"Essa família é muito unida, e também muito ouriçada", já dizia o grande Dudu Nobre.
Não, não estamos falando de A Grande Família, mas o clima de amor misturado a muitas confusões é parecido em Fear the Walking Dead. A terceira temporada está chegando, e dessa vez colocará de novo Nick (Frank Dillane) junto à família. Mas em um universo pós-apocalíptico, nem tudo poderiam ser flores, e este grupo disforme, mas corajoso, vai precisar passar por novos desafios para manter os laços intactos. É possível?
O AdoroCinema conversou com exclusividade com Kim Dickens, intérprete da matriarca Madison Clark, e a atriz revelou o que esperar dos novos personagens – entre os membros estreantes no elenco, estão Daniel Sharman (Teen Wolf) e Dayton Callie (Deadwood) –, quais as repercussões políticas da temporada e o que esperar de sua relação com Nick, Alicia (Alycia Debnam-Carey) e Travis (Cliff Curtis).
Você pode falar um pouco sobre a jornada de Madison nesta temporada?
"A última temporada deixou Madison em um lugar muito interessante. Podemos esperar ver um lado mais sombrio dela. Ela aprende as coisas muito rapidamente e agora é muito mais impiedosa. Os fins que quer atingir são puros. Ela quer manter sua família viva e reconstruir a civilização – ou pelo menos contribuir para isso. No entanto, ela percebe que pode haver alguma brutalidade envolvida nos meios para alcançar seus objetivos. A brutalidade é uma necessidade e ela aprendeu a lidar com isso."
Sempre achei que Madison se importou muito com sua família, mas que também nunca teve medo de mergulhar nesse lado mais sombrio. Como é interpretar essa nova versão da personagem?
"Quanto mais complexa e bem construída uma personagem for, mais material você terá para devorar. Então, para mim, é muito empolgante poder interpretar uma personagem tão complexa, mesmo que suas ações sejam moralmente questionáveis. Gosto disso. Não é algo do qual tenho medo. Gosto de trabalhar assim e me sinto muito grata por poder interpretar esse papel e por poder encarar esse desafio. Gosto muito disso."
Saberemos mais sobre o passado de Madison nesta temporada, especialmente a história em relação ao pai das crianças?
"Sim. Nós abordaremos isso nesta temporada. Fiquei muito feliz por isso, por poder explorar e apresentar essa história. Isso é bom."
Nesta temporada, a família se reunirá, agora com Nick e Luciana. Mas eles são pessoas diferentes agora. Nick passou por alguns problemas, Alicia também... Como Madison vai lidar com isso, com eles?
"A família será reunida logo no início da terceira temporada e isso vai deixar Madison mais aliviada. Acho que os filhos dela mudaram e seu parceiro, Travis, também. Agora ele está fundamentalmente mudado porque não conseguiu salvar seu filho. Então, nós o veremos se transformar em um herói mais primitivo, primal. Mas em relação à Madison, acho que ela é inteligente o suficiente para saber que eles são pessoas diferentes agora e ela se sentirá grata por estar junto deles, mesmo que eles sejam pessoas diferentes. E agora ela vê Nick tornando-se um homem, perdendo sua espiritualidade [...] e tornando-se mais realista. Sua filha também amadureceu, agora ela pode ajudar no apocalipse. Quando ela matou para proteger Travis, Alicia mudou para sempre. Ela conseguiu aceitar a cruel realidade em que eles estão. Ela deixou de ser o elo fraco."
No início da série, quando a família ainda estava junta, Alicia se sentia excluída porque Madison cuidava mais de Nick do que dela. Mas, na segunda temporada, a relação muda e elas ficam mais unidos. Isso mudará na terceira temporada?
"Quando Madison confessou a Alicia os reais motivos para cuidar mais de Nick, por ter medo que ele pudesse ser um perigo para si mesmo e porque Alicia sempre fora muito ajuizada, as coisas ficaram mais fáceis. Esse momento foi muito importante para elas crescerem como mãe e filha. Ela precisava deixar sua filha crescer e se tornar uma mulher e acho que Madison vê um pouco de si mesma em Alicia. Acho que veremos a evolução dessa relação na temporada."
Ator de Teen Wolf entra para a terceira temporada de Fear the Walking DeadNós temos alguns personagens novos nesta temporada, especialmente o interpretado por Dayton Callie. Você pode falar um pouco sobre estes novos personagens e sobre como é trabalhar com Dayton novamente?
"Dayton Callie interpreta Jeremiah Otto Sr. Ele é o líder de um grupo de fundadores da nação, por assim dizer, um grupo que estava se preparando para a queda da democracia nos momentos anteriores ao apocalipse. Eles estabeleceram a própria civilização. Mas eles não estavam preparados para o avanço dos zumbis. Nós acabamos encontrando o refúgio deles e somos bem recebidos. Madison não concorda com a visão deles, do que querem para a sua sociedade mas ela consegue se infiltrar no grupo deles para deixar as coisas do jeito que ela precisa que as coisas sejam. Eu e Dayton Callie temos um longo histórico juntos porque trabalhamos em Deadwood e agora estamos revisitando nossa parceria com personagens completamente diferentes. Estou sorrindo agora só de pensar na alegria que é trabalhar com ele. Nós organizamos um jantar e logo todos começaram a gostar tanto dele quanto eu. Ele é um ator formidável e é ótimo e muito divertido poder trabalhar com ele. Essa é a terceira vez que trabalhamos juntos na verdade. Nós também estivemos em Sons of Anarchy, mas só contracenamos uma vez."
Quais são as diferenças temáticas desta temporada para as outras duas?
"Sempre fico surpresa ao pensar em quão diferentes as três temporadas são entre si. Nesta temporada, nos tornamos muito mais conscientes sobre as consequências do apocalipse. Agora nós somos guerreiros. Agora nos encontramos no que era anteriormente conhecido como a fronteira entre os Estados Unidos e o México, que é um local muito importante para a nossa série. Tematicamente falando, será uma história de fronteira e de reconstrução da civilização."
Na realidade da série, as fronteiras deixaram de existir. Acho que a série se tornou mais relevante por causa do novo governo dos Estados Unidos, que a série ganhou uma importância política ainda maior. Como você acha que isso impactará a temporada?
"Acho que apesar de a terceira temporada não ser uma declaração política, é um reflexo do que se passa nos corações e mentes de nossos roteiristas. As pessoas escrevem o que sentem e o que é importante para elas. Quando você pensa no ambiente mundial do momento, acho que isso impacta a escrita da série. É como eu disse: não é uma declaração política, mas é um reflexo do acirramento da situação em que nos encontramos e das ansiedades que as pessoas estão sentindo."
Além de ter que cuidar de sua família e lidar com os zumbis e o fim da civilização, há algo que Madison deseje alcançar nesta temporada?
"Depois de seu desejo maternal de proteger sua família e do desejo primitivo de sobreviver, ela busca um lugar para começar de novo, para reconstruir a civilização. E nesta busca, ela começa a perceber a necessidade de brutalidade. Os meios para chegar ao final que deseja podem ser, às vezes, moralmente complexos. Essa é a batalha interna dela. Ela se torna muito impiedosa quando percebe que a brutalidade é uma necessidade."
Existem algumas especulações na internet que dizem que a família Clark é a base de um grupo conhecido como Os Sussurradores, presente nos quadrinhos de Robert Kirkman. O que você acha disso?
"Não ouvi nada sobre isso, preciso investigar! É novidade para mim."
Fear the Walking Dead retorna neste domingo, no canal AMC. Veja abaixo o trailer.