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    The Boys: O que o lançamento de episódios semanais significa para o universo das séries?

    Adotando uma estratégia de lançamento diferente da inicial, a segunda temporada de The Boys acabou gerando raiva de uma parcela de fãs.

    Atualmente, com uma rotina cada vez mais corrida e uma liquidez crescente na maneira como acompanhamos qualquer tipo de conteúdo, tem se tornado impossível ser tão regrado em relação aos episódios de séries: e talvez tenha sido justamente por isso que uma parcela de fãs furiosos foi aos sites de reviews e fóruns online para reclamar da nova estratégia de lançamento de The Boys, que chegou recentemente em sua segunda temporada no Amazon Prime Video.

    Para começar a entender, pense com a gente: chegar em casa cansado(a) depois de um longo dia de trabalho, correr para o sofá antes mesmos de realizar outras necessidades biológicas e ligar a televisão com pressa para poder o novo episódio da série que você já acompanha religiosamente há um tempo: parece uma realidade completamente distante, mas há pouco mais de 10 anos esta era uma cena muito comum em milhares de lares mundo afora.

    Segundo o showrunner de The Boys, Eric Kripke, os três primeiros episódios foram disponibilizados primeiro enquanto os outros sairiam ao longo das semanas seguintes para que o público pudesse "assimilar o impacto". Mas da nova estratégia da série ao hate descabido de alguns fãs, que outros pequenos significados traz essa história?

    O NOVO HATE AOS EPISÓDIOS SEMANAIS

    "Estamos em 2020... não queremos episódios lançados aos poucos. Que vergonha, eu estava ansioso para assistir, mas agora vou apenas esperar e torcer para que seja cancelada, assim eu assisto logo todos de uma vez". Por mais sem sentido que pareça, é um dos vários comentários que classificaram a segunda temporada da série com apenas uma estrela, nota mínima em muitos sites de reviews. 

    Mas se o problema dos episódios serem lançados aos poucos é aparentemente geracional, por que no Brasil não há tantas opiniões parecidas com esta? Tantas respostas caberiam aqui, mas a principal diz respeito à demora que tivemos por anos para adotar tendências comuns nos Estados Unidos: demoramos para ter o costume de assistir séries semanalmente e demoramos para perder o costume, o que tornou a questão mais "tranquila". 

    Um dos comentários de com nota baixa que chama atenção finaliza com: "desisto, vou voltar para a Netflix". Atualmente considerada a maior plataforma de streaming do planeta, a Netflix foi uma grande contribuinte para que o consumo ficasse cada vez mais acelerado, e isso apenas se comprova com a adição da ferramenta que permite assistir séries e filmes em velocidade mais rápida. E como The Boys se aproveitou disso?

    A NOVA ESTRATÉGIA DE THE BOYS

    Segundo Erick Kripke, a decisão de lançar os episódios de maneira semanal acontece especialmente porque vivemos um momento no qual séries são lançadas de uma vez só, rápido demais, e acabam caindo no esquecimento: "Quando lançamos a série toda de uma vez, as pessoas consomem tudo, ela vira um sucesso por um tempo, e depois cai no esquecimento."

    "Mas desse jeito você pode falar a respeito da temporada num geral, mas também sabe que pode ser muito bom analisar as particularidades de cada episódio. Há tantos momentos ótimos na 2ª temporada e queremos dar tempo para causar impacto", concluiu. E isso acaba indo bastante de encontro também com o que foi dito sobre a influência da Netflix. Produtos são consumidos rápido, esquecidos rápido e refeitos rápido. 

    Talvez The Boys esteja revivendo uma condição quase que necessária de lançamentos semanais em grandes séries do cenário mainstream. Pode parecer por um instante que estou falando a respeito de algo que continua sendo super comum, mas para realizar um último exercício, pare para pensar: quantas das suas séries preferidas ainda estão no ar e lançam um episódio por semana? E caso elas lancem, você assiste tudo de uma vez ou prefere esperar? E caso assista tudo de uma vez, fica a reflexão final: por que acha é assim? Teriam os espectadores se adaptado ao modelo de consumo rápido ou as séries desenvolvendo conteúdo já pensado para ser consumido sempre desta forma?

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