Sob as águas do Pantanal encontra-se um local remoto, isolado física e ideologicamente do restante de Mato Grosso. É ali que vive uma população que rejeita a presença da medicina em suas vidas, tanto vinda através de profissionais quanto de remédios ou vacinas. Não se sabe exatamente o que acontece em Aguazul, mas é dentro deste cenário divergente e misterioso que a narrativa de O Escolhido seguirá ao longo de 6 episódios em sua 1ª temporada.
Com estreia marcada para 28 de junho, a nova produção brasileira da Netflix (e a primeira do gênero suspense) é capitaneada por Paloma Bernardi e Renan Tenca na pele de personagens que representam dois extremos: Lucia é uma médica que tem a missão de ajudar o máximo de pessoas possível com a medicina, e O Escolhido é um homem com poderes sobrenaturais que fazem as pessoas não adoecerem sem a ajuda de qualquer tipo de remédio.
Em evento organizado pela Netflix na semana passada, dia 18, o AdoroCinema conferiu o primeiro episódio da série. O tom de suspense se mantém alto do início ao fim e boa parte da mitologia da história se mantém escondida, mas já é possível ter vislumbres do que virá a seguir. Em suma, o episódio de estreia apresenta a equipe de médicos composta por Lucia, Damião (Pedro Caetano) e Enzo (Gutto Szuster) em mais uma missão para vacinar pessoas que residem em áreas de risco para conter o vírus da Zika, mas nada sai como planejado. Ao chegarem em Aguazul, percebem que suas presenças são, além de mal vistas, encaradas como uma afronta ao modo de vida que decidiram seguir.
Um embate de convicções logo é inserido fortemente na narrativa com os personagens locais, como Zulmira (Tuna Dwek), Angelina (Alli Willow), Mateus (Mariano Martins) e Vicente (Aury Porto). A palavra "Escolhido" surge vez ou outra, mas seu significado é mantido à distância - Lucia e seus colegas até procuram entender o que realmente se passa no local, mas têm em mente de que a vacina está em primeiro plano e deixam claro que só sairão de lá uma vez que todos a tomem devidamente.
Com roteiro desenvolvido por Carolina Munhóz e Raphael Draccon, O Escolhido se inicia com muitas questões interessantes cujas respostas, obviamente, só virão ao longo dos episódios; mas há de se destacar uma coisa: a curiosidade para continuar a maratona tem boas chances de aumentar devido à boa ambientação da série (que expõe uma bela região do Brasil) e à uma direção que salienta a incógnita que paira sob os médicos. Ainda há muitas camadas a serem expostas em Aguazul, mas o que é exibido apenas no primeiro episódio já torna clara a intenção da série em manter um ritmo denso e obscuro, ao mesmo tempo que com a junção de atuações consistentes e reflexões atuais, como é o caso do embate entre ciência e fé.