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    Rio2C 2018: Universal anuncia terceira e quarta temporadas de Rotas do Ódio, série sobre intolerância

    "Rotas do Ódio é a única série do Brasil que trata de homofobia e racismo. Essa série é educativa", afirmou o ator Antonio Saboia.

    A série policial brasileira Rotas do Ódio, exibida no Canal Universal, terá uma terceira e uma quarta temporada em 2019. O anúncio foi realizado por Paulo Barata, diretor-presidente da NBC Universal no Brasil, durante o painel dedicado à atração na convenção Rio2C na noite do último domingo (8).

    "A Universal é um canal internacional e há uma lei no Brasil que faz com que a gente tenha que cumprir cotas [de produções nacionais]. Em algum momento da história a gente descobriu que a gente ia cumprir essas cotas da forma mais corajosa possível. Começamos um processo de seleção de projetos e quando Rotas do Ódio chegou para a gente, encontrams duas coisas: Um projeto de entretenimento consistente e com relevância social", afirmou Barata.

    A primeira temporada da atração foi lançada em março deste ano e está em sintonia com as discussões sobre a face mais extrema da intolerância representada pela atuação de grupos de ódio, como os skinheads em São Paulo. Mayana Neiva, que integra o elenco da novela O Outro Lado do Paraíso, é a protagonista e vive a delegada Carolina Ramalho Chagas, chefe de investigações na Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) de São Paulo, que enfrenta crimes motivados por racismo, homofobia e outras formas de discriminação.

    Davi Campana/R2

    "É um prazer viver a Carolina, que é uma personagem tão necessária no mundo de hoje", afirmou Neiva durante a apresentação da série na Rio2C. "Ela tem um olhar para essas narrativas que estão um pouco a margem da sociedade e essas pessoas que são as vítimas dos crimes de ódio. Ela se mistura com esssas narrativas de uma maneira humana e profissional. Ela se compadece dessas pessoas. Ela tem uma troca muito profunda que vai além da função dela como delegada. É o melhor papel da minha vida, com certeza", contou a atriz paraibana que já atuou em filmes como Para Minha Amada Morta (2016) e O Vendedor de Passados (2015), além de novelas da TV Globo como Ti Ti Ti (2010) e Amor Eterno Amor (2012).

    Susana Lira, diretora e criadora de Rotas do Ódio, afirmou que tem pesquisado há cinco anos sobre a atuação do DECRADI e foi assim que ela descobriu que a delegacia já tinha mapeado 23 grupos classificados como grupos de ódio que atuam em São Paulo. Em 2016, a cineasta lançou o documentário Intolerância.doc, que aborda temas semelhantes com uma proposta narrativa diferente.

    Durante o painel da série no Rio2C, foram exibidos trechos da atração, comentados pela equipe e elenco da série. Uma das cenas faz alusão ao notório caso de agressão motivada por homofobia que ocorreu em na Av. Paulista em 2010, qundo uma lâmpada fluorescente foi usada como arma. "Essa cena todos os telejornais já mostraram. A série tem essa questão de discutir crimes jogando luz na realidade. Foi uma cena muito difícil para a gente filmar do ponto de vista emocional. Ter que reproduzir isso de novo, essas falas... O rapaz que passou por essa agressão na vida real quase perdeu a visão de um olho. É uma coisa muito séria."

    Canal Universal

    Para Neiva, "a heterogeneidade do elenco já é um discurso de autoridade", de Rotas do Ódio. A atração conta com a atriz trans Renata Peron, que foi atacada por um grupo de skinheads em São Paulo e perdeu um dos rins depois de ser alvo dessa violência. "O crime de ódio aconteceu com ela, no corpo dela e ela tem um personagem dentro da série que discute isso. Então todas as sequências eram muito fortes. A gente sabia que tinha uma ressonância na realidade. E aconteceu da série estrear na semana da morte da Marielle [Franco], que foi  uma coisa que mexeu com o Brasil inteiro", avaliou a atriz.

    Charles Fricks (Magnífica 70, Doidas e Santas) interpreta Gelson Rosas, chefe da Polícia Civil de São Paulo, e falou sobre os dilemas de seu personagem, que está acima da delegada Carolina na hierarquia da polícia. "Ele é um cara que quer ajudar, quer mudar essa realidade, e ao mesmo tempo é um cara político, que sabe como funciona o sistema e fica preso a isso ao ver o orçamento sendo diminuído. Quando o orçamento é cortado a primeira coisa que cortam é o orçamento da DECRADI, e isso é baseado em fatos reais."

    Para Antonio Saboia (O Mecanismo, O Lobo Atrás da Porta), que interpreta o chefe de operações Julio Pedraza, o maior mérito da série é sua relevância social. "É muito gratificante fazer seu trabalho e, ao mesmo tempo, defender uma causa que você acredita. Rotas do Ódio é a única série do Brasil que trata de homofobia e racismo. Essa série é educativa."

    A segunda temporada de Rotas do Ódio chega ao Canal Universal em setembro deste ano.

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