Apesar da morte de Pablo Escobar (Wagner Moura) na segunda temporada de Narcos, a série continua e já foi renovada para a sua quarta temporada, pois não foca apenas no falecido líder do cartel de Medellín, mas sim no tráfico de drogas, principalmente da cocaína. Em entrevista ao UOL, atores da terceira temporada falaram sobre a situação do narcotráfico na América Latina e defenderam a legalização das drogas, para que os cartéis e o crime fossem combatidos.
"Não sei até quando vão permitir que esse negócio esteja fora da lei. Porque deveria ser legalizado, essa é minha opinião. Não vai acabar jamais. Passarão mil anos e as drogas vão continuar existindo, não se pode erradicar. Nós, adultos, temos que ser livres para consumir o que quisermos. [...] Faz tempo que acredito que somente a legalização vai terminar com esse monstro infame que come a nossa gente pobre", opinou o mexicano Damián Alcazár, intérprete do principal líder do cartel de Cali, Gilberto Rodríguez.
“As drogas não vão desaparecer. Não há um só momento da história humana em que não consumimos drogas. Sempre vamos fazer isso. Acho que legalizar é provavelmente a melhor opção. É um assunto muito complexo, se eu tivesse a resposta, estaria na ONU. Mas atirar em pessoas não é a maneira certa de fazer isso. E proibir também não. Você pode legalizar, daí pode ter uma ideia de quantas pessoas estão consumindo o que, pode controlar a qualidade da mercadoria que está sendo vendida, pode taxar os vendedores de drogas e pode usar o dinheiro para investir em saúde, educação", concorda José Maria Yazpik, ator mexicano que interpreta o chefe do cartel de Juárez, no México.
Segundo a atriz colombiana Taliana Vargas, o México hoje passa pelo que a Colômbia viveu na década de 1990. Intérprete de Paola Salcedo, esposa de um delator do cartel de Cali, ela acredita que a legalização poderia ser uma ajuda no combate aos cartéis e ao crime, comparando com a legalização do álcool.
Matías Varela, intérprete de Jorge Salcedo, chama a atenção para a falta de atenção dada ao consumo das drogas: "No fim das contas, não haveria drogas se ninguém usasse. O problema que arrasou a Colômbia nos anos 1980 e 1990 e agora se mudou para o México é baseado em um mercado europeu e norte-americano. A realidade é que, enquanto jovens em Londres quiserem cheirar cocaína, haverá cocaína. Para mim, como uma pessoa comum, parece que deveria haver uma guerra em diferentes fronts".
“Quando [o ex-presidente mexicano Felipe] Calderón disse que precisávamos fazer uma guerra frontal [contra o narcotráfico], ferrou tudo. Não é assim que se combate isso. Você não pode vencer atirando balas, tem que achar meio-termos, dialogar, procurar opções diferentes. Porque agora sabemos que não funciona assim. Nenhum governo conseguiu fazer isso”, completou Yazpik.
Sobre as críticas de que Narcos havia glorificado o tráfico, os atores discordaram. Alcazár afirma que a série capta a realidade da América Latina: "Quem fala que glorifica quer que glorifiquemos quem? Os políticos? Os grandes homens de negócios que privatizaram tudo? Os temas não têm que ser evitados. Essa é a nossa realidade. É terrível, mas ela existe para muita gente". Yazpik completou dizendo que "Não há glorificação desses personagens. Todos terminam mortos, traídos ou na cadeia. Nenhum deles é herói".
Protagonizada agora por Pedro Pascal, a terceira temporada de Narcos já está disponível na Netflix. Leia a nossa crítica! A quarta leva de episódios tem previsão de lançamento para 2018 e deve ser situada no México.