Atenção: o texto a seguir contém spoilers do 14º episódio da 8ª temporada de The Walking Dead.
Esqueça os Salvadores de Negan (Jeffrey Dean Morgan). Aparentemente, o verdadeiro "salvador" de The Walking Dead é Morgan (Lennie James), como o 14º episódio fez questão de deixar claro nas falas de Carol (Melissa McBride) e Rick (Andrew Lincoln).
Quem acompanha as notícias sobre a franquia criada por Robert Kirkman sabe que Morgan em breve passará para o elenco de Fear the Walking Dead. Mas parece que, para explicar essa mudança, ele terá que se entregar à loucura. De novo. Perder a compaixão novamente. E encontrar estranhos que o ensinarão a achar sua paz interior. Mais uma vez. Como se os roteiristas de TWD não soubessem que já vimos isso anteriormente, e que não faz sentido explorar o mesmo arco, com o mesmo personagem, uma segunda vez. Sem contar que a série continua não explicando o que Morgan supostamente sabe, como suas alucinações estilo O Sexto Sentido não cansam de falar.
"Still Gotta Mean Something" ("Ainda tem que significar alguma coisa", em tradução livre), como o próprio nome já diz, deixou cada vez mais evidente o lado intransigente de Rick e o fato de que a palavra dele deveria significar algo, mas, pelo contrário, faz dele um dos verdadeiros antagonistas da história — ao mentir para os Salvadores e matá-los após ser libertado por eles. Pense bem, se fosse Negan que tivesse sido capturado e fizesse um acordo com seus inimigos, ele manteria sua palavra. Assim como espera-se que ele faça com Jadis (Pollyanna McIntosh), acertando as contas com Simon (Steven Ogg), em troca de ter sido libertado, afinal, ele jurou por seu... "saco"?
Entretanto, é interessante ver a dualidade do personagem de Andrew Lincoln, adiando a leitura da carta de Carl (Chandler Riggs) e trazendo à tona a memória de seu filho, enquanto declara seu amor por Michonne (Danai Gurira), ao mesmo tempo em que ele sai para matar os Salvadores a sangue frio — simplesmente para minutos depois agradecer a Morgan por ter salvo sua vida na 1ª temporada.
O capítulo ainda foi repleto de referências e esclarecimentos — como quando Morgan revela que salvou Rick por causa de seu filho, e Carol finalmente fala sobre a perda de sua filha Sophia. Fato, também, pelo qual ela não foi prontamente atrás de Henry (Macsen Lintz), temendo que ele estivesse morto.
Embora tenha trazido arcos sendo bem desenvolvidos e mais cenas sangrentas com zumbis, alguns personagens da série seguem sendo mal aproveitados. Daryl (Norman Reedus), por exemplo, conseguiu tomar o lugar de Tara (Alanna Masterson) no quesito insuportável — seria interessante que a série desse algo de importante para o personagem fazer, ao invés de ficar batendo sempre na mesma tecla.
E TWD continua insistindo em recursos de roteiro falhos, como não exibir como os acidentes e as capturas acontecem — cortando em determinada cena de Rick e Morgan, para mostrá-los já capturados — ou Negan encontrar uma arma, um sinalizador e fotos "jogadas" na bolsa de Jadis, isso tudo enquanto estava amarrado.
Ainda assim, o ponto mais alto do episódio foi o arco focado em Jadis e Negan, que deixou alguns questionamentos e especulações sobre o futuro da série. Apesar de não vermos a líder do grupo do Lixão finalmente ter sua vingança contra o chefe dos Salvadores, tivemos um vislumbre do passado dela e especialmente da relação de Negan com seu taco Lucille. Pela primeira vez, fragilizado, ele explicou porque a arma tem o nome de sua falecida esposa. Além disso, o misterioso helicóptero voltou a aparecer, dando a entender, que talvez Jadis faça parte de uma comunidade maior e mais bem-estruturada.
Resta saber o que Negan, agora liberto, fará "de surpresa" para os Salvadores. Quem será o misterioso passageiro que ele encontrou no caminho? Será que é alguém que sabe da traição de Dwight (Austin Amelio)? Já se pode especular que pelo menos Simon deve ter um encontro com Lucille muito em breve.
A dois episódios do final da temporada, The Walking Dead é exibida todos os domingos, às 22h30, nos canais FOX e FOX Premium.