Indo muito além do que é abordado no Instituto Tantra e mergulhando a fundo no universo político e hacker, a 2ª temporada de A Vida Secreta dos Casais, que estreia neste domingo (13) na HBO Brasil, promete levar a personagem Sofia Prado (Bruna Lombardi, que além de protagonista é criadora da série) a níveis dramáticos ainda mais intensos e inesperados.
À convite da HBO assistimos ao primeiro episódio da nova temporada, que contará com 10 capítulos e apresentará uma Sofia movida pela vontade de investigar o assassinato de Daniel (João Paulo Lorenzon) – ainda que seja necessário tomar atitudes drásticas, realmente expondo sua identidade e limitando sua segurança.
Uma das grandes apostas brasileiras da rede, A Vida Secreta dos Casais traz inúmeros pontos de discussão dentro de uma trama fictícia. A começar pelo uso da tecnologia através de um grupo de hackers, pessoas que têm o intuito de trazer à tona informações da política que envolvem a corrupção de um banqueiro e seus negócios. A política também se faz presente desde a 1ª temporada, mas o novo ano da série promete explorar mais tal temática de forma a se comunicar diretamente com o arco de Sofia.
A tensão, segundo o diretor e também idealizador do projeto Kim Riccelli, é palavra garantida para esta temporada. Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema após a exibição do episódio inicial da 2ª temporada, Riccelli afirmou que o drama se fará mais presente do que antes. "Quando se tem uma 1ª temporada, você está ainda introduzindo, criando aos poucos o universo. Chegando na próxima você tem mais liberdade para intensificar tudo. A 2ª temporada começa de forma acelerada e isso se mantém até o fim. Ela ficou bem dramática e a ideia foi buscar temas e trabalhá-los de forma que tragam peso e força. A série reflete sobre o que está acontecendo em nossa realidade. Não só na política como também com os movimentos que têm surgido, com as pessoas se manifestando de diversas formas, às vezes em oposição", diz.
Desde o início da produção, uma das principais ideias de A Vida Secreta dos Casais foi o de abordar a política; tema que, hoje, mais do que nunca, está presente na vida dos brasileiros de maneira muito próxima e potente. "A ideia da série sempre foi explorar a política de um ponto de vista íntimo, sobre como a vida pessoal, o caráter de cada personagem é o que dita tudo. No fim das contas, a política são as pessoas, e as pessoas têm interesses – sejam grandes ou pequenos, todos eles afetam as vidas das pessoas no modo geral", explica Riccelli.
Roberto Rios, vice-presidente de Produções Originais HBO Latin America, encara a contemporaneidade da série como um de seus fatores de sucesso. "O fato de existir uma 2ª temporada já mostra que os espectadores querem saber o que aconteceu com aqueles personagens, com o Tantra, com o assassinato do presidente... Esse novo ano tem já o conforto de poder lidar com tudo o que foi contado antes, e ao mesmo tempo ela tem essa responsabilidade de honrar a 1ª temporada, levando a história para um nível superior. A Bruna, como escritora e atriz, leva a série a um patamar mais complexo e dinâmico, inclusive até mais contemporâneo que poderíamos imaginar quando escrevemos tudo há dois anos. O artista sempre está afinado com o que está acontecendo antes que todo mundo esteja prestando atenção. E quando ele fala algo e a coisa vira realidade, não é verdade; é que o artista tem essa sensibilidade de percepção."
Sobre o fato dos espectadores serem capazes de encontrar um diálogo da produção com relação às suas próprias vidas, Bruna Lombardi acredita que isso se deve ao fato da série ser como a vida: "Você tem personagens que buscam uma jornada interior, relacionamentos entre indivíduos que são casais, têm algum tipo de relação amorosa ou que estão apenas numa busca do despertar físico/sensorial, e ao mesmo tempo você tem a realidade, o choque entrando na vida das personagens, atrapalhando tudo. O que é muito louco, pois essa é a vida - elevada a uma grande potência por ser uma série. Mas a nossa vida é meio assim. Você busca por algo, vem com uma intenção e a realidade te traz a reviravolta", define.
A família composta por Lombardi, Carlos Alberto Riccelli e Kim Riccelli, idealizadores e realizadores da série, denomina-se "detalhista" com orgulho e afirma que o trabalho conjunto só acrescenta mais camadas ao projeto. "A gente pensa de modo complementar – quando não é igual. Algumas vezes eu vejo um ângulo, Carlos vê outro, Kim vê o terceiro... Vamos complementando. Mas, sem dúvidas, a gente se joga muito, não existe rede de segurança em nosso trabalho. Nos atiramos de cabeça e buscamos o melhor que podemos dar ao público", diz Lombardi, que completa: "O que está na tela sempre nos traduz e nos representa. A pior coisa do mundo é pensar: 'não era isso'. Nosso foco é contar uma história. Como roteirista, é muito importante não trair o personagem para resolver um problema seu de roteiro. Você vai se colocar num beco sem saída e tem que resolver, sem forçar ele a fazer algo que ele não faria só para resolver facilmente. O legal é tratar o público com respeito. Queremos levantar temas que são relevantes, que precisam ser discutidos e que vão colaborar com uma pequena transformação social."
Carlos Alberto Riccelli também comentou que a co-direção junto do filho tornou a experiência no set mais dinâmica. "Muitas vezes o Kim estava digirindo uma unidade de filmagem onde eu não entrava como ator, e eu ficava como diretor na outra unidade. Assim, eu mesmo me dirigi, enquanto deixava para o Kim algumas cenas em que sentia que seria bom ter o olhar dele. Kim conhece este mundo desde sempre. Ele já me dirigia quando era pequeno e sempre queria estar acompanhando ensaios", explica.
Quando o assunto recaiu para a abordagem de temas que podem ser considerados "tabus", mas que causam curiosidade no público, Kim Riccelli afirmou que A Vida Secreta dos Casais trouxe fãs que viram representatividade em tela. "O mais interessante é ver o retorno de pessoas que dizem: 'Foi tão bom ver esses temas tratados na TV, assim como esses tipos de personagens que normalmente são excluídos da dramaturgia no Brasil sendo tratados com protagonismo, sem tabus'." Completando, Roberto Rios diz que não existem temas tabus, mas temas bem tratados ou não tratados na ficção: "O mais legal de A Vida Secreta é que temos grandes temas que refletem na Sofia, como política, forças econômicas, corrupção, violência, tecnologia... E os pequenos problemas: infidelidades, segredos, traições. E, nesse mundo, se encontra o que o Tantra explora: universos que falam sobre comportamentos sexuais considerados diferentes - mas que não têm nada de diferente. Tudo isso leva Sofia a um mundo mais complexo de relações."
Para Carlos Riccelli, é justamente no tratamento de personagens que a série eleva sua potência. "Nenhum personagem é uma caricatura. Queremos falar de pessoas - então, temos que entender aquela pessoa com suas forças e fraquezas, com toda complexidade que o ser humano possui." E, ainda sobre os possíveis caminhos que a série tomará nesta 2ª temporada, Kim Riccelli instiga a curiosidade: "Sofia é a peça-chave para uma enorme série de acontecimentos que ela ainda nem vislumbra. Ao longo dos 10 episódios, vai descobrir cada vez mais o quanto ela é uma peça tão importante para o desdobramento de tudo. Suas ações e decisões terão um peso muito grande."
Preparados para o retorno da série? A 2ª temporada de A Vida Secreta dos Casais estreia em 13 de outubro, domingo, às 21h. A partir do dia 20 de outubro, o horário de exibição passa a ser sempre às 22h.