A renovação da série Sessão de Terapia, após seus cinco anos de hiato, vai desde os episódios que abordam casos inéditos até a mudança de protagonismo – que antes era posto do psicólogo Theo (Zécarlos Machado) e, agora, está nas mãos de Caio (Selton Mello). Tal repaginação também se estende à produção do Globoplay, que trará a série em dois formatos ao público: como streaming para assinantes do serviço a partir desta sexta-feira, 30 de agosto, e na televisão, pelo canal GNT, em data ainda não anunciada.
Com 35 episódios ao todo, a 4ª temporada de Sessão de Terapia ainda segue a cartela das outras temporadas: veremos as sessões de Caio com os personagens Chiara (Fabiula Nascimento), Guilhermina Nowak (Livia Silva), Nando Batista (David Junior) e Haidée Ortiz (Cecília Homem de Mello), e no fim de cada semana, um episódio será focado em Caio como paciente, e não como terapeuta. Morena Baccarin, como Sofia, é quem dá vida à terapeuta que escuta o terapeuta ao fim de uma semana exaustiva no trabalho – apesar de, na era do streaming, o espectador ter a oportunidade de ver o equivalente a uma semana de episódios em poucas horas.
O AdoroCinema conferiu aos primeiros cinco episódios da 4ª temporada e, apesar de todos exibirem pequenos fragmentos das problematizações de cada personagem (incluindo Caio), a série parece estar bem delineada no que diz respeito a trazer à tona discussões que vão de machismo, abuso mental e físico, dificuldades em se libertar do passado até a pressão da fama e modernidade. Portanto, por mais que exibam apenas uma área superficial de tais discussões, as histórias selecionadas para dar o tom da temporada são atuais e necessárias.
Os episódios que deixam ainda mais clara essa intenção de dar profundidade às personagens e suas vivências se dá com Chiara, Haidée e o próprio Caio. Chiara, uma atriz que entra na sessão escondida em vestes e óculos que a impedem de ser vista como realmente é, certamente tem o potencial de ser uma das sessões que mais aguçam nossa curiosidade – especialmente pela personagem ser uma atriz famosa ("com milhões de seguidores", como a própria diz a Caio) e moderna.
Haidée, por sua vez, é uma senhora que ficou viúva e, com isso, não consegue encontrar um novo sentido para a vida. A força em seu diálogo com Caio sobre morte, a vida em si e possíveis novas perspectivas é tocante e extremamente humano, trazendo à superfície o que Mello (que também dirige a temporada completa) chegou a afirmar em nossa visita a set no início deste ano: "A série possui potencial terapêutico para os espectadores". Já com Caio, a conturbada relação que tem com Sofia, a terapeuta que tenta o ajudar, se mostra mais pesada devido ao comportamento agressivo do personagem, que ora tende a ser mais sarcástico, ora provoca com flertes fora de hora. No mais, à medida que vamos descobrindo mais sobre o passado e os traumas recentes do protagonista, tudo fica mais claro e sua dor se mostra bastante evidente.
Com bastante capacidade de tocar ainda mais espectadores devido ao grande alcance do streaming e a presença de Baccarin, em projeto inédito no Brasil após se estabelecer como atriz nos Estados Unidos, Sessão de Terapia garantirá, mais uma vez, boas reflexões a serem analisadas após cada caso e a prova de que todo mundo, sem exceções, precisa de terapia. Não necessariamente para ser alguém melhor, mas principalmente para se conhecer e se surpreender com o processo.