Explosivo. Com o perdão do trocadilho, esse sempre foi um adjetivo capaz de resumir Ilha de Ferro, ambiciosa aposta da Globoplay sobre a vida dos petroleiros. Além dos grandes riscos diários das rotinas de tais trabalhadores, os dramas pessoais dos protagonistas também culminavam em consequências tão perigosas quanto. Mas como manter o mesmo frescor para uma segunda temporada? Muitas séries apostam em aumentar as características já vistas. Por sua vez, a obra de Afonso Poyart (2 Coelhos, Mais Forte que o Mundo) investe em não perder tempo.
O AdoroCinema teve a chance de conferir o primeiro episódio da nova temporada de Ilha de Ferro, que aproveita bastante da maior vantagem de retomar para uma nova leva de episódios: não precisar perder tempo introduzindo os protagonistas. Obviamente, existe a necessidade de inserir novos contextos e personagens, mas a narrativa nunca pausa por conta disso.
Com um salto no tempo e a prisão de Bruno (Klebber Toledo), Dante (Cauã Reymond) se tornou chefe da plataforma PLT-137, só que as pressões da vida o transformam numa pessoa controladora. Afinal, Leona (Sophie Charlotte) abandonou a filha pequena, deixando-a sob seus cuidados. Num ambiente isolado como seu local de trabalho, não demora muito para o clima de bomba relógio explodir, onde um incidente faz seu caminho cruzar com a psiquiatra Olivia (Mariana Ximenes), determinada a fazê-lo enfrentar os problemas. Para completar, Júlia (Maria Casadevall) retorna para balançar seus sentimentos e atrapalhar as ambições do irmão, Diogo (Eriberto Leão), presidente da Federativa. Ao mesmo tempo, a neta de João Bravo (Osmar Prado) se divide entre o protagonista e uma nova paixão, Ramiro (Romulo Estrela), comandante da Marinha.
Com tantos personagens entrelaçados, a segunda temporada chega já metendo o pé na porta, onde uma situação caótica na petroleira culmina num efeito dominó, que dá pontapé para a nova história. Para os fãs de ação, o gênero segue como principal característica, junto ao drama de Ilha de Ferro, e deve agradar aqueles que curtem sequências de tensão. De seu ano anterior, a série também carrega o excelente trabalho de fotografia e o capricho em efeitos especiais práticos — que só prometem aumentar com o arco da Marinha, através de Ramiro. Só que, as vezes, a direção frenética de Poyart mais atrapalha do que ajuda, mesmo que sirva para representar a urgência de cada situação.
Por apenas um episódio, ainda não dá para julgar muito as atuações das novidades do elenco (onde Mariana Ximenes já ganhou um destaque a mais), pois ainda estão presos em situações clichês. Quanto aos veteranos, Casadevall mostra estar bem a vontade como Júlia, mas é Reymond quem domina a tela. Desde de sua forma de portar até o tom de voz, Dante segue com uma presença avassaladora, lidando com as imperfeições e complexidades do personagem de forma brutal. Sem falar como ver Osmar Prado na telinha é sempre algo que merece ser apreciado.
Se depender do episódio de estreia, a segunda temporada de Ilha de Ferro promete agradar aqueles que já são fãs da obra criada por riada por Adriana Lunardi e Max Mallmann. Mas segue como uma opção interessante para novos espectadores, ao mostrar que o Brasil também pode fazer séries de grande produção. Só resta torcer para ela não se perder em clichês por valorizar tanto a estética.
Ilha de Ferro retorna em 25 de outubro. Relembre nossa entrevista exclusiva com o elenco, durante a primeira temporada: