Escolher as melhores festas para comparecer. Participar de campeonatos de videogame. Brincar de "verdade ou desafio" com intenções amorosas. Criar paixões não correspondidas. Se você foi um adolescente neste mundo globalizado, provavelmente já passou por alguma destas situações, e nem mesmo a turminha mais famosa da cultura popular brasileira poderia fugir desta regra.
Há alguns anos, a MSP (Maurício de Sousa Produções) resolveu expandir suas clássicas histórias em quadrinhos das crianças do Bairro do Limoeiro para uma vertente mais adolescente, buscando angariar novos públicos e reformular as tramas para novos horizontes: assim nasceram as edições de Turma da Mônica Jovem. Explorando temáticas que iam desde puberdade até esoterismo, os arcos foram um sucesso tão grande que foram parar nas telinhas.
Desenvolvida pelo Cartoon Network, a série Turma da Mônica Jovem estreia neste dia 7 de novembro na TV a cabo, mas o AdoroCinema teve acesso exclusivo aos dois primeiros episódios — cada um com cerca de 10 minutos de duração.
Apresentando novos traços ao grupo composto por Cebolinha, Mônica, Magali e Cascão, a animação ganhou toques sutis e muito bem-vindos da estética oriental, inspirando-se nos exageros característicos dos shounens (animes mais voltados ao público jovem masculino). Seu direcionamento a uma geração que claramente cresceu acompanhada à tecnologia também é refletida através das referências a elementos como redes sociais e jogos online, por exemplo.
Seguindo uma fórmula que deu certo nas HQs que a inspiraram, a série faz um bom trabalho em catalizar os principais traços de personalidade do quarteto em algo muito mais palpável e menos caricato. A Magali, por exemplo, continua comendo bastante, mas dentro de um contexto mais realista. Os planos infalíveis do Cebolinha foram substituídos por grandes doses de inventividade, dando um atrativo diferenciado para o personagem, o que acontece também com o Cascão e com a Mônica em suas devidas proporções.
Assim como acontece na vida de boa parte dos jovens desta geração — e adultos também, é claro —, a internet é praticamente um fio condutor em diversas partes das rotinas grupais. E em uma série que retrata acontecimentos da vida de quatro adolescentes não poderia ser nem um pouco diferente. O Instagram (ou seu equivalente genérico), por exemplo, é um dos pontos de virada na trama do piloto.
Outro ponto interessante é a presença dos personagens secundários que receberam seus próprios aprofundamentos à medida do possível. Xaveco, Jeremias, Carminha, Denise, Cascuda, todos continuam integrando parte da equipe do Limoeiro, dando a entender, inclusive, que ganharão episódios fillers apenas para si futuramente.
As cores que sempre acompanharam os integrantes da turminha nas histórias clássicas ganharam maneiras criativas de serem implementadas também. Aliás, pode-se dizer que a decisão partiu de uma ideia original, já que os arcos da Turma da Mônica Jovem são lançadas padronizadamente em preto e branco. A Magali usa calças e acessórios amarelos, o Cebolinha alterna os detalhes de suas camisas a tons de verde, e por aí vai.
Buscando adotar uma linguagem um pouco mais diferenciada e antenada, a estética também conta com alguns emojis personalizados para marcar expressões de paixão, raiva, tristeza, etc. De tudo que foi observado até agora, talvez essa questão tenha sido a única que chegou perto de ser um incômodo pela quantidade de vezes que é utilizada.
Contudo, Turma da Mônica Jovem parece cumprir bem duas missões teoricamente distintas até então: unir a atenção dos espectadores mais assíduos da turminha clássica e aqueles que preferem dar preferência às obras mais "adultas" e modernas. Com espaço para romance, amizade, diversão e, possivelmente, futuras questões mais relevantes (ao menos assim espera-se) aos jovens, a série tem tudo para trilhar um terreno próspero.