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    Westworld S02E05: Bem-vindos a Shogun World

    “Akane No Mai” leva o público para o aguardado segundo parque.

    HBO/John P. Johnson

    Atenção! Contém SPOILERS do episódio 5 da segunda temporada de Westworld.

    Bem-vindos a Shogun World. Protejam suas vidas!

    Ao contrário do que foi a aparição surpresa de The Raj no episódio 3 da temporada, a introdução de Shogun World era aguardada desde a primeira season finale de Westworld. Em uma bem-vinda reviravolta e mudança de olhar em relação aos acontecimentos do parque, “Akane No Mai” conseguiu reverter as expectativas do público, mostrar um novo lado de Maeve (Thandie Newton) e dar àqueles personagens a realização de que não são tão únicos quanto imaginam, afinal.

    A reversão das expectativas ocorre justamente quando percebemos que Shogun World é mais parecido com Westworld do que se imagina inicialmente. Dadas suas origens do período Edo japonês e a anunciada violência exacerbada, é um tanto inesperado ele ser quase uma cópia-carbono do outro parque; mas é também uma decisão sádica e engraçada. “Tente você escrever 300 histórias em 3 semanas”, argumenta Lee Sizemore (Simon Quarterman) numa realização que é praticamente uma metáfora para a própria narrativa da TV, e também da decisão de Westworld de gastar o seu tempo necessário para dar vida às narrativas. A criação, afinal, leva tempo.

    Mas também há algo de existencialista, embora simplório, no encontro entre Maeve e Akane (Rinko Kikuchi), Hector e Musashi (Hiroyuki Sanada). O momento em que eles percebem que aqueles outros personagens têm narrativas semelhantes às suas remete à transição entre a adolescência e a vida adulta, quando você (provavelmente) descobriu que não era tão diferente do restante do mundo como imaginava; ademais, as inferências que Shogun World faz na narrativa principal têm mais relação com as descobertas dos novos ‘poderes mentais’ de Maeve, que passa a poder controlar os demais anfitriões apenas com o ‘pensamento’. De fato, parece um artifício barato e uma saída simples para todas as formas através das quais os seguidores de Shogun conseguiam reverter os poderes dela, mas até onde essas descobertas podem ir?

    HBO/John P. Johnson

    Cada vez mais fica evidente, aliás, o embate próximo e a oposição de ideias entre Maeve e Dolores (Evan Rachel Wood); ao mesmo tempo que Maeve luta contra os instintos em Shogun World e mostra uma crença na bondade e na mudança, a outra faz o caminho oposto em Sweetwater e toma uma drástica decisão em relação a Teddy (James Marsden). São duas lentes completamente diferentes, duas formas opostas de enxergar o mesmo conflito. Maeve oferece a liberdade; Dolores faz o que ela acha melhor, sem dar uma opção.

    Mas talvez o maior mérito de “Akane No Mai” esteja na forma como trata-se de um episódio extremamente libertador. Ao mesmo tempo em que está inserido na narrativa da temporada — aprofunda os conhecimentos do público sobre Maeve, adiciona uma camada de algo sombrio à personalidade de Dolores —, ele também conta uma história própria, que se encerra em si mesma, com mais referências à história da TV e aos princípios básicos da narrativa televisiva do que a série demonstrou até então. Além disso, há diversas referências ao cinema oriental, e até mesmo ao constante jogo de ‘gato-e-rato’ com os faroestes norte-americanos. Quem está copiando o que?

    Em todos estes sentidos, o episódio gira em torno de um tema específico que costura todas as sub-tramas: o conceito de originalidade e o quão mutável e de difícil compreensão ele é. O texto muito mais direto do que o habitual da série funciona a favor do episódio justamente porque não tenta enganar o espectador, e exceto a cena de abertura com Jeffrey Wright (Arnold ou Bernard?) na Mesa Hub, todo o restante da hora se passa em tempo corrido, sem saltos temporais. Assim, ele consegue criar uma narrativa mais direta, com um conflito específico que precisa ser resolvido ali e não tem necessidade de ser estendido — mas deixa a brecha para sê-lo, de qualquer forma. É uma decisão muito mais inteligente; pela primeira vez, Westworld realmente se parece com um episódio de uma série de TV, e não com uma parte solta de um filme de dez horas.

    HBO/John P. Johnson

    Isso tudo, é claro, acaba sendo ajudado também pela familiaridade impressa nos personagens novos. Shogun World não é exatamente uma terra nova porque remete ao que o público já conhecia como os anfitriões em Sweetwater, na primeira temporada. Por isso, é muito mais simples criar empatia por eles, algo essencial para que este foco funcione.

    Quanto aos mistérios — e neste ponto o episódio é consideravelmente mais leve —, fica a ser solucionado o que foi a mudança de narrativa que Dolores fez em Teddy. É possível ver no tablet que sua personalidade foi sobrescrita, mas não se sabe quem — ou o que — ele será daqui em diante. A única certeza é que as coisas não vão acabar bem para o pobre Theodore Flood.

    Episódio: 2.05 - Akane No Mai

    Escrito por: Gina Atwater, Dan Dietz

    Dirigido por: Craig Zobel

    Exibido originalmente em: 20/05/2018

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