O universo escolar está prestes a ser retratado nas telinhas de uma maneira diferente em Sala dos Professores, série que estreia no início de 2020 no Cine Brasil TV. Estrelada por nomes como Cláudia Missura, Kiko Pissolato, Marcello Airoldi e João Côrtes, a produção inova ao trazer como referência de linguagem o mockumentary, como um “falso documentário”.
A trama acompanha a rotina dos educadores Teresa (Claudia Missura), Daniel (João Cortês), Álvaro (Kiko Pissolato), Lázaro (Markinhos Moura), Reca (Fafá Rennó), Olivério (Gedio Amadeu) e Mariana (Carolina Borelli), que, entre tantas questões, estão preocupados também com a chegada de um diretor que vem do universo empreendedor, Alfredo Whitaker (Marcello Airoldi).
Durante as filmagens, que aconteceram em São Paulo, o AdoroCinema pôde acompanhar a última - de 32 diárias - na Praça Roosevelt, no centro da capital paulista. Além dos diretores Daniele Ricieri e Thomas Miguez, estavam por lá Cláudia Missura, Kiko Pissolato, Marcello Airoldi e João Côrtes prontos para um dia de filmagens em um bar.
Mas o que professores fariam em um bar? Naquele dia, a gravação era de um episódio que trará a confraternização docente, o que faz parte da ideia da série de retratar a vida dos professores para além da sala de aula.
O projeto foi criado por Thomaz Miguez ao lado de Leonardo Côrtes em 2011: “Queríamos falar sobre educação e fomos fechando o foco, até decidirmos falar sobre os professores, e foi uma opção mesmo, não abordar pelo ângulo dos alunos, porque achávamos que esse era um recorte assim muito comum na tradição da dramaturgia e do cinema. A gente queria falar sobre os professores, que, geralmente, eram coadjuvantes em todas as séries e filmes do ambiente escolar”.
Esse universo será retratado através do estilo que promete aproximar o telespectador através de “depoimentos” e interação dos personagens com a câmera, assim como acontece em Modern Family, uma das produções que serviram de inspiração para a série. Dessa maneira, os diretores se viram de frente a um desafio: o mockumentary é raramente utilizado no Brasil.
“Esse estilo dá muita liberdade criativa, então podemos ousar. E também, cinematograficamente, de ser uma linguagem de documentário, a série não tem um preciosismo estético como teria se fosse uma série de ficção”, disse a diretora Daniele Ricieri.
Para Thomaz, o mockumentary é uma aposta da dupla por saberem que é muito diferente da tradição da comédia televisiva brasileira. “É desafiador porque a gente tem que ter cuidado para dar uma consistência a esse universo. Quando você faz um falso documentário, uma série de ficção e conta uma história nessa linguagem, você não pode trair a linguagem. Então, desde o roteiro, a gente tem que prever situações onde a câmera possa estar”, contou ele.
O desafio desse formato, para Airoldi, é criar uma convenção que seja completamente crível. “Criar esse universo em um tom acima do comum, apesar de ser uma comédia, é um tom acima do real, especialmente quando você vê ‘The Office’, que é tudo tão real, tudo tão normal e que você caminha para absurdos dentro de um contexto que seja completamente cômico e crível dentro da linguagem que a gente criou”, afirmou.
Kiko Pissolato, acostumado a fazer humor no teatro, vai aproveitar a série para mostrar o seu lado cômico nas telinhas com Álvaro, um educador de história: “‘Sala dos Professores’ me pegou de cara por ser um projeto diferente em termos de linguagem, porque não é um estilo que estamos habituados a fazer no Brasil, é um desafio que se tornou interessante por isso”.
Já João Côrtes, que vive Daniel, um professor de literatura, explora sua outra faceta: um personagem tímido e romântico. “Ele é muito introspectivo, doce, romântico, poeta, cheio das crises e com melancolias. Aos poucos, durante a série, ele vai desabrochando e ganhando confiança. A comédia dele, assim como a série, está em um lugar muito sútil que é no desconforto. Para ele, nada é engraçado, a gente na verdade ri dele, porque as situações que ele passa são sempre muito desajustadas”, revelou o ator.
“É uma série muito linda porque ela valoriza o trabalho do professor, é uma homenagem a esse trabalho que é tão nobre e tão desvalorizado infelizmente no nosso país, sendo que a educação é muito importante. É uma carta linda de amor ao magistério”, disse João Côrtes sobre a série.
Para Cláudia Missura, a representação do Brasil atual talvez esteja exatamente no papel de Marcello, o novo diretor e gestor Alfredo Whitacker. “Na série, eles colocam alguém na educação que não sabe nada sobre educação, qualquer semelhança é mera coincidência. É o que acontece no nosso país hoje, colocando profissionais em áreas que não são do ramo”.
A atriz ainda pontuou que o intuito da série não é levantar bandeira, mas que para ela a mensagem vai além da comédia: “Para mim, o objetivo é conseguir colocar foco na importância desses guerreiros, mostrar o valor dos professores, que é realmente uma profissão que deveria ser melhor paga, com alegria, com bom texto”.
Em meio a câmeras, depoimentos e situações surreais, a primeira temporada de Sala dos Professores estreia no primeiro semestre de 2020 no Cine Brasil TV.