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    Pennyworth: Prelúdio de Batman tenta equilibrar inovação e personagens inspirados nas HQs (Primeiras Impressões)

    Série dos mesmos criadores de Gotham traz ares de 007, mas seu primeiro episódio não chega a empolgar.

    Epix

    Todo mundo conhece Alfred, o mordomo e fiel escudeiro de Bruce Wayne. Não é mesmo? Mas já parou para pensar como ele chegou a ser tutor, serviçal, herói e braço direito do Batman? Essa é a premissa de Pennyworth, série dos mesmos criadores de Gotham, e possivelmente ambientado no mesmo universo desta. Ela pretende responder tudo o que você já quis saber sobre Alfred mas nunca teve coragem de perguntar. Será que vai conseguir?

    O AdoroCinema pôde conferir em primeira mão o episódio piloto da série, que foi exibido na San Diego Comic-Con 2019. Trazendo Jack Bannon (O Jogo da Imitação) no papel principal, a produção explora uma versão jovem-adulta, recém saída da guerra, de Alfred Pennyworth. Sofrendo de tensão pós-traumática, ele tem pesadelos sobre seus dias no conflito, e trabalha como porteiro e guarda-costas de uma casa de shows na Inglaterra, almejando ter sua própria empresa de segurança.

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    Ele conhece um jovem Thomas Wayne, interpretado por Ben Aldridge (Fleabag), envolvido diretamente em uma conspiração da Raven Society. O futuro pai do Batman é visto aqui como mais um empresário (e não como médico, diferente de iterações anteriores), sem requinte ou bajulações, uma versão interessante do personagem. Destaque para a conversa bem-humorada entre Wayne e Alfred no carro, antecipando um conflito com bandidos.

    Com uma fotografia em tons sépia, a série aborda o tema família, tanto no relacionamento do rapaz com os pais, quanto em conversas que ele tem com a namorada Esmé (Emma Corrin, que será intérprete da Princesa Diana em The Crown) — com quem Bannon demonstra pouca química. Em determinado momento, quando o pai revela que quer que Alfred seja mordomo, o jovem escancara o desejo de ser “seu próprio homem”. Mal sabe ele que, ao se envolver com a família Wayne, dificilmente será.

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    Um dos principais méritos da produção é também seu maior aspecto negativo. Situada em uma década de 60 alternativa, na qual ladrões são exibidos nas ruas e dirigíveis sobrevoam os céus do Reino Unido, Pennyworth consegue se destacar da origem do Homem-Morcego. Por um lado, cria uma história original, diferente das HQs. Por outro, se torna repetitivo em relação a outras produções, bebendo diretamente de fontes como James Bond e até Kingsman. O terno impecável; as missões em nome da Rainha; o herói polido que diz não gostar de violência mas mata à queima-roupa sem hesitação; o sotaque encantador, porém um pouco forçado. Esses todos são elementos vistos anteriormente em filmes do agente 007, por exemplo.

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    Com tantas referências, a série do Epix poderia incitar nostalgia, no entanto, seu primeiro capítulo não chega a empolgar — com exceção, talvez, da abertura animada e da trilha sonora com canções clássicas da época. Nota-se, ainda, o esforço de Bannon de imitar o trabalho de Michael Caine como Alfred na trilogia O Cavaleiro das Trevas — o que mais uma vez pode ser visto como uma homenagem, ou uma dificuldade em inovar, fica o questionamento.

    A violência, escancarada e um tanto quanto forçada, está presente na produção, tanto em cenas envolvendo o protagonista (com sua atitude “pé na porta”), quanto em sequências (de tortura) estreladas pelos vilões: a impiedosa Bet Sykes (Paloma Faith) e o temido Lord Harwood (Jason Flemyng). Bastante caricatos, os personagens fogem do tom da série, que tende a ser mais “sisudo”. Ao mesmo tempo, trazem um diferencial e uma espécie de "sadismo", já que apresentam elementos tirados diretamente dos quadrinhos e lembram os inimigos da série Gotham, também criada pelos showrunners de PennyworthBruno Heller e Danny Cannon.

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    Uma coisa é certa: Alfred já era badass desde sua juventude. O personagem não deixa a desejar em termos de heroísmo, porém o primeiro episódio de sua produção não foi o suficiente para engrenar sua história de origem, ou mesmo para Jack Bannon convencer como galã. O capítulo deixa um mistério no ar e introduz uma conspiração maior do que vem por aí. É esperar para ver.

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