Round 6 (também conhecido como Squid Game) é o grande sucesso da Netflix atualmente e não é para menos! O enredo gira em torno de uma competição centrada em jogos infantis, cujo objetivo é fazer com que mais de 400 pessoas endividadas lutem por um prêmio bilionário, no qual apenas uma pessoa sobrevive até o final. No início da trama, os participantes são abordados em uma estação de metrô e recebem um cartão bege, com três formas geométricas e um número de telefone para contato — e isso está causando polêmica na vida real.
De acordo com o site coreano MBN, o número exposto no cartão existe na vida real e pertence ao Sr. Kim, um empresário da região de Seongju, na Coreia do Sul. Desde 24 de setembro, Kim tem recebido centenas de ligações telefônicas e mensagens de texto, nas quais pessoas lhe pediram dinheiro emprestado, se ofereceram para participar do jogo e o xingaram por sua suposta conduta incorreta ao colocar pessoas endividadas em uma competição de sobrevivência.
“Depois que Round 6 estreou, tenho recebido ligações e mensagens sem parar 24 horas por dia, ao ponto de estar difícil seguir o cotidiano. Esse é um número que venho usando há mais de 10 anos, então estou muito surpreso. Tive que apagar mais de 4000 números do meu telefone e chegou ao ponto em que as pessoas estão entrando em contato sem se importar se é dia ou noite, por causa da curiosidade, então a bateria do meu celular não aguenta e o desliga", afirmou Kim ao site Koreaboo.
Em entrevista à emissora SBS, o empresário citou o conteúdo de algumas mensagens que recebeu: “Tenho cerca de 1,2 bilhões de wons em dívida”, e também “Entrei em contato porque você pode mudar minha vida se eu ganhar o jogo da lula (Squid Game).”
Produtora de Round 6 ofereceu indenização à vítima
De acordo com Sr. Kim, a produtora Siren Pictures, responsável pela criação de Round 6, reconheceu o erro no processo de construção da cena, na qual um número de telefone de oito dígitos aparece. Como indenização pelos danos causados, a empresa ofereceu 1 milhão de wons (aproximadamente 847 dólares americanos) para o homem, afirmando: "Não há nada que possamos fazer sobre o [número do telefone], e parece que a única maneira é mudar o número porque foi um acidente não intencional."
No entanto, o Sr. Kim considera que não é fácil alterar o número exposto por se tratar de um número de telefone celular comercial utilizado há 20 anos, no qual mantém contato com antigos clientes. Assim, apesar do dinheiro oferecido, a situação do empresário segue sem solução.
Coreia do Sul tem esquema para evitar conflitos em números de telefone nos filmes
Assim como em filmes e séries protegidos mundialmente, as atrações na Coreia do Sul também contêm cenas em que números de telefone são expostos como parte do enredo. No entanto, a exposição de informações pessoais não costuma acontecer e causar problemas como Round 6 ocasionou ao Sr. Kim — o motivo disso são as medidas de proteção à produção.
Desde 2011, o Korean Film Council opera um serviço que oferece seis linhas gratuitas de telefones fixos e celulares. É um benefício fornecido exclusivamente para exposição de números nas telas de cinema. Por este motivo, quando os espectadores ligam para os dígitos mostrados nos filmes, eles recebem a mensagem de que o número é pertencente à Korean Film Council, além de ficar apenas em toque de discagem, sem que ninguém atenda a chamada.
No entanto, Round 6 não é classificado como um filme coreano porque é uma exibição feita no streaming da Netflix, ao invés de ter sido lançado nos cinemas. Portanto, mesmo que a produtora tenha se candidatado para receber um número fictício, não poderá usá-lo, porque o serviço é operado pelo Fundo de Desenvolvimento de Filmes, que só apoia produções que vão direto para as telonas de cinema.