Não é difícil concluir que Game of Thrones será eternizada como uma das séries mais importantes da história da TV. A atração ganhou uma popularidade sem precedentes, quebrando recordes inimagináveis e garantindo à HBO a permanência no posto de precursora que conquistou com Família Soprano e The Wire. Mas Game of Thrones também entregou algumas cenas muito estúpidas, e aqui estão listadas algumas delas.
A lista abaixo inclui alguns dos momentos mais constrangedores ou problemáticos da série de acordo com o AdoroCinema, pelos mais variados motivos. Afinal de contas, é possível apontar os defeitos de uma grande produção e, mesmo assim, entender e aceitar seu valor. Concorda?
As dez melhores batalhas de Game of Thrones10. Loras Tyrell reduzido à sua sexualidade
Loras Tyrell (Finn Jones), Cavaleiro das Flores, bravo e nobre guerreiro de Jardim de Cima, exímio espadachim que se une aos Lannister quando sua família vai para Porto Real. Loras conquistou uma reputação que o precede e virou uma inspiração para muitos que almejam defender o reino. Mas, infelizmente, o personagem tornou-se uma alegoria triste de sua sexualidade quando ficou restrito a basicamente ser “o personagem gay” da série.
Apesar de nas primeiras temporadas, Loras apresentar um arco relativamente complexo, lidando com a política de Westeros ao lado de Renly (Gethin Anthony) e de Margaery (Natalie Dormer), ele ficou restrito a tramas cujo objetivo era basicamente mostrar que ele era o personagem LGBT, sobretudo nas temporadas 3 e 4. E, quando Loras é preso pela Fé Militante justamente pela sua sexualidade, a decisão abandona qualquer tentativa de mostrá-lo como um personagem que tinha algo a fazer e outros objetivos além de ir para a cama. A simplificação da história dos Tyrell, e de Porto Real em geral, dificultou a missão de fugir do óbvio e deixou Loras um personagem óbvio demais, pobre demais, nada mais do que um bode expiatório.
9. Arya esfaqueada correndo em Braavos
A história de Arya Stark (Maisie Williams) em Braavos deveria ser, supostamente, sua transformação em uma verdadeira assassina, mas o arco da garota na sexta temporada rendeu alguns momentos completamente nonsense, como a infame perseguição pelas ruas da cidade, ainda ferida depois de ter sido esfaqueada pela Criança (Faye Marsay). A misteriosa personagem, inclusive, transformada em praticamente um robô mantendo uma fúria inexplicável contra a pequena Stark, é adaptada sem a mínima complexidade, restringida a ser um odiável algoz. A cena da perseguição é tragicômica, embora talvez o objetivo não fosse esse.
8. Yara vai resgatar Theon… e não resgata Theon
Yara Greyjoy (Gemma Whelan) tinha um plano para resgatar seu irmão, agora atendendo como Fedor, da tortura física e psicológica executada por Ramsay (Iwan Rheon). Ela reúne alguns de seus melhores homens das Ilhas de Ferro e parte para executar o resgate. A cena a faz confrontar Ramsay brevemente, conseguir convencer o irmão a sair da jaula em que estava preso, mas ela simplesmente desiste e foge quando é ameaçada com os cachorros de Ramsay. Ela justifica dizendo que “o irmão está morto”, sugerindo que decidiu abandonar Theon porque não reconhece nele um Homem de Ferro, Algo que acontece em virtude da densidade de sua tortura A cena toda não tem aprofundamento, e embora um contraponto a ela seja feito depois (na sétima temporada), não acrescenta em nada na história dos Greyjoy.
7. Barristan morre
Barristan Selmy (Ian McElhinney) é conhecido como Barristan, o Ousado. Ele é um herói celebrado da Guarda Real, considerado um dos melhores cavaleiros dos Sete Reinos. Lutou ao lado dos Targaryen durante a Rebelião de Robert, e depois aceitou o perdão Baratheon e foi mantido na Guarda Real. Sua idade avançada não fez com que perdesse sua ousadia ou sua bravura, chegando a vencer torneios e desmontar Sandor Clegane, o Cão (Rory McCann), em eventos mais recentes.
Ainda assim, ele é morto sem a menor cerimônia em uma emboscada pelos Filhos da Harpia, em um episódio que já era ruim o suficiente antes disso. Há algo de reconfortante sabendo que, pelo menos, ele lutou nobremente e levou alguns consigo, mas Barristan merecia melhor.
6. Jaime estupra Cersei do lado do corpo de Joffrey
Não é exatamente o desvio em relação a como a cena é retratada nos livros de George R.R. Martin que faz desta cena uma das presentes na nossa lista. É o fato de a desnecessária mudança representar um pensamento muito mal desenvolvido do seu significado, e de trair completamente o desenvolvimento de Jaime (Nikolaj Coster-Waldau).
Na obra literária, o momento é explicitamente consensual, mas por algum motivo, Benioff e Weiss optaram por muda-la. Foi para acrescentar “momentos chocantes” na série? Caso este tenha sido o objetivo, isso apenas mostra uma visão falocêntrica que dispensa a violência sexual como rotina. Além disso, quebra completamente o arco de redenção de Jaime, cuja trajetória vai o transformando lentamente de “regicida atirador de criancinhas” em um anti-herói incompreendido.
5. Combo piadas de p*nto
É o tipo de piada constrangedora que apenas o famoso “tio do pavê” acha engraçada. Não que uma piada ou outra faça mal — pelo contrário, aliás —, mas durante algumas temporadas, alguns comentários óbvios, sem graça e de mau gosto tornaram-se repetitivos das bocas de Jaime, Tyrion (Peter Dinklage), Bronn (Jerome Flynn), Theon (Alfie Allen) e companhia. Aliados à questionável (e muitas vezes criticada) abordagem de personagens femininas e de suas sexualidades, estes comentários repetitivos não apenas pouco acrescentam como também dão mais munição para que se questione se a série realmente tem uma aproximação saudável (e não nociva) de pautas que usa com tanta frequência.
4. Combo Dorne
Salvo Oberyn (Pedro Pascal) na quarta temporada, todo o restante do arco dos Martell foi adaptado de maneira vergonhosa. As promissoras Serpentes de Areia viraram minhoquinhas, protagonizando cenas com as piores coreografias da série (quando lutam contra Jaime e Bronn) e aparentes tentativas frustradas (ou não intencionais) de transformá-las em versões toscas dos Trapalhões. Tudo é tão vergonhoso que a eliminação completa de Dorne com a morte de Doran Martell acaba sendo um alívio.
3. Jonerys
É entendível por que o encontro romântico entre Jon (Kit Harington) e Daenerys (Emilia Clarke) pode ser algo idealizado por alguns, mas corre o risco de ser algo abertamente clichê — isso sem contar em toda a questão incestuosa, né? É certo que alguma reviravolta pouco agradável está no caminho dos personagens, mas a cena em que Sam e Bran conversam sobre a legitimidade de Jon, e ele e Dany tem um “encontro íntimo” paralelamente é bizarra e acende todas as luzes imediatamente na cabeça do espectador: isso vai terminar muito, muito mal.
2. Estupro de Sansa
Durante as cinco primeiras temporadas de Game of Thrones, Sansa sofreu. Pelas mãos de Joffrey, de Cersei, com medo de Tyrion e manipulada por Mindinho (Aiden Gillen), aterrorizada pela tia, Lysa Arryn (Kate Dickie), e, por fim, em um casamento forçado com Ramsay Bolton (Iwan Rheon). Depois de tantas temporadas se dando mal e sofrendo pelos mais variados motivos, o estupro no dia de seu casamento parece a guinada final, um último golpe de crueldade.
A adaptação problemática do arco de Sansa fez com que a personagem jamais pudesse crescer depois da morte do pai, e por isso continuasse no lugar de vítima até que um novo (e questionável) ato de violência a fizesse se transformar em uma “mulher forte”, de quem o público pode gostar e que “aprendeu com os seus erros.”
1. Beyond the Wall
O “campeão” da nossa lista é o episódio 6 da 7ª temporada, em sua totalidade. “Beyond the Wall” traz o grupo formado por Jon Snow, Tormund (Kristofer Hivju), Davos (Liam Cunningham), Jorah (Iain Glen), Beric Dondarrion (Richard Dormer), Gendry (Joe Dempsie) e Thoros de Myr (Paul Kaye) em uma missão Além da Muralha, para capturar um wight para provar a Cersei (Lena Headey) a existência da ameaça do Rei da Noite.
O problema é que o grupo é cercado pelos inimigos e logo fica preso. E reviravoltas extraordinárias e sem nenhuma lógica fazem com que Gendry volte correndo a Castelo Negro, envie um corvo a Dany, que vai até lá e salva os “atrapalhados.” Isso com Viserion sendo o sacrifício. Os recursos narrativos do episódio são preguiçosos: deus ex machina é inaceitável.