Prelúdio do clássico filme de 1982, O Cristal Encantado: A Era da Resistência teve seu primeiro episódio exibido na San Diego Comic-Con 2019. O AdoroCinema assistiu ao piloto da nova série da Netflix na convenção e compartilha aqui suas primeiras impressões.
Misturando marionetes com animação, a produção se destaca pelo visual estonteante e a trilha sonora envolvente e adequada para uma série de fantasia. O capítulo serve como introdução para a trama dos três personagens principais, da espécie Gelfling, apresentados em tramas independentes com a promessa de que as histórias se entrelacem futuramente durante a temporada.
Assim, conhecemos Rian (voz de Taron Egerton), filho de Ordon (Mark Strong), um líder no exército de Gelfling que serve no Castelo de Skeksis e almeja impressionar seu pai. Ele também tem um curioso romance com Mira (Alicia Vikander). A adorável Deet (Nathalie Emmanuel) vive no subsolo, é responsável por alimentar os animais dali, e prover para sua família. Já Brea (Anya Taylor-Joy) é uma princesa que vive num castelo com suas irmãs e mãe, é "rata de biblioteca" e a todo momento questiona seu lugar na sociedade.
Ainda que bastante diferentes em personalidade, a príncipio é um pouco difícil diferenciar os Gelflings fisicamente — exceto que os machos têm cabelo preto, as fêmeas, branco, e possuem asas. Conforme seus arcos vão sendo desenvolvidos, conseguimos determinar quem é quem, seja a partir do meio em que aparecem, seja pelas características faciais.
O mesmo pode ser dito dos vilões, os Skeksis, que demoram a criar diferenciação entre si. Eles governam o mundo e exploram os Gelflings. Muitos ainda os veem como benevolentes, apesar de uma cruel política tributária alimentada pelo sentimento de culpa. Responsáveis pelo cristal encantado, eles sugam sua energia, e por isso o item mágico está escurecendo e desencadeando uma praga na terra. Desejando extrair mais do cristal e manter seu poder sobre as demais criaturas, eles precisam descobrir novas maneiras de recarregá-lo — função que fica a cargo do cientista dublado por Mark Hamill, aterrorizante no papel.
Ao mesmo tempo em que encarnam o lado sombrio da produção, os Skeksis também protagonizam cenas desnecessárias com humor nojento — com piadas de catarro e arroto. Coisas que eram aceitáveis na década de 1980, poderiam ter sido evitadas nesta nova adaptação.
Bebendo diretamente da fonte do filme original criado por Jim Henson, a nova produção consegue dar mais emoção às marionetes, ainda que cause estranhamento àqueles mal-acostumados com a técnica, e busca expandir a mitologia da terra de Thra — com uma bela abertura narrada por Sigourney Weaver. Um destaque à parte é o elenco de dubladores originais, que traz não só Hamill, Egerton, Taylor-Joy mas também grandes nomes como Helena Bonham Carter, Lena Headey, Awkwafina, Keegan-Michael Key, Simon Pegg e Andy Samberg.
Enquanto Dark Crystal: Age of Resistance (no original) tem um quê infantil, consegue explorar em assuntos mais sérios, fazendo um sutil paralelo com a sociedade capitalista atual, a desinformação da população, o silêncio perante governantes autoritários e a eminente resistência dos que parecem mais fracos. Emocionante, sombria e um tanto quanto clichê, a série tem potencial de conquistar espectadores que eram fãs de O Cristal Encantando, e outros que terão contato com a mitologia pela primeira vez.
O Cristal Encantado: A Era da Resistência estreia no dia 30 de agosto na Netflix.