Lançada em 2015 como uma mera reprodutora digital do conteúdo já produzido pela Rede Globo e afiliados, a Globoplay deu um passo ousado ao, já em 2018, investir em conteúdo estrangeiro de forma a competir com suas principais concorrentes no streaming - leia-se, Netflix e Amazon Prime. A primeira série adquirida foi The Good Doctor, estrelada por Freddie Highmore, impulsionada pela exibição de seus dois primeiros episódios no horário do Tela Quente, em plena TV aberta. A repercussão impressionou.
"É um canhão que tem uma capacidade gigante, é altamente compensador", afirmou João Mesquita, diretor-geral da plataforma de streaming, em conversa com jornalistas na qual o AdoroCinema esteve presente. "Nos quatro dias seguintes à exibição [no Tela Quente], o site teve oito vezes mais assinaturas. Sozinhos, estes dias tiveram um desempenho superior ao melhor mês de nossa história."
A tática foi repetida em novembro com a brasileira Ilha de Ferro, estrelada por Cauã Reymond e Sophie Charlotte. Apesar de não ter tido a mesma repercussão, foi o suficiente para manter a série dentre as mais vistas na atualidade e já garantir uma segunda temporada, atualmente em produção. Com um diferencial: não há garantia que Ilha de Ferro um dia será exibida na TV aberta na íntegra, ou seja, por um bom tempo será um produto exclusivo da Globoplay.
De olho em ampliar ainda mais o leque de opções para além das produções da própria Globo, João Mesquita fez uma promessa ambiciosa: até o final de 2019, a Globoplay contará com 100 séries internacionais. Quais, ele ainda não revela. Mas algumas delas serão divulgadas pelo stand da plataforma na CCXP, cujo início será nesta quarta, 5 de dezembro.
"Nossas produções são tanto produzidas por nós ou compradas pensando no [público] brasileiro. Não precisamos ir buscar 500 mil conteúdos asiáticos só porque dá volume", comentou o diretor-geral da Globoplay, dando uma alfinetada na concorrente Netflix.
Atualmente, a Globoplay conta com 15 séries estrangeiras, entre elas as recentes Killing Eve e o reboot de Charmed e as clássicas Mad About You, House e Dawson's Creek. Ao menos por enquanto, não há planos para também investir em filmes originais, como faz a própria Netflix. "Temos todo o acervo do Telecine Play e ainda os principais filmes nacionais, graças à Globo Filmes. Com isso, vamos usar o dinheiro disponível para outras produções em séries, que acreditamos que sejam melhores para engajar o espectador para novas temporadas. Não faz muito sentido [investir em filmes próprios]", explicou Mesquita.