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    The Morning Show: Série com Jennifer Aniston faz referência a escândalo de abuso sexual

    Primeira temporada da produção tem claros elementos de uma história real que aconteceu em um telejornal norte-americano

    The Morning Show, série da Apple TV+ estrelada por Jennifer AnistonSteve CarrellReese Witherspoon voltou para a segunda temporada, que será dividida em 10 episódios lançados semanalmente.

    A primeira fase da produção gira completamente em torno do escândalo sexual que resulta na demissão do apresentador Mitch Kessler (Steve Carell), após 15 anos apresentando um programa matinal ao lado de Alex Levy (Jennifer Aniston). Já na segunda temporada, a trama abordará também o coronavírus e o começo da pandemia.

    The Morning Show
    The Morning Show
    Data de lançamento 2019-11-01 | min
    Séries : The Morning Show
    Com Jennifer Aniston, Reese Witherspoon, Billy Crudup
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    4,2
    Assista agora no Apple TV+

    O ambiente e o cotidiano retratados na redação do jornal fictício que dá nome à série são baseados no livro “Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV”, do jornalista Brian Stelter. O autor esteve por anos nos bastidores da briga por audiência de grandes telejornais matinais norte-americanos.

    No entanto, o ponto principal da série, que é o assédio sexual praticado por Mitch, também tem fortes semelhanças com um outro caso que teve enorme repercursão nos Estados Unidos.

    THE MORNING SHOW FAZ REFERÊNCIAS EXPLÍCITAS A CASO REAL

    O jornalista Matt Lauer era uma das maiores figuras midiáticas dos Estados Unidos. De 1997 a 2017, ele foi parte da dupla de âncoras que apresentava o “The Today Show” da NBC. No ar desde 1952, o Today foi pioneiro do gênero Morning Show, e se mantém até hoje como um dos programas mais vistos do país. Com um salário exorbitante, uma forte influência sobre toda a emissora e diversos contatos poderosos, Lauer jamais imaginou o que estava por vir.

    Criado pela ativista norte-americana Tarana Burke, o movimento #MeToo, que incentiva mulheres a não se calarem perante abusos, foi criado em 2006 e ganhou uma grande força em 2017. Isso porque, quando as denúncias de assédio chegaram no magnata e produtor cinematográfico Harvey Weinstein, muitos outros nomes vieram à tona. Pela primeira vez parecia possível que homens nessa posição de poder tivessem que encarar as consequências de suas condutas sexuais.

    Em meio a esse cenário, dias após o escândalo de Weinstein estampar manchetes, uma testemunha que permanece anônima foi à sede da NBC relatar que Lauer teria a persuadido a relações sexuais impróprias.

    Nem dois dias se passaram até que Lauer sequer aparecesse para gravar o programa, e o anúncio de sua demissão fosse lido ao vivo pela sua ex-colega de bancada Savannah Guthrie.

    YouTube / NBC

    Em The Morning Show, Jennifer Aniston reproduz essa cena do anúncio da demissão em rede nacional. A série é repleta de momentos, histórias e detalhes que se assemelham o bastante com a história de Lauer, para serem considerados inspirados no caso.

    Em uma coletiva de imprensa, Jennifer Aniston contou que a série já existia antes do escândalo e da explosão do movimento #MeToo. “A série desde sempre abriria as cortinas do mundo da mídia de Nova Iorque e dos Talk Shows matinais. Uma vez que o #MeToo aconteceu, a conversa mudou drasticamente e apenas incorporamos isso”, afirmou.

    SÉRIE DA APPLETV+ TAMBÉM FAZ ALUSÕES MAIS SUTIS A OUTROS CASOS

    Após a demissão de Lauer, uma série de relatos de pessoas que trabalharam com o apresentador começaram a surgir, denunciando os assédios sexuais cometidos por ele. Um dos novos casos que surgiram após a primeira denúncia é o da jornalista Addie Zinone, que, quando ainda era assistente de produção no Today, em 2000, recebeu mensagens de Matt falando sobre sua aparência. 

    Apesar de desconfortável com a situação, ainda jovem e em começo de carreira foi aos poucos cedendo à pressão do apresentador do programa. De uma mensagem enviada, Lauer a pressionou para almoçar com ele, e, então, ir a seu camarim na volta. A história resultou em um curto caso de algumas semanas que os dois tiveram. “Eu era a presa perfeita”, Zinone relata.

    A jornalista conta que, em outras ocasiões, Lauer a teria chamado para entrar em seu camarim, e então fechado a porta através de um botão exclusivo para isso e, segundo outros relatos, Lauer fazia isso recorrentemente. 

    Esse famigerado botão é outra referência a Matt Lauer feita em The Morning Show, sem dar a menor pista de que ele já foi usado nesse contexto, mostrando como até nos mais sutis detalhes a série faz essa ligação. 

    CRIME E CASTIGO?

    O jornalista Ronan Farrow, que é filho de Woody AllenMia Farrow viu de perto, um dos mais noticiados casos de abuso sexual da história. Em 2018, sua irmã Dylan Farrow falou publicamente a respeito dos abusos cometidos Allen quando ela ainda era menor de idade.

    Em 2019, ele lançou o livro “Operação Abafa: Predadores sexuais e a indústria do silêncio”. No livro-reportagem, a partir da investigação sobre Weinstein, ele destrincha os métodos usados por homens poderosos para silenciar mulheres.

    Um dos exemplos que Ronan usa é o da jornalista e produtora Brooke Nevils, que trabalhou com Matt Lauer na NBC. Ela conta detalhadamente como o jornalista a estuprou em uma viagem a trabalho para cobrir os jogos olímpicos de inverno de 2014, na Rússia.

    Dentre outros casos de assédio sexual de Lauer, relatados por Brooke no livro, esse ocorrido nas olímpiadas foi especialmente traumático para a jornalista, acarretando um baque psicológico que a levou a problemas com alcool, perda de peso, e tentativas de suícidio.

    Assim como o personagem de The Morning Show, Mitch Kessler, que começa a segunda temporada isolado em sua mansão na Itália, Matt Lauer ainda vive uma luxuosa vida isolado em sua mansão nos Hamptons, reduto de verão da elite nova-iorquina.

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