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    Babel SP: Série da HBO destaca influência positiva de refugiados e imigrantes na cidade (Primeiras impressões)

    Um microcosmo de línguas e culturas.

    Divulgação

    Babel SP, nova série documental da HBO, volta a sua atenção a uma cidade multicultural: o projeto visa mostrar de que maneira grupos sociais à margem (refugiados, imigrantes, moradores de ocupações) compõem o tecido social e contribuem à diversidade de São Paulo.

    O primeiro episódio apresenta a ocupação Leïla Khaled, no bairro da Liberdade. Após serem despejados de outros prédios por forças policiais, os moradores se reuniram num gigantesco edifício abandonado, acolhendo uma série de refugiados palestinos e sírios, por exemplo. Por afinidade, o prédio acabou se dividindo em dois: os andares superiores abrigam os moradores árabes, enquanto os brasileiros ocupam os andares de baixo.

    O diretor André Amparo traz um olhar humanista e respeitoso a este espaço. Ele oferece o protagonismo aos habitantes, enquanto visita os espaços com calma, deslizando a câmera silenciosamente por cômodos e corredores como se pedisse licença pela passagem. O cineasta assume seu olhar externo, porém disposto a abraçar estas pessoas longe dos preconceitos.

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    Julgando pelo início, a série traz imagens bem construídas, com fotografia tão discreta quanto elegante, longe do senso de urgência normalmente atribuído às questões sociais. As intervenções animadas (as cores vermelhas nos prédios, na abertura) constróem um olhar diferenciado ao horizonte cinzento de arranha-céus de São Paulo.

    Diante de um início tão promissor, o único porém se encontra na própria estrutura de série: Babel SP não deixa muito claro como o projeto é segmentado, ou seja, o que esperar dos próximos episódios. Serão sete episódios, cada um num edifício diferente? Ou em lugares diferentes das ocupações? Teremos apenas comunidades árabes? Voltaremos à ocupação Leïla Khaled?

    Para um projeto cuja logomaca reflete a escrita em árabe, Babel SP deixa a cultura estrangeira em segundo plano no primeiro episódio. Resta descobrir de que maneira este aspecto se reforçará no restante da narrativa. De qualquer maneira, o belo projeto da HBO adota uma postura política sem ser partidária, apenas pela capacidade de olhar para a diferença com afeto e compreensão. Estas qualidades, hoje em dia, merecem ser destacadas.

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