10º lugar - A Maldição da Residência Hill (Netflix)
Que atire a primeira pedra quem ainda não está tentando entender como fizeram aquelas planos-sequência... Um dos maiores sucessos da Netflix em 2018, A Maldição da Residência Hill surpreendeu ao usar uma profunda metáfora familiar para criar uma história assustadora, sem precisar usar clichês como ‘jump scares’ para arrepiar o espectador. O elenco é entrosado, mas é o detalhado trabalho de direção e edição que coloca a cereja tão especial nesse bolo. “O seu maior trunfo é se ater a algumas regras básicas da TV para construir uma série cuja medula espinhal é o roteiro. A história é conduzida pelos personagens, e não pelo medo irracional. Antes de qualquer susto, Hill House traz o espectador para conhecer a família e se interessar pelos personagens.” Leia a crítica do AdoroCinema.
9º lugar - Better Call Saul (AMC/Netflix)
Em constante excelência, Better Call Saul chega em seu quarto ano trazendo a maior transição até agora de Jimmy McGill. Ainda mais complexo do que em temporadas anteriores, o personagem desta vez escancara as habilidades de Bob Odenkirk ao colocar o personagem em seu lugar mais baixo da série. A trama é sombria e se aproxima cada vez mais da realidade da predecessora. Sem medo de ser violenta e criativa, a temporada é um grande passo para a história, sempre confiante no potencial de seu elenco. “Better Call Saul entreabre uma porta por onde os fãs podem espiar a genialidade de Gilligan em plena atividade, observando as minúcias da amplitude estrutural que o roteirista precisou arquitetar para edificar o imenso universo narrativo de Breaking Bad.” Leia a crítica do AdoroCinema.
8º lugar - Killing Eve (BBC America/Globoplay)
Uma história que se baseia na relação de amor e ódio de seus protagonistas deveria estar longe de ser uma das mais genuínas da TV. Mas em Killing Eve, diante dos talentos natos de Sandra Oh e Jodie Comer, a roteirista e produtora Phoebe Waller-Bridge cria com maestria uma trama perturbadora e divertida. A série reverte os estereótipos de gênero ao colocar duas mulheres como personagens principais, de lados opostos da história, e faz o público questionar o que é bom, o que é ruim e em que lado está a razão quando dá a Villanelle, a vilã da trama, todas as razões para ser uma das personagens mais carismáticas da TV. A história bebe de duas fontes completamente diferentes de poder feminino, e tira reviravoltas de onde se menos espera, fazendo desta uma das séries essenciais do ano.
7º lugar - BoJack Horseman (Netflix)
A rara inteligência emocional de BoJack Horseman é justificativa mais do que suficiente para fazer a série continuar ano após ano em lugar de prestígio nas listas de melhores. A quinta temporada da comédia de Raphael Bob-Waksberg lida com silenciamento de minorias, um BoJack “feministo”, muita metalinguagem e ironias pouco veladas a respeito do Peak TV. “Apesar de uma temporada com muitas notas tristes — como sempre, aliás —, BoJack Horseman entende que, para tratar de temas tão sensíveis, é importante mostrar que há caminho para uma evolução. Assim como a temporada quatro havia mostrado que os fantasmas do passado continuam influenciando personalidades e comportamentos muito após cada um ter se esquecido das próprias raízes de comportamentos abusivos, a temporada cinco escancara que, ainda assim, cada um de nós é agente de suas próprias ações.” Leia a crítica do AdoroCinema.
6º lugar - One Day at a Time (Netflix)
Sabe aquela série que ganha popularidade no famoso ‘boca a boca’? Essa é One Day At a Time. E merecidamente. A segunda temporada desta comédia dramática segue aprofundando as questões diárias de uma família cubana, brincando com os estereótipos de forma criativa e trazendo à tona debates necessários sobre a sociedade atual. E ter uma lenda como Rita Moreno sempre ajuda, não é mesmo? “One Day At A Time pegou o formato mais cansado de comédias de TV que existia no universo e o transformou em algo vivo, dinâmico e complexo. A série é atual, divertida, inteligente e emocionante e acessível a qualquer público.” Leia a crítica do AdoroCinema.
5º lugar - Barry (HBO)
Já faz tempo que o talento de Bill Hader merece reconhecimento e isso não poderia ter acontecido de forma melhor. Apostando numa premissa bizarra, tal obra traz uma alucinante mistura de gêneros, mas consegue unir todas suas diferentes características de forma coesa. É um sopro de ar fresco na comédia atual. “Por um lado, traz um retrato muito humano sobre as dificuldades de seguir carreira em Hollywood. Por outro, traz a brutalidade e as surpresas de uma obra de ação para recriar guerras entre máfias de Los Angeles. O elo capaz de unir tudo isso é uma afiada comédia de absurdo. Barry prova como a HBO realmente sabe fazer comédias, que não merecem apenas ficar nas sombras dos dragões e robôs de Game of Thrones e Westworld.” Leia a crítica do AdoroCinema.
4º lugar - The Americans (FX)
The Americans saiu de cena enterrando consigo um legado. Trata-se da última componente original dos dramas da Terceira Era de Ouro da TV. A história de Philip (Matthew Rhys) e Elizabeth Jennings (Keri Russell), no entanto, é mais do que apenas uma trajetória de transgressão — porque, no fim das contas, é exatamente o contrário. Tão dependente do texto — e não das reviravoltas — quanto qualquer boa série deve ser, The Americans passou seis temporadas brincando com cabelo, figurino e maquiagem, mas dá o último giro da faca aplicando a trilha sonora — ou a falta dela — nos momentos certos. O último episódio da série é simples e esperado, e por ser avassalador apesar disso prova que o belo está na simplicidade. Quando bem feita. Leia a crítica.
3º lugar - Sharp Objects (HBO)
Sem Big Little Lies, o grande nome de Hollywood que embarcou na HBO foi Amy Adams. A aclamada atriz teve a responsabilidade de liderar a adaptação de um dos livros mais complexos de Gillian Flynn (Garota Exemplar), mas o projeto de Jean-Marc Vallée não decepciona. Com o apoio de um trabalho de edição e direção surpreendentes, Adams formou um trio inesquecível de protagonistas ao lado de Patricia Clarkson e Eliza Scanlen. “Mais do que uma história de romance policial que é conduzida numa estrutura clássica, Sharp Objects é um camaleão. Disfarçada de uma história de gênero está a história de como o sexismo afeta de formas diferentes três gerações de mulheres” Leia a crítica do AdoroCinema.
2º lugar - Atlanta Robbin’ Season (FX)
Chega ao fim a era dos grandes dramas, entra em cena um mundo dominado por comédias distorcidas. A distorção, no caso, é positiva. Enquanto Donald Glover se consagra como uma das vozes mais importantes de uma geração, Atlanta ganha liberdade para ser cada vez mais desafiadora e inventiva. A segunda temporada — que ganhou o subtítulo Robbin’ Season, foi comparada ao filme Tiny Toon Adventures: Férias Animadas pelo próprio Glover, e a relação ousada se justifica quando o episódio final tira do chapéu a reviravolta mais inesperada envolvendo um dos truques de roteiro mais antigos do universo.
“No final, o subtítulo Robbin’ Season’ fazia uma referência muito mais sutil do que o anunciado. Todos estão sendo roubados de uma forma ou outra, seja das oportunidades, do dinheiro, ou da autenticidade. O que Glover quer mostrar com a segunda temporada de Atlanta é o quão difícil é até mesmo se entender o que é autenticidade. O conflito de Al (Brian Tyree Henry) entre abandonar Earn e procurar um outro agente — que o colocaria em comerciais, jingles e programas de TV — é justamente um debate sobre este conceito.” Leia a crítica do AdoroCinema.
1º lugar - Pose (FX)
Sinceramente, qualquer uma das cinco primeiras posições dessa lista poderia levar a medalha de ouro. Mas a ousada obra produzida por Ryan Murphy se destaca por dar voz à um grupo ignorado e com uma história tão fascinante. Sem apostar num dramalhão, roteiro e elenco são grandes revelações, enquanto a direção de arte nos transportou lindamente para os anos 80. Representatividade importa sim e é linda de ver. “Pose não ignora os grandes problemas sofridos pela comunidade em tal época. AIDS, preconceito, falta de oportunidades, condições pobres... Tudo isso está presente na história, mas não é o foco. É a humanidade de tais personagens que ganha as telas. E acredite: eles têm muito para contar.” Leia a crítica do AdoroCinema.