Alberto Santos Dumont, considerado o pai da aviação, é um dos personagens mais populares da nossa história e, ao mesmo tempo, com uma vida enigmática e misteriosa. É a vida desse herói nacional (pouco conhecido no mundo) que a HBO quer mostrar em sua nova série, Santos Dumont, que estreia neste domingo em 70 países e terá seis episódios.
Em evento organizado pela HBO, o AdoroCinema conferiu o primeiro episódio de Santos Dumont. Podemos notar nessa primeira hora que o canal investiu bastante na beleza técnica da produção, que traz uma reconstrução do ambiente do fim de século XIX e início do século XX. O canal recriou a maior frota de máquinas criadas pelo gênio (incluindo uma réplica do 14 Bis), o que traz para o espectador um belo vislumbre real de como eram as engenhocas que começaram a dar asas ao homem.
A trama acompanha a trajetória do aviador, desde a infância nos cafezais de sua família no Brasil até a vida adulta no aeroclube e nos céus de Paris, misturando essas duas linhas do tempo. Nesse primeiro episódio podemos perceber que o pai do aviador terá um papel fundamental na formação de sua persona e, por isso, tantos flashbacks são necessários e importantes.
Enquanto na vida de criança vemos algumas interpretações mais plásticas, em sua maturidade, o ator João Pedro Zappa consegue exprimir a aura do vaidoso e genial inventor, e ainda manda muito bem nos diálogos em francês. Aliás, apesar de ser uma produção nacional, espere por muitas cenas legendadas, pois os diretores Estevão Ciavatta e Fernando Acquarone decidiram por manter cada diálogo em seu idioma original, ou seja, nos salões de Paris ouviremos francês, inglês ou espanhol, e pouco português.
A vida de Santos Dumont sempre foi recheada de mistérios, principalmente em relação à sua sexualidade, relacionamentos amorosos (os diretores já afirmaran que não vão entrar nessa polêmica, pois não é importante para a história que querem contar) e as razões do seu suicídio aos 59 anos. O produtor Roberto Rios adiantou durante a coletiva de lançamento da série que essa aura enigmática deve ser o tom do personagem. "Ele foi um homem misterioso e enigmático e a gente preferiu mantê-lo [assim]; as pessoas se atraem por ele. O Brasil não fala de seus heróis, os EUA e a Europa fazem isso todo ano. Nós precisamos falar sobre nossos heróis", disse.
Apesar de todo o apuro visual, falta uma engrenagem mais empolgante nesse episódio inicial. Fica a sensação de estarmos vendo mais a vida de um playboy, que por coincidência é um gênio da mecânica, do que realmente os desafios do grande inventor do avião. Os diretores prometem que até a metade da temporada devemos ver mais cenas de triunfo e brilho de Santos Dumont, e após isso teremos mais conflitos (incluindo a polêmica com os Irmãos Wright sobre quem realmente criou o avião). Pode ser um início ainda burocrático para situar o espectador em seus cenários e personagens. Mas para uma série com apenas seis episódios, seria melhor decolar com mais agilidade.
Santos Dumont será exibida todos os domingos, às 21h