A HBO exibiu o episódio final de Chernobyl na última sexta-feira (7/06). A minissérie, que conquistou a maior nota no Imdb — superando Game of Thrones — conta a história de uma das piores catástrofes humanas: a explosão da Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em abril de 1986. No relatório oficial, 31 pessoas morreram e centenas desenvolveram problemas de saúde, devido à exposição de urânio. Porém, estima-se que o número de mortos chegou a noventa e três mil.
Mesmo com uma recriação minuciosa, a minissérie estrelada por Stellan Skarsgård (Thor), Emily Watson (Kingsman: O Círculo Dourado) e Jared Harris (The Crown) tomou algumas liberdades narrativas em relação aos acontecimentos reais, e ainda venceu o prêmio de Melhor Série Limitada no Emmy 2019. Então, o AdoroCinema fez uma lista revelando as verdades e mentiras presentes na produção. Confira:
Valery Legasov, Ulana Khomyuk e Boris Scherbina
Valery Legasov (Harris) realmente existiu. Ele foi o químico responsável por investigar a explosão do reator. Dois anos após o acidente, ele cometeu suícidio. Porém, antes de se matar Legasov gravou uma série de fitas, onde denunciava a pressão que sofreu do Estado para ocultar do relatório informações sobre o desastre e falhas de projeto do reator. Em 1996, ele condecorado herói da nação russa. Boris Scherbina (Skarsgård) também existiu.
Ele foi um político que servia como vice-preisdente no Conselho de Ministros da União Soviética. Ordenou e coordenou a evacuação de Pripiat e também da zona de exclusão de 30 km ao redor da usina. Devido a exposição à radiação, ele morreu quatro anos após o desastre. Já a cientista Ulana Khomyuk (Watson), não era real. A personagem foi criada para representar os vários físicos e cientistas que trabalharam ao lado de Legasov para impedir que um desastre ainda maior acontecesse após a explosão da usina.
Vasily e Lyudmilla Ignatenko
Vasily Ignatenko (Adam Nagaitis), o bombeiro que respondeu ao primeiro chamado para combater às chamas da usina existiu. Infelizmente, ele recebeu uma dose fatal da radiação e morreu duas semanas depois. Sua esposa, Lyudmilla (Jessie Buckley) também era real.
Porém, alguns aspectos de sua história foram modificados. Na série, ela está grávida quando entra em contato com a radiação (o que é verdade) — e seu bebê morre quatro horas após nascer. Na vida real, ela já era mãe de dois filhos. Outra cena que também realmente aconteceu foi durante o enterro do bombeiro: Lyudmilla aparece segurando os sapatos do marido, enterrado descalço pois seus pés estavam inchados demais.
A queda do helicóptero
Um helicóptero realmente caiu, mas não nas mesmas condições apresentadas na produção. No episódio, helicópteros cheios de areia, chumbo, argila e boro foram enviados por Valery e Boris para conter o vazamento radioativo. Na cena, ao chegar perto do reator, ele cai. O que aconteceu na verdade é que ele foi atingido por um guindaste e não pelo piloto ter se aproximado demais do núcleo do reator. Além disso, o acidente ocorreu semanas após o acidente e não nas 36 horas seguintes mostradas na série.
A extensão da radiação
A radiação chegou mesmo à suécia? Sim. Os altos níveis de radiação foram detectados pelo país nos dias após o acidente. Os soviéticos tentaram esconder o desastre, mas foram detectados por outros países. A primeira notícia sobre a explosão saiu no dia 29, na Alemanha, três dias depois do ocorrido. Da Checoslováquia ao Japão, estima-se que o equivalente a 500 bombas de Hiroshima tenham sido liberadas na atmosfera. Somente após a detecção, que o governo de Moscou admitiu o ocorrido.
Os mineiros
No terceiro episódio, cerca de 400 mineiros foram recrutados para a construção de um túnel que impediria que o reator entrasse em colapso. Estima-se que 100 tenham morrido devido a exposição. De acordo com o Adam Higginbotham, autor da obra "Midnight in Chernobyl", afirma que os mineiros trabalharam o tempo todo vestidos, e não nus. Porém, existem registros históricos apontando que isso — trabalhar nu — realmente aconteceu. Fica a dúvida.
"Bio-robôs" e a limpeza do telhado
A limpeza da usina após a explosão foi o tema do quarto episódio. Em 1990, o oficial que coordenou a operação revelou que os soviéticos usaram 60 robôs no esforço, entre máquinas feitas no país, no Japão e na Alemanha Ocidental (o robô Joker, que aparece na série, ainda está abandonado na região).
Porém, como a série apresenta, nenhuma das máquinas aguentou a radiação, fazendo com que os oficiais (e não Legasov) optassem pelo trabalho manual, os "bio-robôs". cinco mil operários trabalharam na limpeza da usina. 31 deles morreram em Chernobyl e 237 tiveram casos confirmados de exposição aguda à radiação. Apenas 10% do telhado foi limpo.
O destino de Pripyat
A cidade de Pripyat foi construída, às margens do rio de mesmo nome, em 4 de fevereiro de 1970, para abrigar as famílias dos trabalhadores da usina de Chernobyl. Em 1986 ela abrigava cerca de 50 mil habitantes. Como a série mostra, os habitantes só foram evacuados 36 horas após a explosão, no dia 27 de abril tarde de 27 de abril daquele ano.
Hoje, Pripyat é uma cidade fantasma, dentro da zona de exclusão na Ucrânia. Mas o sucesso da minissérie aumentou índice de turismo na Ucrânia. De acordo com os últimos relatórios de uma agência de turismo focada em oferecer excursões pelos principais pontos turísticos de Pripyat e Chernobyl, o índice de reservas para passeios aumentou em 40% no mês de maio.