Desde 2017, La Casa de Papel é um dos carros-chefe entre as produções originais da Netflix e, em 2021, finalmente chega à uma conclusão. Com o desfecho dividido em duas partes de 5 episódios cada, a primeira metade da 5ª temporada chegou ao streaming nesta sexta-feira (3), oferecendo aos fãs um pacote com todos os elementos que tornaram a série um fenômeno: planos mirabolantes, drama de novela e ação. E agora, todos esses ingredientes são levados à máxima potência.
Os acontecimentos dos novos episódios começam exatamente onde a 4ª temporada da série terminou, tendo como ponto de partida a captura do Professor (Álvaro Morte), surpreendido em seu esconderijo por Sierra (Najwa Nimri). A dinâmica entre os dois personagens funciona bem: temos duas pessoas de sangue frio, mas que usam essa característica de formas opostas e que parecem estar à altura de competir uma contra a outra.
Professor x Sierra: Briga de gigantes
Ao longo destes 4 anos, vimos o Professor se safar das situações mais improváveis e o surgimento da inspetora na 3ª temporada foi uma boa adição para que o público pudesse sentir, ao menos um pouco, que o personagem sofre algum risco de verdade. Agora, o combate entre os dois precisa ser decisivo e, como eles já vêm fazendo desde que tiveram contato pela primeira vez, a briga é mais psicológica do que física - um ponto positivo para dar ao público um respiro da guerra incessante que está acontecendo dentro do banco.
São muitas (mesmo!) as tentativas de manipulação de um lado e do outro e a história entre os dois caminha sem pressa, passo por passo, com os dois em um pingue-pongue mental. Mas, no fim, com a experiência que La Casa de Papel entregou ao público até agora, a expectativa é muito mais de descobrir como o Professor vai escapar dessa vez do que se ele vai conseguir escapar - o que não é necessariamente um fator negativo e torna essa tensão muito mais um jogo de xadrez e a espera pelo xque-mate.
Aqui, vale ainda destacar o peso que Najwa Nimri traz para a personagem: sem dúvidas é ela a atriz de maior destaque no elenco e a que carrega mais responsabilidade para equilibrar os pratos. Para que ela realmente ganhe o público, precisamos enxergar igualmente o poder de seu raciocínio lógico e a capacidade de tomar medidas drásticas impulsionadas pelo desespero. O sarcasmo e o olhar perturbador da atriz de Vis a Vis são fundamentais para esse trabalho, ao mesmo tempo em que o fator gravidez acrescenta um peso emocional tanto para Sierra, quanto para o público.
Guerra sem fim e personagens invencíveis
Os preparativos para confronto entre os ladrões e o exército já vinham sendo cozinhados desde a 4ª temporada e a guerra começa já nas primeiras cenas. Construído para impressionar o público, o combate é o grande foco da temporada e testa a habilidade dos protagonistas tanto para a briga direta, quanto para as estratégias. E aqui eles praticamente ganham superpoderes.
É difícil acreditar que um ser humano possa sobreviver a tantos tiros, explosões, quedas, socos e todos os outros danos físicos e La Casa de Papel aposta no ritmo intenso da ação e no barulho para ganhar o público pela falta de fôlego - há diversas sequências que parecem ser o fim da linha para os personagens e cada fim de cena, a espera pelo “morreu ou não morreu?” é que leva a história adiante. Esse clima Highlander não chega a ser um grande incômodo porque a série já habituou o público às reviravoltas sobre-humanas, mas as idas e voltas dos limites pode criar maior expectativa justamente por essas reviravoltas do que pelo destino dos personagens.
Flashback de Berlim é destaque
Os trailers e o próprio streaming já haviam adiantado que a nova temporada traria uma nova parte do passado de Berlim (Pedro Alonso), trazendo para a história o filho dele, Rafael (Patrick Criado), um jovem engenheiro superinteligente, mas que tem uma relação difícil com o pai, com dificuldade de se conectar com ele. O flashback dessa história é o grande destaque da temporada fora das cenas de ação: os dois executam plano de roubo que faria inveja ao protagonista de Lupin - na verdade, que parece ter sido retirado diretamente da série francesa da Netflix.
Como de costume, alguns dos outros protagonistas também têm seus flashbacks relembrando a vida antes do roubo. As cenas têm o objetivo de deixar claro com todos os detalhes ao espectador exatamente como e por quê os personagens estão onde estão, mas, honestamente? Quem não se convenceu das motivações deles até hoje, provavelmente não vai mudar de ideia agora. Os flashbacks, portanto, não são parte fundamental da narrativa e ficam mais para emocionar os fãs e não deixar de fora o lado novelesco que os fãs também gostam.
Suspense no final
A primeira parte da temporada funciona mais como um filme longo porque os finais dos episódios não deixam ganchos muito misteriosos para os próximos - e não precisam: a esta altura do campeonato saber como a história vai acabar é o mais importante. No 5ª e último episódio desta leva, claro, um clima de tensão enorme é deixado no ar. Como era de se esperar, a resolução das principais tramas ficarão para a parte 2, em dezembro, que certamente contará com uma audiência atenta e curiosa.
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