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    Se Eu Fechar os Olhos Agora: Débora Falabella e Murilo Benício explicam como série se conecta com o cenário político atual

    Mariana Ximenes e Betty Faria também falam sobre o novo projeto de época da Rede Globo.

    Racismo. Opressão e violência contra a mulher. Intolerância. São tópicos frequentes nos jornais de todo dia, porém também são alguns dos temas de Se Eu Fechar os Olhos Agora - nova minissérie da Rede Globo/Globoplay, ambientada na década de 60.

    Adaptação do livro de Edney Silvestre, a trama começa com um assassinato que abala a pequena cidade de São Miguel, quando os jovens amigos Paulo (João Gabriel D’Aleluia) e Eduardo (Xande Valois) encontram o corpo da bela Anita (Thainá Duarte) num lago. Acusados injustamente pelo crime, eles são liberados diante de uma suspeita confissão do suposto assassino. Mas com o surgimento de um outro crime, a dupla conta com o apoio do enigmático Ubiratan (Antônio Fagundes) para investigar o que realmente aconteceu, desvendando segredos de pessoas importantes da região.

    Por exemplo, algo que pode ser ameaçado por tal escândalo é a reputação do prefeito Adriano Marques Torres (Murilo Benício), que (teoricamente) vive um casamento perfeito com a exemplar esposa Isabel (Débora Falabella). Durante coletiva de imprensa realizada no Rio de Janeiro, a atriz acredita como o público irá se conectar com a obra contada nas telas, mesmo com a diferença temporal de quase 60 anos:

    "É uma história que poderia ser passada em qualquer lugar, retrata uma sociedade que ficou parada no tempo e conversa muito com os dias atuais. Tem muitas coisas que continuam do mesmo jeito, então temos que falar. É muito interessante ver como caminhamos em círculos. Minha personagem lida com as pressões de ser perfeita nas aparências, mas vive um conflito interno. Todo mundo ali aparenta ser uma coisa, mas reprime tanto que vai culminar em um grande problema."

    Responsável por uma pequena participação como a cafetina Hanna, Betty Faria também defende que Se Eu Fechar os Ohos Agora retrata o Brasil de hoje, elogiando a adaptação assinada por Ricardo Linhares. Tanto que, apesar de certas comparações com Twin Peaks e filmes noir, foi o caráter poítico da obra que se tornou tema recorrente durante o evento. Nesse clima, Murilo Benício teve espaço para fazer uma crítica social:

    "O tema não é atual. A gente que está atrasado. Estamos carregando uma cultura podre faz muito tempo. Uma raiz de discriminação e desigualdade que devia ter mudado faz muito tempo. É difícil acreditar que a gente vive hoje com feminicídio, racismo, sem respeitar as opções dos outros, quem quer que seja. É muito assustador. Precisamos investir na educação."

    Quem promete causar polêmicas na cidade de São Miguel é a conturbada personagem de Mariana Ximenes, a ex-miss Adalgisa, que sempre chama a atenção por ser considerada (e criticada) como uma mulher à frente de seu tempo. Para compor tal papel, a atriz se inspirou muito na icônica Gena Rowlands e sua performance (indicada ao Oscar) em Uma Mulher Sob Influência (1974):

    "Ela é irreverente e provocadora, mas tem uma tristeza muito profunda. Apesar da convenção que a cercava na época, gosta de ousar em figurinos e atitudes. Lidamos [na trama] com temas que ainda precisamos discutir, como a opressão da mulher. Felizmente, hoje somos mais unidas e feministas. Espero que este seja um grito de liberdade, que inspire outras mulheres que ainda puderam soltar a voz. Que percebam como cada uma deve ter sua própria escolha."

    Apesar de só chegar no universo Globo/Globoplay em abril, o diretor Carlos Manga Jr. destacou como a série completa já está presente no NOW, sendo o primeiro conteúdo inédito nacional a ser disponibilizado no serviço, antes de uma estreia oficial. Já o autor Edney Silvestre estava emocionado com o lançamento da adaptação, dando autógrafos em livros daqueles presentes na coletiva.

    "É incrível. E ainda há uma mágica especial que remete a Antônio Fagundes, porque quando o romance saiu ele gravou um audiobook. Isso abriu portas para muita gente com a narração brilhante dele. Agora ele volta como Ubiratan. Se isso não é mágica, não sei o que é". Por sua vez, o ator contou que é um "prazer redobrado" voltar a contar essa história.

    Já confirmada em outra série inédita da Globoplay, intitulada Aruanas, Débora Falabella aproveitou para celebrar o investimento no formato das séries em nossa terrinha. "O Brasil ainda tem a cultura da novela, mas está vindo essa cultura mundial muito forte, graças a internet. Agora, você pode escolher a hora que vai assistir. Acho super válido. Tem que gerar esse conteúdo mesmo, fazer coisas diferentes, para todos os públicos, abraçar as possibilidades do streaming. É o nosso futuro."

    Com um elenco ainda formado por Gabriel Braga Nunes, Jonas Bloch, Antônio Grassi, Lidi LisboaPaulo Rocha e Milton Gonçalves, os dez episódios de Se Eu Fechar os Olhos Agora chegam ao catálogo do Globoplay em 8 de abril. No dia 15 do mesmo mês, a minissérie passa a ser exibida na TV aberta pela Rede Globo; todas as segundas, terças, quintas e sextas, após O Sétimo Guardião.

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