Emily em Paris e Lupin que nos perdoem, mas a França tem muito mais a oferecer do que almoços à beira do Sena, assaltos cinematográficos no Louvre ou chefs de cozinha que podem virar seu crush. Prova disso é Bright Minds, série policial francesa que estreou ontem (13) no canal AXN. Lançada originalmente em 2019, a produção já concluiu sua 2ª temporada na França e, devido ao sucesso de público, se encaminha para seu terceiro ano. Enquanto isso, a 1ª temporada acaba de chegar ao Brasil, com nove episódios transmitidos toda quarta-feira, às 22h.
Astrid et Raphaëlle (no original) conta a história de Astrid Nielsen (Sara Mortensen), uma jovem com síndrome de Asperger que trabalha na documentação criminal da polícia parisiense. Devido a sua memória incrível, Astrid é muito eficiente na análise de arquivos para investigações em andamento e, por isso, acaba recrutada pela comandante Raphaëlle Coste (Lola Dewaere). Mesmo com tantas diferenças, as duas mulheres percebem que suas habilidades perfeitamente complementares são a chave para a resolução de casos intrigantes.
Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, Sara e Lola falaram sobre a representatividade feminina em seriados policiais, a preparação para interpretar um personagem autista e chegaram a comparar o seriado com Scooby Doo. Confira a seguir – e clique aqui para assistar à entrevista completa!
Dix Pour Cent: Tudo o que você precisa saber sobre a série de comédia francesa que está na NetflixSARA MORTENSEN TEVE CONTATO COM AUTISTAS NA INFÂNCIA
Ao explicar o processo de construção de Astrid, Sara conta que cresceu rodeada por autistas, já que seu pai tinha um atelier de artes em Beaubourg, mais conhecido como Centre Pompidou, em Paris. "Todas as quartas-feiras, à tarde, a gente recebia grupos de crianças da minha idade. A gente recebia crianças neurotípicas e atípicas. Entre as atípicas, havia autistas", lembra. "Tive, então, muito contato com crianças autistas. Eu cresci, mas essa memória nunca me deixou."
Quando soube que faria o papel, Sara mergulhou em vários documentários e livros sobre pessoas dentro do espectro autista. "Eu não vi nenhum filme em que um neurotípico interpreta um autista, justamente porque eu queria ficar mais próxima do autista, e não do neurotípico. Também fiz uma imersão com pais que têm filhos autistas, com autistas de todas as idades, verbais ou não verbais, com muitos estereótipos ou não", relata.
UMA DUPLA FEMININA QUE QUEBRA TABUS
Questionada sobre o fato de Bright Minds ter duas protagonistas mulheres, Lola afirma ser importante levar a bandeira "feminina", sobretudo na época em que vivemos e após a repercussão do movimento #Me Too. "É verdade que todo papel feminino que envolve poder ou é de uma mulher que se ocupa da carreira ou uma mulher que cuida da família. É uma ou outra. O mundo masculino não consegue dar mais de um espaço para a mulher", declara a atriz.
E continua: "A série é interessante por esse binômio de mulheres que a gente não tem o costume de ver. Ainda mais quando se trata de uma neurotípica e uma autista". Quanto à policial que interpreta, Lola a descreve como uma mulher que luta para equilibrar todos os papéis que lhe são impostos – ela, inclusive, perdeu a guarda permanente de seu filho. "Mas a gente vê que Raphaëlle poderia, sim, ser capaz de… Se bem que ela esquece o próprio filho na escola", brinca Lola. No que Sara intervém rindo: "Isso acontece com todo mundo!"
Amizades femininas no cinema para cada tipo de amigaCOMO TRAZER HUMOR PARA UMA SÉRIE POLICIAL?
De acordo com Sara, o humor vem da "lacuna entre as reações de Astrid, que está descobrindo o mundo em si, e a situação que a gente conhece e vê enquanto neurotípico." Para a atriz, esse jogo cômico tem uma certa beleza justamente por não ser pensado, surgindo naturalmente a partir das interações entre as duas personagens. "Astrid teve pouquíssima interação social desde pequena, e seu trabalho fica em uma espécie de caverna. Ela vai, então, descobrir o mundo exterior com Raphaëlle", analisa.
Já Lola acredita que a graça está nos crimes investigados pela dupla. "Meu produtor não gosta quando eu digo isso, mas a série pode ser muito Scooby Doo", confessa. "A gente sempre encontra casos muito originais e que podem ser muito doidos. No fim, a resolução vai ser racional, mas às vezes a gente deixa as coisas em suspenso, para dar esse ar de mistério", explica Lola.
Quer saber o que mais as duas atrizes falaram? Será que há alguma semelhança entre elas e suas personagens? E quais são as expectativas para a estreia no Brasil? Descubra isso e muito mais na entrevista completa do AdoroCinema. E, claro, não perca Bright Minds no AXN!