A atriz Kristina Cohen publicou um texto acusando Ed Westwick, conhecido por ter interpretado Chuck Bass em Gossip Girl, de tê-la estuprado. Cohen faz uma extensa declaração contando toda a sua história com o ator, e chamando outras mulheres (ou homens) que tenham sido vítimas de assédio a também se pronunciarem.
Cohen revela que o caso aconteceu há três anos, e na ocasião ela estava na casa de Westwick junto ao namorado, um produtor cujo nome ela não chegou a revelar. Ela conta que foi levada a se sentir responsável pelo estupro, e se sentiu intimidada sob as ameaças de que sua carreira terminaria se ela o denunciasse.
Leia abaixo o seu relato completo:
“O mês passado foi incrivelmente difícil. Como muitas mulheres, eu também tenho uma história de violência sexual, e a grande quantidade de histórias tem sido desencadeadora de sentimentos e emocionalmente exaustiva. Eu pensei muito, sem ter certeza se deveria ou não falar. Se eu poderia falar. E caso sim, serei ouvida?
Eu fui violentada sexualmente há três anos. Foi um período obscuro da minha vida. Minha mãe estava morrendo de câncer e eu não tinha o suporte ou o tempo para processar e lidar com as consequências do estupro. Eu enterrei a minha dor e a minha culpa para abrir espaço para o que eu senti com a morte da minha mãe, apenas três meses depois.
Até mesmo agora eu ainda lido com sentimentos de culpa. Preocupação infundada que de alguma forma a culpa era minha. Não sei de onde vêm esses sentimentos. Condicionamento social de que tudo é culpa da mulher? Que a incapacidade de um homem de se manter longe de nossos corpos de alguma forma é culpa nossa, e não dele?
Eu cresci consideravelmente nos últimos três anos desde o estupro, então revisitá-lo é doloroso. Desenterrá-lo e reviver essa noite para contar os eventos precisamente parece ser uma violação contínua. Meu estômago está em nós, com medo de compartilhar isso publicamente, mesmo que reconciliar comigo mesma tem sido um processo difícil.
Eu estava brevemente namorando um produtor que era amigo do ator Ed Westwick. Foi esse produtor que me levou à casa de Ed, onde eu o encontrei pela primeira vez. Eu queria ir embora quando Ed sugeriu que 'deveríamos todos transar'. Mas o produtor não queria fazer Ed se sentir desconfortável indo embora. Ed insistiu que ficássemos para o jantar. Eu disse que estava cansada e que queria ir embora, tentando me livrar de uma situação que já era embaraçosa. Ed sugeriu que eu cochilasse no quarto de hóspedes. O produtor disse que ficaríamos apenas por mais 20 minutos para acalmar a situação, e então poderíamos ir.
Então eu fui e me deitei no quarto de hóspedes, onde eventualmente adormeci. Eu fui acordada abruptamente por Ed em cima de mim, seus dedos invadindo o meu corpo. Eu disse para ele parar, mas ele era forte. Tentei lutar contra ele o máximo que consegui, mas ele segurou o meu rosto em suas mãos, me sacudindo, dizendo que queria transar comigo. Eu estava paralisada, aterrorizada. Eu não conseguia falar, não conseguia me mover. Ele me segurou e me estuprou.
Foi um pesadelo, e os dias seguintes não foram melhores.
O produtor colocou a culpa em mim, dizendo que eu fui uma participante ativa. Me dizendo que eu não poderia dizer nada porque Ed colocaria pessoas atrás de mim, me destruiria, e que eu poderia esquecer a minha carreira de atuação. Dizendo que não teria como eu dizer que Ed me estuprou e que eu não queria ser 'aquela garota'.
E por muito tempo, eu acreditei nele. Eu não queria ser 'aquela garota'.
Agora eu percebo as formas como esses homens em posições de poder fazem das mulheres de suas presas, e como essa tática é usada com tanta frequência na nossa indústria, e com certeza em muitas outras.
Estou enojada de homens com Ed respeitados de forma pública. Entrevistados por plataformas de prestígio, como a Oxford Union Society da Universidade de Oxford, onde ele foi honrado como uma das 'Pessoas que Moldam nosso Mundo'. Como isso termina? Homens como Ed usando a fama e o poder para estuprar e intimidar e então continuando ao redor do mundo colecionando honras e glória.
Espero que a minha declaração ajude outras pessoas a saberem que não estão sozinhas, que não têm culpa. Assim como outras mulheres e homens se pronunciando também me ajudaram a perceber a mesma coisa. Espero que a minha história e as histórias de outros ajudem a redesenhar e realinhar esses ambientes tóxicos e o desequilíbrio de poder que criou esses monstros.”