O Peak TV continua a sua rota de ascensão. Segundo estudo divulgado pelo instituto de pesquisa do FX Networks, 2018 viu um total de 495 séries fictícias produzidas, com o número de produções de serviços online sendo quatro vezes maior do que era há quatro anos.
Em 2018, foram 160 séries produzidas por serviços online, 146 por canais abertos, 45 por emissoras a cabo prêmium e 144 por canais a cabo básicos. O número total de séries fictícias em produção aumentou 27% em relação a 2014. Veja abaixo o gráfico.
Se, em 2014, serviços de streaming como Netflix, Prime Video e Hulu eram responsáveis apenas 8% das séries fictícias, em 2018 são a fonte de impressionantes 32%, um acréscimo de 385%. A maior redução é de canais a cabo básicos, que foi de 45% para 29% — uma queda de 17%.
O declínio nas produções de canais a cabo básico tem uma origem certa: emissoras como A&E, Bravo, Discovery, E!, WGN America entre outras têm abandonado o negócio de produções originais. Ao mesmo tempo, Netflix, Prime Video e Hulu têm investido cada vez forte no setor.
O termo Peak TV, cunhado e popularizado em 2015 por John Landgraf, presidente do FX Networks, estabelece que o mundo está vivendo uma realidade em que a TV está sobrecarregada de produções em variadas plataformas. À época, Landgraf teorizava que chegaria-se no auge até 2016, sendo que este máximo seria 500 temporadas anuais de séries ficcionais. A partir disso, ele supõe que os números tendem a cair.
Como pólos opostos, Landgraf e Ted Sarandos (o diretor criativo de originais Netflix) representam os dois lados desta moeda. Landgraf destaca que “a profusão de histórias é muito boa quando se quer falar sobre diversidade e inovação”, mas alerta que é graças a esta mesma profusão que é muito difícil fazer televisão “se você estiver tentando surpreender ou deliciar o público.” Para ele, a dificuldade está no fato de que tudo parece “vagamente familiar para um público inundado de opções.”
É o que ele chama de exaustão narrativa: “Eu já disse para este grupo [de jornalistas] em outras ocasiões que eu pensava que havia muita televisão. De certa forma, penso que há muitas histórias. Muitas narrativas. Essa é agora a nossa maior dificuldade.”
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