Este é o primeiro domingo sem The Walking Dead desde a estreia da oitava temporada. A série entrou no seu tradicional intervalo de final de ano e retorna para novos episódios no próximo mês de fevereiro. Mas o AdoroCinema preparou uma entrevista super especial para os fãs materem um pouquinho da saudade da série.
A atriz Danai Gurira, que interpreta a Michonne, esteve no Brasil durante a Comic Con Experience e conversou com o site sobre TWD e também sobre sua participação no Universo Cinematográfico da Marvel. Ela interpreta Okoye em Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita.
Michonne é a personagem favorita de muita gente. Uma mulher muito forte, mas também está apaixonada, que quer paz e felicidade. Você se identifica com ela?
Totalmente. Acho que nós somos muito determinadas, ambas temos o desejo de lutar pelo que é certo, de ajudar as pessoas ao nosso redor, ajudar a comunidade. Não sou uma guerreira como ela, é claro, mas acho que tenho esse espírito. Com certeza compartilho essas coisas com ela. E, no fim das contas, é claro que todos desejamos ter paz, viver em um mundo melhor, que as pessoas vivam vidas melhores. A evolução dela, vindo de onde ela veio, é muito bonita. Para mim, a jornada dela com Rick estava muito clara, mesmo que eu não soubesse o que aconteceria. As coisas que aconteceram entre eles fazem sentido porque eles têm uma conexão muito clara, eles têm uma química que se manifesta constantemente nas cenas que eles estão juntos. Estou muito feliz que a personagem tenha chegado nesse estágio.
No primeiro episódio desta temporada, vemos uma cena que pode ser o flashfoward ou a imaginação de Rick sobre um futuro ao lado de Michonne, de Carl e Judith. Você acha que isso pode acontecer? Acha que eles podem ter uma vida normal em algum momento?
É por isso que eles lutam. Como diz a Bíblia, sem uma visão, as pessoas perecem. Sabe? Você precisa enxergar que tipo de futuro você deseja viver. Você precisa saber pelo que está lutando para não se distanciar nem para um lado, nem para o outro porque você está focado no que precisa ser mantido intacto. Você está focado no objetivo final. Veremos o que essa cena significa. Era um sonho? Era o futuro, de fato? A cena definitivamente está conectada à beleza do fato de que há uma visão, uma visão pela qual vale a pena lutar.
Você está na série desde a terceira temporada. Como The Walking Dead mudou sua vida e sua carreira?
Quando você começa a ver que as pessoas tatuaram seu rosto na perna delas, você percebe que as coisas mudaram. Quando vi uma tatuagem dessas pela primeira vez foi o momento em que percebi que tudo tinha mudado. Tem sido incrível.
Conheci pessoas incríveis, tenho um lar para criar, aprendi muitas coisas como narradora. Nós somos a família The Walking Dead. Isso é verdade, não é só por dizer. Realmente considero aquelas pessoas como parte da minha família. Não importa se você já saiu da série ou ainda faz parte, nós continuamos saindo todos juntos. É uma experiência única, isso é incrível. Além disso, tocar tantas pessoas com seu trabalho através da série é fantástico. Nunca imaginei isso. Sou uma narradora, queria contar a história de mulheres africanas e faço isso, mas nunca imaginei que faria parte de uma série deste tamanho, que atinge tantas pessoas. Nunca imaginei que isso aconteceria quando ainda estudava teatro. A série mudou minha vida de muitas formas.
The Walking Dead é uma série em que ninguém está seguro. Como é dizer adeus a um personagem na série?
Pode ser devastador, bastante difícil. É estranho porque nós não estamos morrendo de verdade, mas é uma morte. É a morte de uma conexão que você tinha com um colega de trabalho, e por mais que vocês mantenham contato, vocês deixam de ser colegas de trabalho. Isso pode ser devastador. As perdas recentes, como a dos personagens de Steven Yeun e Sonequa Green, foram difíceis porque eu estava acostumada a conviver com eles. Agora eles estão sempre viajando, Sonequa protagoniza Star Trek... Fica difícil manter contato com sua amiga! As conexões não morrem, é ótimo que a carreira deles continue evoluindo, mas há uma morte em termos de aquele tempo como colegas de trabalho chegou ao fim. Então, pode ser bem doloroso.
A relação de Michonne com Rick é uma parte muito importante da série, mas também gosto bastante da dinâmica dela com Carl. Como foi desenvolver essa relação com ele? Você vê Michonne como uma figura materna ou professoral de Carl?
Ela é uma amiga. Há um processo de cura mútua que acontece entre os dois. Como atriz, essa relação é muito importante porque encontrei o coração de minha personagem através da conexão dela com Carl. E com Chandler Riggs, por extensão. Ele é um jovem extraordinário, sempre digo que ele é o homem mais maduro do set. Ele é muito calmo, doce, gentil e centrado. É incrível, parece ser muito mais velho do que é. Sempre digo aos produtores que eles tiveram muita sorte de escalar aquele garoto de 10 anos porque poderia ser outro tipo de garoto de 10 anos e que, agora com 17, causaria problemas. Mas ele é o jovem mais comportado e doce de todos. Trabalhar com ele é sempre uma alegria e acho que isso se manifesta na relação entre os personagens. Adoro o fato de que eles se curaram. Eles encontraram um lugar de cura para suas perdas, amor e amizade um no outro. Quando Rick e Michonne ficaram juntos, revi todas as cenas anteriores deles. Como isso aconteceu na sexta temporada, assisti da terceira até a quinta para entender como aquilo aconteceu e percebi que a dinâmica entre eles foi construída de forma muito inteligente por nossos roteiristas durante todas as temporadas. Se você rever todas as temporadas, também vai perceber isso.
Mas essa não é uma história de amor entre Rick e Michonne; é uma história de amor entre Rick, Michonne e Carl porque Carl foi quem a trouxe para o grupo. Porque Rick viu que Carl se sente mais feliz e em paz ao lado de Michonne. Em muitas ocasiões, você vê a união dos três, vê como cada um move o outro para frente. Essa história de amor é a história de amor de Rick, Michonne e Carl. Adoro essa relação. Acho muito especial e inesperada. No momento em que comecei a trabalhar com Chandler, fiquei impressionada. É uma relação de trabalho muito especial, muito boa.
O que podemos esperar da segunda metade da série?
Diria que, de certo modo, devastação. Por outro lado, cenas de ação e tramas fantásticas e inesperadas. A série vai fazer o que normalmente faz: vai te destruir. Aproveitem!
Você pode falar um pouco sobre sua experiência no Universo Cinematográfico Marvel?
Tem sido incrível. Esta é outra coisa que nunca imaginei que aconteceria. Minha peça estava estreando na Broadway e na noite de estreia, assim que deixei a festa de lançamento, meu agente me disse que queriam me oferecer um papel na Marvel. Fiquei perdida, confusa e muito encantada e feliz pela oportunidade. É épico... A única palavra que você pode usar para se referir ao ato de entrar no Universo Cinematográfico Marvel é "épico". Então, fazer parte dessa linha narrativa tem sido uma experiência épica. Tem sido fantástico. E Okoye é uma mulher diferente de Michonne, mas ela é definitivamente uma guerreira, muito leal à sua nação e ao seu povo. Vocês vão descobrir mais coisas quando virem o filme, não posso falar muito sobre isso no momento. Ela é uma mulher muito dedicada às suas causas, tem um senso de humor muito seco e é uma tradicionalista, acredita nos criadores de Wakanda. E ela tem muita responsabilidade sobre seus ombros porque é a líder das forças armadas, é o braço direito do Rei. Então, o trabalho dela é manter o Rei vivo, defender o país e assegurar que os legados criados para os filhos de Wakanda permaneçam intactos para a próxima geração, para que os jovens de Wakanda, que correm livres e que têm acesso à riqueza e ao bem-estar, continuem seguros. Então, ela tem muitas responsabilidades. E ela também tem muitas opiniões.