a descentralização do monopólio norte-americano na categoria.

    Oito séries estrangeiras para ficar de olho na Netflix

    Durante a pandemia do Covid-19, de acordo com um relatório da MPA (Motion Pictures Association), houve um aumento de 26% nas adesões dos serviços de streaming, contabilizando um total de mais de 230 milhões de contas novas. Dito isso, é possível concluir que o boom dessas plataformas tem gerado mais oportunidades aos mais diversos tipos de séries, algumas já esperadas e outras não. Pegando onda nesse aumento de popularidade, a seguinte pergunta surge na cabeça dos produtores: “O que faz uma série bombar?”.

    Sem entrar no mérito do julgamento de valor - se a atração é boa ou não - pode-se especular que existe certa imprevisibilidade a respeito de qual será o novo sucesso do momento. Ouso dizer que nem o criador de La Casa de Papel, nem o de Lupin e muito menos o de Round 6 - que viu a série ser rejeitada por mais de dez anos - imaginavam que suas criações tomariam a proporção que tomaram.

    Além das já citadas, outras produções como Dark (alemã), Alice in Borderland (japonesa), Elite (espanhola) e a recente O Homem das Castanhas (dinamarquesa) corroboram o ponto de que já faz algum tempo que o mundo do entretenimento começou a abrir os olhos para produções além das americanas. E a boa notícia não se limita aos outros países, ela chega ao Brasil.

    AS SÉRIES BRASILEIRAS TAMBÉM GANHARAM ESPAÇO NOS STREAMINGS

    Estávamos em 2016 quando 3%, série distópica brasileira, chegou ao catálogo da Netflix. Sucesso internacional após muita luta, a produção alcançou o patamar de uma das séries estrangeiras mais vistas do streaming. Na época, 3% era apenas a segunda série original da Netflix produzida fora dos Estados Unidos; a primeira foi a mexicana Club de Cuervos.

    Desde então, a gigante do streaming americana aumentou em mais de quatro vezes o número de séries originais não-americanas. A aposta certeira na atração brasileira abriu os olhos da Netflix para um outro lado do audiovisual e, se hoje você pode assistir La Casa de Papel, 3% certamente teve papel fundamental nisso.

    3%: Como a série abriu terreno para o mercado internacional da Netflix

    Há algum tempo, o número de séries de sucesso brasileiras vem aumentando. Cidade Invisível, thriller brasileiro que aborda o folclore nacional, chegou ao Top 10 da Netflix em mercados importantes, como Portugal, Canadá e Estados Unidos. Além dela, Bom Dia, Verônica e Dom, do Amazon Prime Video, também conquistaram terras estrangeiras, com a última chegando a ser a série original de língua não-inglesa mais assistida do streaming.

    A grande questão colocada é como mercados antes ignorados, hoje, são pontos estratégicos nas vendas das plataformas de streaming. Mais uma vez, não só os espectadores se beneficiam dessa diversidade cinematográfica. O sucesso gera investimento, que gera desenvolvimento para o setor, que gera empregos… Obviamente, a indústria cinematográfica ainda tem um grande caminho a percorrer para alcançar uma maior pluralidade, contudo, tenha em mente que toda vez que você vir uma produção não-americana fazendo sucesso em algum lugar, há bastante motivo para comemorar.

    DOM
    DOM
    Data de lançamento 2021-06-04 | min
    Séries : DOM
    Com Gabriel Leone, Flavio Tolezani, Raquel Villar
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