NOTA: 2,5/5,0
A Netflix e a Marvel precisam repensar definitivamente a abordagem para as séries do universo dos Defensores. A parceria se iniciou de forma empolgante com Demolidor. O primeiro ano de Jessica Jones manteve o nível. Luke Cage já representou uma queda, mas, por outro lado, ofereceu todo uma gama de materiais que deram determinado valor ao produto, principalmente no que diz respeito ao trabalho sonoro e musical. Mas chegaram as segundas temporadas das séries citadas, além de frustrantes experiências com Punho de Ferro e Os Defensores. Agora, o novo ano de Luke Cage surge para mostrar que o caminho não é este. E se as companhias insistirem por aqui, podem acabar sacrificando um produtor que tinha tudo para dar certo.
É incompreensível que séries individuais como LC, JJ e IF tenham 13 episódios e que a que reúne todo mundo tenha apenas oito. A lógica aponta justamente para o contrário. E não só a lógica, a realidade. Algumas dessas temporadas completas realmente vieram para testar a paciência do espectador. Com número amplo de episódios, os roteiros investem mais em reviravoltas do que em desenvolvimento, criando uma experiência cada vez menos satisfatória.
É o que acontece com a segunda temporada de Luke Cage. Sem dar spoilers, é possível dizer que a série termina de forma satisfatória e abrindo um caminho para coisas mais interessantes a seguir. No entanto, até este desfecho, temos várias idas e vindas e tramas que vêm e vão sem fazer muito sentido. E sem nada contribuir para a narrativa geral da série e seu universo.
Após os trágicos acontecimentos do final de Os Defensores, Luke (Mike Colter) retorna ao Harlem, onde é obrigado a lidar com Mariah Dillard (Alfre Woodard), que agora controla a boate Harlem's Paradise e comanda o crime no bairro ao lado do capanga Shades (Theo Rossi). A situação pior com a chegada de Bushmaster (Mustafa Shakir), um misterioso e poderoso criminoso que quer tomar o controle do Harlem e não se preocupa em deixar muitos corpos pelo caminho.
Ao mesmo tempo, Misty Knight (Simone Missick) tenta se acostumar com a nova realidade após perder um braço. E ainda sofre com as consequências de ter confiado em um parceiro que era ficha suja.
Rosario Dawson, Finn Jones e Jessica Henwick também participam da temporada, alguns com maior destaque do que os outros. Ponto de ligação entre as séries do universo Defensores, Claire Tample é má aproveitada na temporada, usada apenas para servir de momento de transição para o protagonista. Dawson chegou a dizer que pode ser sua última participação na pele da personagem. Esperamos que não, afinal merecia melhor participação.
Chega a impressionar a capacidade da série em deixar pontas abertas mesmo contando com episódios em excesso. E por pontas, não trata-se de indícios para o futuro, mas sim coisas que começam a ser abordadas e que logo são deixadas de lado. A variação de humor dos personagens também não ajuda no desenvolvimento. É difícil se envolver com uma produção em que ninguém desperta seu afeto ou sua torcida.
Uma das coisas mais interessantes do primeiro ano, a cena musical perde muita força. Há um pouco do reggae e da música jamaicana - que formam a ascensão e origem de Bushmaster -, mas nada fora da curva. Já a fotografia segue a tonalidade amarela do primeiro ano, algo que já faz parte da personalidade da série.
Repleta de dramas que dariam invejas para novelas mexicanas exibidas pelo SBT, a trama principal exagera nos problemas entre pais/mães e filhos/filhas. Não só Luke tem problema com o pai, como Mariah tenta se reconciliar com a filha. A motivação do vilão também segue por este caminho. Tudo muito raso e muito previsível.
Se você curtiu todas as séries da Marvel e Netflix até o momento, esta aqui não irá te decepcionar. Mas se vem se incomodando com o andamento da franquia, vai aumentar ainda mais a interrogação na sua cabeça: Devo continuar dedicando meu tempo? Acho que a resposta ainda é sim, mas sabe-se lá até quando.