Clássico herói da literatura criado por Tom Clancy, Jack Ryan chega agora às telinhas da Amazon Prime Video. Visto nos cinemas nas peles de Alec Baldwin, Harrison Ford, Ben Affleck e, mais recentemente, Chris Pine, o personagem agora é vivido por John Krasinski. Eterno Jim de The Office, o ator segue assim uma transição que se iniciou com 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi, de Michael Bay.
Com uma segunda temporada já anunciada, Jack Ryan conta com oito episódios em seus primeiro ano. O AdoroCinema conferiu aos três primeiros capítulos da nova série e traz aqui suas primeiras impressões.
Criada por Carlton Cuse (roteirista e produtor de Lost e The Strain) e Graham Roland (produtor de Fringe), a série traz Ryan para os dias atuais, tendo como cenário o mundo pós-11 de setembro e Estado Islâmico. A base, no entanto, é a mesma dos livros. Ryan é um ex-militar que deixa de atuar nas bolsas de valores e começa a trabalhar como analista na CIA. Ele é responsável por acompanhar operações financeiras no Oriente Médio. Determinado dia, detecta uma movimentação suspeita e tenta convencer seus superiores a seguirem o dinheiro.
Ryan é o cara do escritório, mas com passado no mundo da guerra. De forma curiosa, se encaixa bem no histórico profissional de Krasinski. De toda forma, quem tem curtido a fase sex-symbol do ator também vai curtir.
Para uma produção com apenas oito episódios na temporada, é certo que Jack Ryan toma seu tempo. O fato da Amazon já garantir um novo ano antes mesmo da estreia, mostra que o time de roteiristas optou por construir a trama aos poucos, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento dos personagens. Além de Ryan e do antagonista principal, os primeiros episódios também passam brevemente por interesses amorosos, chefes do passado e do presente. Tudo deve ser melhor trabalhado depois.
Wendell Pierce surge como James Greer, chefe de Ryan. Trata-se de um sujeito veterano na CIA, mas que acabou de ser rebaixado para líder da seção em que Ryan atua. Ele logo bate de frente com o agente, mas logo formam um tipo de vínculo. É o lado experiente da dupla. Por sua vez, Abbie Cornish surge como potencial romance para o herói.
A série tem como principal destaque seu visual cinematográfico. Tudo está presente em larga escala. Grandes cenários, tomadas abertas e ambientes belíssimos. A Amazon realmente não poupou despesas na produção.
Do ponto de vista do discurso político, no entanto, a série ainda não consegue dizer a que veio em seu primeiros episódios. Caminha de forma aleatória entre 24 Horas e Homeland, e, de início, não parece saber para onde vai. Por exemplo, passa um episódio mostrando o quão brutal e, por vezes, sem sentido é o trabalho do operador de drones e o quanto essa pessoa sente ser o responsável por acabar por vidas a partir de um botão. Por outro lado, o mesmo episódio usa o drone como solução para uma situação de ameaça.
Em outro momento, há discursos um pouco vazios e até reducionistas no que se trata de geopolítica. Em uma cena passada na França, uma oficial da polícia comenta com o americano a trágica situação de imigrantes no país. "Nos Estados Unidos, vocês têm o afro-americano, o latino-americano... Aqui, ou você é francês ou não", diz a policial. É uma fala muito problemática, pois, de certa forma, diminui as lutas das minorias nos EUA. O fato de ter a denominação latino-americano, não diminui a luta diário do imigrante do México, do Brasil e de outros países.
De toda forma, temos três primeiros episódios animadores. E que funcionam muito bem em termos de ritmo. É possível imaginar que muita gente vai terminar a maratona em pouco tempo.