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    This Is Us: O drama universal e familiar dos Pearson (Crítica da primeira temporada)

    Lágrimas e sorrisos se misturam.

    Nota: 3,5 / 5,0

    Você provavelmente já leu (ou percebeu) isso antes: há tantas séries de TV lançadas a todo momento que manter a grade atualizada é uma missão da qual poucos conseguem sair bem-sucedidos. É nessa onda que alguns sucessos de público (e de crítica) dos EUA podem passar (quase) despercebidos.

    Lançada no Brasil exatos 11 meses após a estreia na NBC, This Is Us traz a história de uma família contada através de múltiplos pontos de vista em algumas épocas diferentes. O que começa como uma série de narrativas diametralmente distintas logo se converte no mais íntimo dos laços humanos, e é exatamente aí que a série puxa o espectador pelo coração.

    Há dois elementos distintos e marcantes na primeira temporada (inteiramente disponível no Fox Play) da série: o primeiro é o elenco, que se destaca amplamente em vários aspectos; Chrissy Metz entrega uma atuação emocionante de Kate, principalmente porque se identifica com os conflitos da personagem; Sterling K. Brown prova pela segunda vez que é um ator que merece mais espaço em Hollywood — ele já havia sido premiado por The People v. O.J. Simpson: American Crime Story em outra atuação brilhante; as crianças roubam espaço na espontaneidade, e Milo Ventimiglia construiu um Jack Pearson pelo qual é provavelmente muito, muito difícil não se apaixonar.

    O segundo, e menos agradável em termos gerais, é a falta de sutileza da série ao abordar as curvas mais emotivas da história. Quando uma cena quer que o espectador chore, todos os elementos são dispostos exageradamente para causar comoção. Da trilha sonora às explosões e reconciliações novelescas entre os personagens, é fácil entender por que a articulação funciona: o roteiro se empenha para criar um laço afetivo com o público para que ele mesmo se veja naquela história. Pode não ser algo exatamente honesto, mas funciona: você ri e você chora, eventualmente fica sem entender como algo aconteceu, e certamente não passa sem ser afetado(a) pela trama.

    Tudo isso tem uma razão, e um nome por trás que tem uma boa reputação com dramédias. Dan Fogelman (Amor a Toda Prova) é quem comanda a história, e costura com muita sabedoria a narrativa não-tradicional, não-linear, que vai e volta justamente com o intuito de mostrar as causas e consequências que determinam a maneira de pensar e de agir de cada um daqueles personagens. Também não é sutil nas insinuações, e volta e meia as reviravoltas são bastante exageradas e jogam a trama em situações das quais ela não consegue sair.

    Um destes pontos é justamente a história de Kate e Toby. Existe todo um esforço de demonstrar que Kate não é definida pelo seu peso, mas ao longo dos episódios cada uma de suas decisões gira em torno justamente disso e de seu relacionamento com Toby. Não há um momento em que Kate seja ela mesma, em que não dependa de outro personagem em cena que de certa forma influencia na sua maneira de pensar. E enquanto isto poderia muito bem simbolizar que ela é uma personagem insegura de si, é aí que está a contradição, pois o início da temporada apresenta uma Kate que vocifera suas vontades com convicção, e o que ela diz é justamente o oposto do que demonstra posteriormente.

    De todas as sub-tramas de cada um dos filhos, a mais atraente e bem-estruturada é a de Randall (Brown); especialmente "Memphis", episódio em que ele e William (Ron Cephas Jones) são o centro das atenções, é o mais balanceado e genuíno. Mas além disso, todo o arco narrativo de sua família, ancorado pela igualmente competente Susan Kelechi Watson como Beth, já dá a dica do que deverá ser a âncora da série no futuro.

    Ainda se tratando de âncora, a grande questão de This Is Us no final da temporada parece ser justamente o medo de se soltar de Jack; ele é um dos personagens que mais cativou o público, e o problema de fazer mistério em torno do que aconteceu com ele só causa problema para a própria trama. Expectativa demais nunca faz bem.

    Ao longo dos 18 episódios da primeira temporada, This Is Us se tornou um sucesso de público, e um que é justificável. É uma história fácil e ao mesmo tempo comovente; um respiro, talvez, entre tantas tragédias reais e dramas de ação. E um respiro muito bem-vindo.

     

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