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    Carenteners: Série da Warner produzida por Érico Borgo e Aline Diniz retrata vida na quarentena (Entrevista)

    Ana Tardivo e Mateus Sousa tiveram o desafio de atuar sem se conhecerem!

    Warner Channel

    A quarentena e o distanciamento social decorrentes da pandemia do coronavírus fizeram com que as pessoas ficassem invariavelmente mais carentes, e tivessem que reinventar seu cotidiano, seu modo de se relacionar e até mesmo a forma de fazer filmes e séries. Assim surgiu Carenteners, nova série da Warner Channel, que conta justamente a história de um casal que se conheceu um pouco antes da pandemia chegar ao Brasil. Agora, eles precisam encontrar formas manterem a chama viva através de telas do computador e do celular, enquanto lidam com seus próprios problemas e a inevitável carência.

    Com episódios de cerca de 5 minutos, lançados duas vezes por semana no canal a cabo e no YouTube, Carenteners aposta em muitos recursos visuais na tela, de forma criativa e jovial. A premissa lembra Buscando…, excelente filme de 2018 estrelado por John Cho, ambientado inteiramente através de telas de aparelhos eletrônicos. A série brasileira não deixa a desejar frente ao filme Hollywoodiano.

    Série conta cotidiano e problemas na quarentena através de tela de computador

    Warner

    O AdoroCinema conversou com o elenco e a equipe durante uma coletiva virtual sobre os desafios de gravar uma série à distância, durante a quarentena. Carenteners é produzida em parceria com a Huuro Entretenimento, produtora novata no mercado, mas já encabeçada por veteranos do mundo do entretenimento: Aline Diniz e Érico Borgo, que criaram a ideia a partir de uma conversa sobre o momento atual e atuam como produtores executivos. Segundo Diniz, estar do outro lado em uma coletiva de imprensa foi o mais surpreendente e empolgante.

    Carenteners atropelou tudo, porque íamos passar um tempo desenvolvendo a produtora e fomos atropelados pela própria ideia”, explicou Érico Borgo. Ela fala muito com esse momento que estamos vivendo, da pandemia, de estar trancado em casa, em segurança. Mas ao mesmo tempo tem outra coisa que vai acontecendo. Quem está trancado em casa, está a salvo do vírus mas não de uma série de outros problemas, como a ‘carentena’ como estamos chamando aqui, casos de depressão e etc. As redes sociais espelham essa conversa das pessoas, muita gente reaprendendo como lavar um banheiro e as medidas para sair para a rua. Então, todo mundo se relacionamento de outro jeito, a série fala um pouco disso e mas também de uma coisa curiosa, que é como o excesso de informação nunca esteve tão presente na vida das pessoas. No escritório, você levanta, vai tomar um café, fala com o colega. Já o home office é brutal, você fica o tempo inteiro sentado na cadeira sendo bombardeado, existe uma aflição nesses tempos, que tentamos refletir na série. É você entender as narrativas enquanto aquele volume de dados está acontecendo ali na sua cara o tempo todo.”

    “Tentamos retratar o Brasil, as características brasileiras dentro do contexto social e as pessoas se reconhecerem. Tentar mostrar que não é só você, você não está carente sozinho, você também teve seus sonhos adiados, essa é a importância”, disse Silvia Fu Elias, diretora de Conteúdo da Warner Channel. “Era uma chance de oferecer uma coisa nova para as pessoas se distraírem e se identificarem, quando muitas séries tiveram que ser interrompidas no meio da produção.”

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    Atores tiveram o desafio de gravar sozinhos em suas próprias casas

    Warner

    “Todas as gravações foram feitas à distância, respeitando todos e quaisquer protocolos de segurança e proteção, o que causou diversos desafios para os atores que além do trabalho natural de ler textos e interpretar, ainda tiveram que se gravar, conectar na rede, montar a luz e tudo o mais”, explicou Silvia Fu Elias.

    Para montar o projeto, os protagonistas Ana Tardivo e Mateus Sousa, que interpretam o casal Cecília e Marcos, abriram suas casas para se transformarem em cenário, eles precisaram gravar a si mesmos, montar a iluminação, maquiar-se e ainda interpretar personagens sem se conhecer pessoalmente.

    “Como atriz, viver isso é um grande privilégio estar trabalhando e é uma honra fazer parte desse projeto tão precioso. Mostra para a gente todos os dias que é possível, está acontecendo e é muito maravilhoso. Nunca tive muitas habilidade tecnológicas, eu nunca tinha colocado o celular num tripé! Foi de um dia pro outro receber aqui em casa os equipamentos, coisas que eu não tinha nem mexido, e ter que montar, e graças a Deus tem uma equipe que ajuda”, explicou Ana. A atriz mora em uma quitinete e teve que transformar no quarto de Cecília, que mora com a mãe.

    Mateus também exaltou como foi transformar seu apartamento. “Os espaços ganham ressignificações, a sala vira quarto, o quarto vira banheiro, são coisas que a gente vai se adaptando de forma criativa, sendo orientado por uma equipe incrível”, disse o ator. “Para mim, é um privilégio enorme, uma honra poder contar essa história de uma forma totalmente diferente do que a gente imagina”. Na trama, seu personagem divide o apartamento com um colega “malucão”.

    Warner Channel

    “Numa gravação convencional, a gente tem uma atenção e o foco em fazer um trabalho com texto, cena e contracenar com parceiros de cena”, complementou Mateus. “E nesse exige mais, porque você tem que estar focado no personagem, no figurino, na iluminação, no cenário. Então é um trabalho redobrado que exige muito mas acaba ampliando o olhar e aprendendo outras funções”, afirmou. “Estou valorizando mais o trabalho de todo mundo”.

    “Acabamos invadindo os espaços da Ana e do Mateus mas acho que é isso que traz autenticidade para a série”, comentou Aline Diniz. “Porque é o espaço deles. Ao mesmo tempo que o ator se doa um pouco para o personagem, é curioso eles emprestarem coisas da vida deles para o personagem também, porque muito poucas coisas da casa deles foi de fato mexida.”

    “Está sendo ótimo conectar a paixão por algo que é além do físico”, ressaltou Ana. “A gente não se conhece pessoalmente, mas estamos tão conectado, abrindo a casa, abrindo o coração, é um grande desafio estar nesse momento que estamos numa carga de tantas informações e tantas emoções, e lidar com a delicadeza e fragilidade desse momento”.

    Além de não se conhecerem pessoalmente, os atores não contracenaram “ao vivo”, em uma chamada de vídeo, por exemplo. “É muito louco porque quem dá a réplica da fala é o diretor. Temos todo um processo de imaginar como a parceira de cena reage, no caso a Ana, que eu contraceno bastante. Imaginar como é o timing dela, as características, como ela fala, para tentar casar o ajuste. É uma coisa muito difícil, que acho que na edição deve dar muito trabalho.”

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    Carenteners foi produzida em tempo recorde

    Warner

    De fato, a produção foi feita às pressas, para aproveitar o momento atual. “Nós nos impomos uma pressão pelo ineditismo do Carenteners em colocar a série no ar o mais rápido possível. Para conseguirmos nos relacionar com as pessoas enquanto elas estão dentro de casa”, explicou Borgo. 

    Silvia Fu ainda comentou que, desde o sinal verde da produção até a estreia do primeiro episódio na Warner Channel foram somente 25 dias. Para fazer um comparativo, o desenvolvimento de produções tradicionais do canal levam em média 18 meses. Assim, cada episódio foi gravado em cerca de 3 a 4 dias.

    “Eu amo a multidão do set, cada um focado especificamente na sua parte do trabalho, acho que isso contribui muito. Quase todo trabalho no mundo é colaborativo e o nosso de arte sem dúvida. Precisamos de todos os eletricistas, iluminadores, câmeras, figurinistas, maquiadores, acho que isso não vai ser substituído. Porque tendo uma engrenagem totalmente azeitada, cada um no seu papel, o conteúdo final é sim muito melhor e se faz mais rápido”, destacou.

    Carenteners é de baixo orçamento no sentido que estamos usando celular, ring light, coisas mais simples de operar e equipamentos de alguma forma mais barata. Mas por outro lado, o tempo que se gasta é grande. Para uma série que são episódios de 5 minutos, são bastante diárias. Nossas séries de de 30 minutos são gravadas em 3 dias, estamos fazendo os mesmos 3 dias para uma série de 5 minutos. Tenho certeza que a Ana e o Mateus estariam ainda melhores em seus papéis se não tivessem que se preocupar com nada. Mas é o que dá pra fazer nesse momento, dando segurança para a equipe inteira, afirmou”

    “A aceitação de um conteúdo mais disruptivo e experimento tanto de formato quanto de conteúdo, o público está aceitando hoje porque está na mesma situação que a gente. Se quiséssemos oferecer uma solução de baixo orçamento, que privilegia mais o roteiro em detrimento da qualidade estética, não sei se o público aceitaria em outra condição”.

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    E depois? Carenteners pode ter uma 2ª temporada?

    Warner

    “Acho que a história não se encerra”, revelou Silvia Fu. “A vida desses personagens pode se transformar e continuar não só fechados nas suas casas. Acho que séries, principalmente essas tão frescas e relacionados com os momentos, tem que evoluir junto com as pessoas.”

    Sobre a série ser assistida em um momento pós-pandemia, ou ter “prazo de validade, Érico Borgo afirmou: “Aconteça o que acontecer, vamos lembrar desse momento para sempre. Porque é algo que nunca imaginamos passar, quer dizer, a ficção sempre nos preparou para esse dia, várias séries e filmes nos prepararam. Felizmente não foi um ataque zumbi nem nada”, brincou ele. “Se a série for continuar, talvez a estética e a técnica mude, mas vai ser incrível ver essas pessoas reunidas em cena, seria formidável. É algo que queremos que aconteça, porque vai passar uma temporada inteira de nós entendendo os personagens em isolamento. Isso vale para a ficção mas também para nós, da equipe e elenco, que não nos conhecemos.”

    Onde assistir a Carenteners?

    Carenteners vai ao ar às terças e quintas, às 21h40, logo após The Big Bang Theory, na Warner Channel. Todas as quartas-feiras, os dois capítulos da semana são disponibilizados no YouTube.

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