Após um episódio de estreia que mostrou os núcleos de personagens em Alexandria e em Oceanside, The Walking Dead mais uma vez aproveitou seu potencial de elaborar episódios sobre um personagem em particular. No caso do 2º capítulo da 10ª temporada, a personagem em foco foi ninguém menos que Alpha, líder dos Sussurradores, com direito a muitos momentos em flashback.
Intitulado Nós Somos o Fim do Mundo (We Are The End of the World), o episódio aborda a relação entre Alpha e Lydia anos antes dos Sussurradores surgirem de fato. Ainda mais jovem, Lydia é uma criança assustada e extremamente dependente da mãe, que quer a todo o momento deixar claro seu amor e dedicação à Alpha. É um relacionamento marcado por tensão, que já aparece de maneira forte quando as duas andam em meio aos zumbis - mesmo sem as máscaras.
Mas, além de mãe e filha, também é através deste episódio que conhecemos a origem de Beta, assim como a amizade que surge entre os atuais líderes dos ameaçadores Sussurradores dentro de um local abandonado. Beta já usava um capuz que cobria todo seu rosto e, assim como o Governador, "guardava" uma pessoa que já foi especial em sua vida. Como podemos ver em uma foto que passa rapidamente em uma cena próximo ao fim do episódio, o jovem zumbi preso junto a Beta pode ser seu filho.
A amizade entre ambos nasce da urgência pela sobrevivência. Ao matarem zumbis juntos, Beta não demora para compreender que a essência de Alpha é ser direta e violenta (tanto com os mortos quanto com os vivos). Assim, logo ele se torna extremamente leal à sua parceira por conta de sua personalidade. De volta ao presente, uma seguidora dos Sussurradores dá praticamente um grito de lealdade à Alpha ao sacrificar a irmã - fato este que evidencia que as pessoas ao redor querem ser reconhecidas pela líder. A seguidora em questão ganha um novo nome, Gama, mostrando que Alpha está expandindo seu reinado de nomes e fiéis ao seu discurso.
Mas, como os fãs de The Walking Dead já sabem, Lydia está viva e Alpha esconde tal fato para mostrar sua força. No entanto, Beta acaba descobrindo a verdade e, mesmo assim, se mantém leal, sem a intenção de manipular Alpha ou provocar um motim entre os Sussurradores (coisa que seria muito fácil de acontecer diante de tamanha fraqueza). Quando a dupla entoa algumas palavras como "não tememos nada" e "não precisamos de palavras, somos livres" em uníssono, este violento e inteligente grupo de pessoas que convive com os mortos de forma tão natural se torna ainda mais interessante. Resta saber se ainda teremos um episódio focado mais em Beta no presente para entendermos mais de sua dor e o que se passa em sua mente.
Mesmo negando a maternidade para os outros, por dentro Alpha sofre com a ausência da filha e também necessita de um apoio emocional da mesma (vide as cenas no flashback, em que fica feliz quando Lydia diz que quer ser igual à mãe). É interessante ver esse contraste interno na personagem, mas isso não deve ser um fator que a torne enfraquecida diante dos duelos que estão por vir.
Fechando o episódio, vemos por um ângulo mais aberto o reencontro distante entre Alpha e Carol, que também é o desfecho do 1º episódio da nova temporada. A presença desta cena deixa ainda mais evidente que um novo (e grande) confronto irá acontecer dentro do arco principal de personagens e os Sussurradores, mas de todo modo, é interessante pausar um pouco a trama principal para entender um pouco melhor o pano de fundo de alguns personagens. Quanto a isso, The Walking Dead ainda tem o jeito. E qualquer episódio focado em Alpha certamente não será demais.