Primeira série original de comédia da Warner, em coprodução com a Boutique Filmes, Mal Me Quer chega às telinhas brasileiras na próxima quinta-feira (07). Trazendo pitadas de humor e drama, a produção envolve um casal que está à beira da falência após terem sido enganados por um contador. Ao invés de mudar o padrão de vida e fazer os filhos sofrerem com a crise financeira, Marcel e Olívia resolvem enfrentar um divórcio falso, a fim de não perder o patrimônio que conquistaram. O problema é que o fingimento de brigas acaba gerando discussões reais sobre o relacionamento deles.
Com episódios de cerca de 25 minutos, Mal Me Quer traz leveza e um bom timing cômico, presente na dinâmica do casal e dos pais com os filhos — fruto principalmente dos atores principais, Felipe Abib e Júlia Rabello. A química entre os dois fica evidente na tela, tanto quando trocam carinhos e elogios no início do episódio (antes do divórcio fake) quanto quando começam a brigar e (re)analisar a relação deles — com direito a dedo da sogra na questão.
Inclusive, o primeiro capítulo funciona pautado no antes e depois do ocorrido, e de quando Olívia e Marcel percebem que o seu relacionamento não era tão perfeito quanto achavam. As atividades do cotidiano, como dar presentes não apreciados pelo amado, ou perceber as fantasias do outro, são bem-sucedidas em criar identificação com o espectador.
Entretanto, a série peca ao exagerar em algumas cenas, que trazem ares caricatos e quase teatrais. As sequências nos escritórios dos advogados apresentam figuras estereotipadas, como um divorciado que quer pagar a pensão em moedas de 10 centavos — cenas que funcionariam melhor em esquetes no estilo Porta dos Fundos (também dirigido pelo cineasta Ian SBF) do que em um episódio longo. O exagero forçado acaba tirando o espectador da imersão da cena.
Além disso, o trio adolescente Lipe Volpato, Klara Castanho e Chiara Scalett, que interpretam os filhos de Marcel e Olívia, à primeira vista não conseguem trazer naturalidade às cenas, apesar de terem uma boa dinâmica entre si — especialmente quanto trata-se da síndrome do irmão do meio. Suas fracas atuações somam-se ao roteiro questionável, que faz seus personagens parecem insensíveis à situação dos pais. Para eles, retrato da geração atual, é mais que natural um casal se separar, desde que isso não prejudique a mesada, o intercâmbio ou o status na escola nova. Porém, nem todo adolescente precisa ser fútil, fica aqui o desejo de que suas motivações sejam mais aprofundadas ao longo da temporada.
O primeiro episódio, com um gancho para o próximo, traz uma boa introdução da história da família, mesclando piadas e comédia romântica com a descoberta de um drama familiar. Sem contar o crime de fraude que é forjar um divórcio — tema que tem bastante pano para manga, caso seja explorado futuramente. Resta saber o que o clima leve vai agregar ao restante da série. Esperemos para ver.
Mal Me Quer estreia no dia 7 de fevereiro, às 19h35, no canal Warner.