Após uma longa espera chegou a hora dos fãs retornarem ao universo de Outlander. A terceira temporada da série estreia na madrugada deste domingo para segunda, às 00h30, no Fox Premium. Convidado pelo canal, o AdoroCinema foi até Londres para conversar com o criador e parte do elenco da produção, o que renderá algumas matérias a serem produzidas nos próximos dias.
E pra começar a série de publicações, vamos de Sophie Skelton e Richard Rankin, que entraram para a produção no último episódio da segunda temporada e começarão a ganhar mais espaço daqui pra frente. Confira como foi nossa conversa com a dupla!
O que podemos esperar para a terceira temporada e, especialmente, para os seus personagens, Roger e Brianna?
Richard Rankin: Vocês podem esperar muitas coisas interessantes, empolgantes. A terceira temporada começa, para Roger e Brianna, logo após o final da segunda temporada. Eles partem em busca de Jamie Fraser, tentando descobrir o que aconteceu historicamente com ele. Agora que sabemos que a viajar no tempo é possível e que Claire vem atravessando as eras constantemente, existem informações que estão faltando e são essas lacunas que Roger e Brianna vão tentar preencher. Eles vão tentar descobrir os fatos, tentar descobrir por que Claire voltou no tempo para encontrar Jaime. Ela pensou que ele tinha morrido, mas não foi isso que aconteceu, então é por isso que vamos tentar descobrir a verdade.
Sophie Skelton: A temporada começa bem leve para Roger e Brianna porque eles estão aproveitando essa aventura que é tentar encontrar Jaime. Para eles, essa aventura histórica é muito empolgante. No decorrer da temporada, eles terão que se concentrar na relação deles, que é sempre complicada.
R: Acho que os dois têm uma das relações mais interessantes da série. Especialmente pela forma como a relação evolui.
S: Que é bastante frustrante.
R: Sim, é verdade. Acho que será frustrante assistir à evolução do relacionamento deles, mas de uma forma empolgante porque eles são muito teimosos um com o outro e eles têm uma ótima jornada para trilhar. É muito divertido interpretar isso e espero que seja muito divertido de se ver.
S: De certa forma, eles precisam um do outro; por outro lado, com tudo que aconteceu, eles precisam encontrar as próprias individualidades. Há um vai-e-vem entre Roger e Brianna. Eles têm uma ótima dinâmica nesta temporada.
Gosto do fato de que Brianna não se convence do elemento da viagem no tempo no primeiro momento.
S: Pode ser um pouco frustrante para o público, sei disso porque o espectador passou dois anos vendo essa série, vendo o desenvolvimento dessa trama de viagem no tempo e aí Brianna chega para contrariar todo mundo. Brianna é bem parecida com Jaime. Ela é muito lógica, gosta de aritméticas e acha que sempre há uma resposta para tudo. Então, acho, para Brianna, a ideia de viagem no tempo é muito esquisita. Ela é uma historiadora como Roger, mas acho que é só agora que ela está começando a tentar entender se essa consciência histórica que possui está em seu sangue ou só foi simplesmente adotada por ela. Não acreditar na viagem temporal, inicialmente, solidifica essa dúvida.
Vocês podem falar um pouco sobre o desenvolvimento dos seus personagens? Vocês leram os livros para saber o que aconteceria com os seus personagens ou preferiram manter a surpresa?
S: Sim, nós lemos os livros.
R: Os livros são uma ferramenta muito benéfica que está à nossa disposição. É sempre bom ter algo assim em qualquer série ou projeto. Não usar essa ferramenta seria tolice, especialmente porque nossa série lida com uma saga de inúmeros livros e porque não tínhamos muito material, em termos da série, para aproveitar no desenvolvimento dos nossos personagens. Nós só estivemos em um episódio, portanto foi muito benéfico poder estudar os livros em termos de desenvolvimento de personagens, para termos uma noção de como os personagens são e de como eles se desenvolvem no decorrer da saga. Eu e Sophie conversamos muito sobre a direção que queríamos que a relação dos nossos personagens seguisse. Debatemos muito e trocamos muitas ideias sobre as coisas que queríamos para Roger e Brianna, sobre como queríamos que o público percebesse, tanto como casal quanto como indivíduos. Nós pesquisamos muito, nos preparamos muito.
S: Às vezes, os personagens da série são diferentes dos personagens nos livros, mas é preciso respeitar a essência deles porque nossa série é baseada em uma obra que tem inúmeros fãs, que tem um público que tem uma ligação muito forte com o material. Então, é preciso reconhecer isso, é preciso trazer um pouco dos personagens que eles amam há tanto tempo. Nos roteiros, Brianna é ligeiramente diferente. A relação dela com Claire, inicialmente, é mais amarga na série do que é nos livros, mas é preciso estudar a série de livros, se assegurar de que os personagens da série possuam características dos personagens dos livros para além do que está escrito no roteiro. Fazer isso foi muito importante para nós.
Seus personagens têm uma longa trajetória nos livros. Como foi assinar para um trabalho a longo prazo?
R: Foi uma grande decisão.
S: Vamos estar velhos quando a série acabar.
R: Eu vinha fazendo muitos trabalhos no teatro e em outras séries de TV, no Reino Unido, em Londres, e estava indo bem, portanto assinar contrato para uma série de muitas temporadas foi um grande passo. Se você lê os livros e fica empolgado com a trajetória do personagem, o desenvolvimento do personagem - coisa que aconteceu comigo, porque eu acho que Roger se tornará um personagem cada vez mais incrível no decorrer da série -, é o suficiente para te fazer dizer sim. Isso é tudo o que você precisa, enquanto ator, para concordar em embarcar em um projeto como esse.
S: É um privilégio poder assinar um contrato longo. Às vezes, você concorda em participar de uma série sem saber para onde o seu personagem irá. O seu personagem pode ter uma linha narrativa terrível ou pode se tornar cada vez menos importante com o passar do tempo. Como Brianna e Roger têm um desenvolvimento incrível, isso tornou nossa decisão mais fácil porque sabíamos o que aconteceria com nossos personagens.
Vocês veem algo de si mesmos nos seus personagens?
R: Teimosia.
S: Ser chata. (Risos)
R: Ah, é evidente que você traz muito de si mesmo para todos os personagens que interpreta. O objetivo é tentar deixar Roger o mais realista possível em relação ao Roger que as pessoas conhecem dos livros, mas, antes de mais nada, é preciso fazer com que o personagem seja autêntico. O resto vem daí.
S: Acho que os dois são teimosos.
R: São irritantes, fazem birra. Estava falando de nós, não dos personagens. Brincadeira. Ela não é assim. Só um pouco. (Risos)
S: Brianna é muito lógica, gosta de matemática e coisas racionais, baseadas na história. Não gosta de nada inventado, como a viagem no tempo. Ela precisa ver para crer. É muito esquentada, mas também consegue ser muito calma e analítica. E ela é teimosa, algo que eu também sou às vezes.
R: Ela é agradável, então ela consegue se redimir dos problemas.
S: Brianna é basicamente irritante, mas não irritante demais.
Vocês tiveram a chance de conversar com Diana Gabaldon sobre seus personagens?
R: Não antes do início da produção.
S: Conversamos com ela na San Diego Comic-Con, mais recentemente. Mas nós tínhamos os livros para nos guiar. Todas as opiniões e ideias de Diana sobre os personagens estão incorporadas no texto, de qualquer forma.
Acho que é possível dizer que a relação de Brianna e Roger é mais pé no chão do que a relação de Jaime e Claire. O que podemos esperar do relacionamento entre os seus personagens?
R: Ela será testada até o limite nas próximas temporadas.
S: Acho que Brianna e Roger são muito realistas, como você disse. Eles começam mais como amigos e companheiros de aventura antes da relação evoluir.
R: Eles forjam um laço singular no decorrer das temporadas por causa das coisas que eles vão ter que encarar, principalmente durante a terceira temporada, tanto juntos quanto individualmente. E eles também têm muitas coisas em comum. Roger acabou de perder o pai, Brianna também - apesar de que agora ela precisa se acostumar com o fato de que um guerreiro do século XVIII é o seu novo pai. Ambos estão passando por um estado de luto, precisam aceitar suas perdas. Há uma química entre eles, mas também há um laço mais profundo que será forjado na terceira temporada. Para o futuro, eles terão uma conexão ainda mais forte e a relação entre eles vai evoluir, vai florescer. Especialmente por causa da pressão que eles vão ter que suportar e por serem muito teimosos.
S: O que é interessante sobre a relação deles é justamente o fato de que eles formam um laço singular por causa das experiências pelas quais passam juntos. Isso os aproxima muito porque é algo único. Eles são as únicas pessoas no mundo que podem entender o que o outro está sentindo, mas, ao mesmo tempo, isso significa que eles precisam de um espaço entre si. Quando você passa por uma experiência ruim na vida, você simplesmente quer escapar disso e estar perto de pessoas que não têm ideia do que aconteceu com você. Você precisa de uma válvula de escape. Então, as coisas que os aproximam também são as coisas que os separam porque eles precisam encontrar suas identidades individualmente antes de poderem ficar juntos. Há muito vai-e-vem entre eles. Pode ser uma relação que vai irritar o público às vezes, mas que talvez tenha um final feliz.
R: É divertido.
Pedi para os fãs me enviarem algumas perguntas e o que achei interessante é que a maioria deles me enviou perguntas pessoais para fazer para vocês. Não vou perguntar essas coisas, mas como vocês lidam com o fato de que, agora, as pessoas querem saber das vidas privadas de vocês?
R: Acho que depende do tipo de pessoa que você é e do quanto você deseja compartilhar de sua vida pessoal com o público. Os fãs são ótimos. Eles são muito leais e amam a série, e isso pode ser um perigoso porque você tende a se comunicar com eles. Os fãs estão sempre cientes de tudo.
S: Mas eles nunca perguntam nada intrusivo.
R: Não, não mesmo.
S: Eles apenas estão interessados, não estão tentando surpreender a gente com alguma coisa.
R: No fim das contas, você pode compartilhar o que quiser com os fãs, mas este não é o nosso trabalho. Nosso trabalho é retratar estes personagens.
S: Todos podemos fazer o que Richard faz e dar respostas sarcásticas. E as pessoas vão entender o que elas quiserem entender.
R: Se você não levar nada a sério na sua vida profissional ou nas redes sociais, ninguém saberá ao certo do que você está falando. (Risos)
Qual é a melhor coisa ao trabalhar com um material que tem uma base de fãs tão grande?
R: A melhor coisa é a profundidade do material. Temos muitas coisas para nos ajudar no trabalho. Esta já é uma adaptação de um livro, mas temos um time incrível de escritores e produtores executivos que são muito apaixonados pelo material. Quando eles adaptam os livros nos roteiros, há muita informação, muitos detalhes.
S: Os roteiros são muito ricos.
R: Temos muitas pessoas à nossa disposição que têm muito conhecimento sobre a série e dos livros.
S: Os roteiristas assumem que metade do público leu os livros e metade do público não leu. Assim, eles se asseguram de que a história seja rica e nova para as pessoas ao mesmo tempo em que elementos dos livros são mantidos. Isso é algo difícil de se fazer. Às vezes, você se esquece se algo aconteceu nos livros ou em alguma das temporadas. Então, é preciso se lembrar de separar uma coisa da outra durante a pesquisa.
R: A dinâmica criativa da série é muito boa e é ótimo trabalhar com estes roteiristas.
E qual é a pior coisa?
R: Acho que a pior coisa de Outlander é igual à pior coisa de qualquer outra produção: ter que se acostumar à rotina, se acostumar a acordar cedo e dormir tarde, repetir cenas seis ou sete dias por semana. Ir para a cama às 4 da manhã após memorizar 10 páginas de diálogos. É assim em qualquer produção. Não há nada particularmente ruim em Outlander. Até o momento, tem sido uma grande experiência e acho que isso não vai mudar no futuro.
As pessoas também querem saber se Roger vai cantar novamente.
R: Se eles escreverem, eu terei que fazer isso. Mas não lembro de ter cantado na série.
A canção do rato...
S: Se aquilo foi Roger cantando, então definitivamente não teremos mais nenhuma cantoria da parte dele. (Risos)
É, foi um pouco estranho.
R: Foi o suficente para vocês?
S: Sim, com certeza.
R: Não lembro de ter nenhuma música na terceira temporada. Talvez exista. Veremos.
Se vocês tivessem que escolher qualquer período temporal para o qual viajar, qual vocês escolheriam?
R: Provavelmente para o início da minha última entrevista quanto falei demais da minha vida pessoal. (Risos)
S: Não sei. Talvez os anos 1920.
Os fãs querem saber: quando vocês irão ao Brasil?
S: Quando vocês nos convidarem!
R: Estou livre na semana que vem. Se vocês quiserem organizar alguma coisa, estarei lá. Passar algumas semanas no Brasil antes de começar a filmar seria ótimo.
S: Nós adoraríamos ir.
Vocês podem falar um pouco sobre os seus próximos projetos?
Nós estamos prestes a começar as filmagens da quarta temporada, então estaremos focados nisso por um tempo. Tenho alguns projetos que serão lançados nos próximos meses. Um deles é uma refilmagem de Dia dos Mortos. Será lançado na Netflix. E também há #211, onde interpreto a filha de Nicolas Cage. No momento, vivemos e respiramos Roger e Brianna.
O AdoroCinema viajou a convite do Fox Premium.