Only Murders in the Building chegou ao Brasil em 31 de agosto, data em que o Star+ fez sua estreia no mercado nacional. Estrelada por Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez, a série original Hulu é um dos muitos conteúdos que integram o novo serviço de streaming da Disney. Misturando suspense e comédia, a trama acompanha Charles, Oliver e Mabel, três vizinhos nova-iorquinos que são viciados em podcasts de true crime. Eles nunca se falaram antes, mas agora se unem para investigar uma misteriosa morte que aconteceu dentro de seu edifício, o Arconia.
Only Murders in the Building: Conheça a nova série de Selena Gomez e saiba onde assistirCom uma 2ª temporada confirmada – e provavelmente um novo mistério a ser desvendado –, Only Murders in the Building terá um total de 10 episódios em sua primeira parte, dos quais cinco já estão disponíveis no catálogo do Star+. Ficou curioso? Então vem que o AdoroCinema te conta as inspirações e referências por trás da produção.
SERIA O ARCONIA UM TABULEIRO DE DETETIVE?
O Arconia pode até ser o palco perfeito para um crime fictício, mas o prédio realmente existe e se chama Belnord. Construído em 1908 pela firma de arquitetura Hiss and Weekes, o edifício está localizado na 86th com a Broadway, no luxuoso Upper West Side. No melhor estilo renascentista italiano, o imóvel tem 13 andares e 213 apartamentos, com um entrada em arco que conduz a um dos maiores pátios internos da cidade de Nova York.
Em entrevista ao site Entertainment Weekly, Steve Martin conta que seu personagem e o de Martin Short "estão velhos demais para querer deixar o prédio e se limitam a investigar assassinatos que acontecem lá dentro". Seria o Arconia, portanto, uma espécie de tabuleiro de Detetive? No clássico jogo, os seis peões precisam se deslocar em uma mansão de nove cômodos para descobrir pistas e solucionar o crime. A residência inclui sala de música, salão de jogos, hall, salão de festas, sala de jantar, cozinha, escritório, biblioteca e sala de estar.
Em Only Murders in the Building, a dinâmica funciona praticamente da mesma forma. Empenhados em desvendar a morte de Tim Kono (Julian Cihi), Charles, Oliver e Mabel circulam por todo o Arconia, entrando na casa de seus vizinhos para interrogá-los, tentando obter informações na sala de correspondências ou pinçando detalhes em conversas de elevador. O trio explora o espaço residencial como se andasse pelo tabuleiro – e basta abrir uma porta para encontrar evidências que podem mudar o curso da investigação.
UM POUCO DE AGATHA CHRISTIE, UM POUCO DE WOODY ALLEN
Os fãs de literatura policial com certeza viram semelhanças entre Only Murders in the Building e as obras escritas por Agatha Christie e Arthur Conan Doyle. A primeira é considerada a "Rainha do Crime", tendo criado detetives icônicos como Hercule Poirot e Miss Marple. Já o segundo é a mente por trás do emblemático Sherlock Holmes e seu fiel companheiro John Watson.
A série bebe na fonte desses dois autores para construir o bom e velho whodunnit (ou "quem matou?"). Embora haja uma pegada moderna típica dos podcasts de true crime, a trama consegue resgatar a atmosfera nostálgica e intrigante dos romances policiais, apresentando um grupo de suspeitos e um trio encarregado de identificar o assassino. Os personagens desconfiam de tudo e todos, tomam nota de suas descobertas e planejam suas próximas ações de acordo com as pistas obtidas – características que marcam os livros de Christie e Doyle.
Agatha Christie nos cinemas: Relembre as adaptações cinematográficas da obra da 'Dama do Crime'Only Murders in the Building também tem inspiração na série policial Assassinato por Escrito – com Angela Lansbury – e no filme Um Misterioso Assassinato em Manhattan, dirigido por Woody Allen. Mas seus protagonistas não são tão competentes quanto a escritora Jessica Fletcher ou a dona de casa Carol (Diane Keaton). Em conversa com o Daily News, Steve Martin esclarece: "Existe uma tradição do humor policial. É quase um gênero. E eu queria entregar ao público a intriga que senti assistindo ao show de outras pessoas."
A CIDADE DE NOVA YORK É A VERDADEIRA PROTAGONISTA
Assim como o longa de Woody Allen, Only Murders in the Building traz Nova York como pano de fundo. Mais do que usar seus cenários, a produção faz uma homenagem à cidade. "Se alguém me perguntasse qual o tom da série, eu diria que é um tom nova-iorquino, porque só aqui você encontra todo tipo de maluquice em menos de 10 quadras", afirma o cocriador John Hoffman em entrevista à Folha de S.Paulo.
Hoffman reforça a importância do Arconia como personagem e lembra que o próprio Steve Martin mora em um desses edifícios pré-guerra. "Ele me convidou para jantar no começo do projeto, e eu ainda estava muito animado e nervoso", diz o roteirista. "Quando estava subindo, entrou uma senhorinha no elevador. Foi quando reparei que era a comediante, autora e diretora Elaine May, e pensei que aquela era uma experiência muito nova-iorquina. Você sempre encontra todo tipo de pessoa nesses predinhos."
Como uma sátira da excentricidade de Nova York, a série reúne personagens que representam um subconjunto da cultura local – em especial do elitizado Upper West Side. Charles é um ator desempregado que experimentou um breve sucesso em um programa policial e hoje não consegue sair do papel. Já Oliver é um expansivo diretor da Broadway cuja carreira afundou depois de colocar uma piscina nos palcos. Mabel, por sua vez, é uma jovem reservada e misteriosa que está morando no apartamento da tia.
Diários de Intercâmbio, Para Todos os Garotos 3 e mais comédias românticas ambientadas em Nova YorkJuntos, os três demonstram que as construções da cidade têm, de fato, uma personalidade própria. "Nova York foi crucial por causa dos prédios e pela maneira como as pessoas estão amontoadas neles", conclui Steve Martin para o Daily News.
A primeira metade de Only Murders in the Building está disponível para quem assinar Star+, com mais cinco episódios a serem lançados toda terça-feira.