Ao longo de oito temporadas, The Walking Dead já abordou a questão da fé algumas vezes, quase sempre centrando os esforços no personagem do padre Gabriel, mas não apenas nele. O padre já teve momentos de crença e descrença, e também já cometeu algumas barbaridades. Diante disso, é difícil imaginar o desenvolvimento de um arco inovador com relação ao personagem, pelo menos no que diz respeito a sua fé.
Ainda que apresente um novo cenário, em que Gabriel está perdendo a visão, a série requenta a ideia de fé cega, o que acaba criando um episódio pra lá de aborrecido. Ao lado do médico Carson, Gabriel tenta voltar para Hilltop, mas se vê perdido no caminho. Debilitado, ele acaba apostando em Deus para guiar seu caminho e as coisas parecem fazer sentido quando encontram um abrigo com medicamento. As coisas, no entanto, não seguem perfeitas para o personagem.
Em outro cenário, Daryl, Rosita, Tara e todo time de Alexandria também tentam chegar em Hilltop. A coisa esquenta entre Tara e Dwight, uma vez que a primeira não aceita o fato dele fazer parte do time, uma vez que foi o responsável pela morte de Denise.
O episódio acompanha basicamente essas duas frentes, mostrando brevemente o que acontece em Hilltop e no Santuário. Maggie segue com problemas para lidar com os reféns, enquanto que Negan manda Eugene agilisar o processo de produção de munições.
Dirigido pelo veterano na produção Michael E. Satrazemis, o episódio é muito irregular, principalmente por centrar sua atenção em três personagens dos mais chatos da série: Gabriel, Tara e Eugene. É difícil investir tanto tempo da narrativa em papéis pouco desenvolvidos e quase sem carisma. Dos três, o arco de Tara era o que tinha mais potencial, mas é desperdiçado pelo pouco talento de Alanna Masterson. Acaba que um dos destaques da produção fica sendo Dwight, vivido na medida por Austin Amelio.
Dwight é ciente de tudo o que fez e parece não buscar a redenção. Até por isso, é possível que venha a atingir a mesma. Após um bom momento no final do décimo episódio, o Negan de Jeffrey Dean Morgan voltou para o piloto automático, transbordando caricatura e frases de efeito, sem transmitir grandes emoções. Os próximos capítulos, no entanto, prometem um arco interessante para o vilão, especialmente em relação ao contato com Dwight.
O S08E11 é mais um daqueles episódios de TWD que serão esquecidos pelos fãs. É o pior desde o intervalo da midseason.